A franquia Assassin’s Creed é uma das mais importantes
criadas nesta geração que já está dando seus últimos suspiros. Com um enredo
espetacular, que envolve desde ficção científica até a história da humanidade,
a série sempre envolveu jogadores de todo o mundo por sua ambientação incrível
e jogabilidade única. Infelizmente, os nintendistas ficaram de fora da festa
devido às limitações técnicas do Wii, que não permitiam que um jogo de tal
calibre fosse lançado para o console. Contudo, com o lançamento do Wii U, as
coisas finalmente começaram a mudar. Título de lançamento do console,
Assassin’s Creed III marca uma revolução na série, que vinha se desgastando nos
últimos anos, e serve muito bem como uma introdução à franquia para um grupo de
jogadores que nunca teve a oportunidade de conhecê-la.
Viva a revolução!
Diferentemente de Assassin’s Creed, que se passa na época
das cruzadas e Assassin’s Creed II, Brotherhood e Revelations, que se passam na
Itália renascentista, o novo jogo da franquia viaja, mais uma vez, no tempo e
nos traz diretamente para a guerra de independência dos Estados Unidos. É
claro, no entanto, que a guerra oculta contra os templários continua, como
sempre, como plano de fundo do enredo, e mais uma vez, encarnamos Desmond
Miles, nos dias atuais, que ao utilizar a Animus − equipamento capaz de fazer
com que pessoas vivam as memórias de seus ancestrais – deve explorar um mundo e
época desconhecidos em busca de pistas e revelações que esclareçam a quase
milenar guerra entre templários e assassinos.
O jogo encerra a saga de Desmond Miles |
Durante seus tempos em uma América em plena revolução
Desmond encarna Connor Kenway, um rapaz meio índio, meio inglês que deseja
vingar sua comunidade, que foi vítima da guerra que estava acontecendo no
local. A parte interessante é que assim como ocorria em Assassin’s Creed II, em
que acompanhamos o crescimento e formação da personalidade de Ezio Auditore
(personagem italiano da vez), a Ubisoft decidiu fazer o mesmo com Connor de
forma ainda mais profunda. Com isso, envolvemo-nos não apenas nas tragédias que
cercaram o crescimento do rapaz, como também nos sentimos em sua pele, já que
acompanhamos sua vida desde sua infância.
Prepare-se para acompanhar de perto todo o sofrimento trazido por uma guerra |
Além disso, para introduzir e melhorar ainda mais a
ambientação da aventura, o jogo começa antes mesmo de Connor nascer! Para
muitos, isto pode ser um problema, pois a introdução da aventura é lenta e
linear. Contudo, se olharmos com mais cuidado, perceberemos todo o cuidado
empregado pela Ubisoft em não apenas atirar o jogador no meio do caos, mas sim
fazer com que ele entenda tudo o que estava acontecendo naquela época e viva o
processo desde o início. Isso faz com que a experiência seja absurdamente
imersiva, desde que o jogador tenha paciência para vivê-la e não espere um
título com ação desenfreada desde o início.
Assassin's Creed III é recheado de belíssimas paisagens! |
Dito isto, posso dizer que o enredo do título é espetacular
e possui alguns dos momentos mais memoráveis de toda a franquia, que já nos
presenteou com diversas cenas de fazer qualquer um prender a respiração e levar
a mão ao rosto. Como sempre, o trabalho de pesquisa da desenvolvedora foi
detalhado e o jogo é, provavelmente, a forma mais eficaz de se estudar a
revolução americana e os figurões que viveram nessa época por aquelas bandas.
Nova engine, nova jogabilidade, novos problemas
Assassin’s Creed III marca a primeira mudança de engine do
jogo desde seu lançamento, em 2007, e a estreia não faz feio. Com controles
mais fluidos, novos movimentos e finalizações mais brutais do que nunca, o
título não chega a revolucionar os controles da franquia, mas certamente marcam
uma evolução que dão uma amostra do quão longe a série poderá chegar nos
próximos lançamentos. Como sempre, o jogo é focado em momentos de parkour, os
quais se tornaram muito mais jogáveis do que anteriormente, graças às grandes
melhorias nos controles e em combates épicos que podem envolver até mais do que
dez inimigos.
Apesar de terem melhorado em muitos aspectos, como a
utilização de novas armas e uma movimentação mais leve e natural que permite
que os jogadores executem contra-ataques de forma mais prática, alguns aspectos
pioraram um pouco graças à lentidão que o jogo apresenta quando há muitos
inimigos lutando ao mesmo tempo. A situação é um pouco mais séria no Wii U,
cuja versão conta com mais momentos de lentidão do que seus irmãos em outros
consoles. Mesmo assim, não é nada que atrapalhe muito a jogatina, apesar de
exigir um pouco mais de cautela e treino do jogador.
Imensidão devastadora!
Com diversas implementações à jogabilidade, duas merecem
grande destaque: o aumento no foco de exploração e as incríveis batalhas
navais. A primeira, que mais parece uma evolução natural da franquia, é
calcada, principalmente, pela inclusão de uma área chamada Frontier. O local,
ainda desabitado e sem a presença de cidades, é um enorme playground onde
Connor pode caçar e buscar itens e segredos por lá espalhados. Explorar a área
é uma experiência incrível e faz com que o título se estenda muito, já que os
mais aficionados por colecionáveis e missões extras se verão em um local que
por si só é maior que toda a Roma de Brotherhood. Além disso, o jogo conta com
uma enorme quantidade de missões extras, personagens para serem conhecidos, e
as duas cidades visitadas no jogo (Nova York e Boston) são cheias de coisas
para se fazer o tempo todo.
As batalhas navais são o ponto alto do jogo! |
As batalhas navais são, certamente, o ponto alto de toda a
aventura. Épicas, grandiosas e muito divertidas, as grandes batalhas fazem com
que o jogador se sinta de fato no meio de uma guerra. Com dezenas de coisas
acontecendo ao mesmo tempo e o jogador se vendo com a missão de conseguir
exercer diversos papéis simultaneamente, as batalhas dão um ar de novidade sem
precedentes à franquia, de tal forma que o vindouro Assassin’s Creed IV (Multi)
será focado nos tempos de pirataria e navegações.
O grande problema de novos consoles
Assassin’s Creed III no Wii U, infelizmente, apresenta
gráficos menos detalhados do que as versões lançadas para PlayStation 3 e Xbox
360. Isso, provavelmente, dá-se pelo fato de que os desenvolvedores já têm
prática e conhecimento quanto à programação nos consoles concorrentes enquanto
ainda estão aprendendo como fazer no console da Nintendo. Além de gráficos
menos detalhados, o jogo ainda apresenta as lentidões já citadas, o que torna a
experiência no console da Nintendo um pouco inferior às outras. Contudo, o
título continua sendo lindíssimo e é apenas a ponta do iceberg do que o console
poderá nos trazer nos próximos anos. O GamePad também é utilizado
superficialmente, contando apenas com algumas informações básicas. A mais útil
delas é o mapa, já que as localidades do jogo são imensas e cheias de coisas
acontecendo ao mesmo tempo e consultá-lo é uma necessidade constante.
O uso do GamePad é bastante limitado |
Vitória nintendista
Apesar de alguns problemas, Assassin’s Creed III é um dos
melhores títulos de uma das mais bem sucedidas franquias da geração, e mesmo
com uma estreia tardia em consoles da Nintendo, o jogo pode ser visto como uma
grande vitória dos jogadores, que finalmente poderão apreciar uma das mais
incríveis séries contemporâneas dos videogames. Com Assassin’s Creed IV: Black
Flag batendo à porta, podemos esperar um jogo mais fluido, que conserte certos
defeitos encontrados na aventura de Connor. Mas enquanto isso, podemos
aproveitar para nos despedirmos desta grande revolução para o público da
Nintendo.
Prós
- Uma das melhores franquias dos últimos tempos em um console da Nintendo;
- Imenso e cheio de coisas para fazer;
- Enredo cativante e imersivo;
- Batalhas navais são épicas;
- Melhorias nos controles.
Contras
- Uso medíocre do GamePad;
- Jogo apresenta lentidão em certos momentos;
- Gráficos piores do que da concorrência;
- Alguns bugs atrapalham a jogabilidade.
Assassin’s Creed III – Wii U – Nota: 8.0
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Leonardo Correia