Duas empresas de visão
As histórias de SEGA e Nintendo são repletas de vitórias e conquistas. Se
por um lado a Nintendo se viu vitoriosa ao alcançar o mercado norte americano
após longa resistência e parcerias, a SEGA se esforçou para quebrar o domínio da Nintendo e seu NES no final dos anos 1980.
Com vocês: Opa-Opa |
Primeiro logotipo da SEGA. Bem diferente do atual, não? |
A crise dos games de 1984
Após sucessivos lançamentos de consoles e jogos desde seu início, houve uma terrível queda nas vendas desta área nos EUA. Pode ser difícil de acreditar que um setor tão futurista estivesse com os dias contados, porém, tal fato foi resultado de estratégias ruins e de propostas mal planejadas e desinteressantes para o ramo. A grande quantidade de títulos ruins, adaptações toscas de filmes, como E.T., a filosofia de não dar crédito aos desenvolvedores, marketing agressivo dos PCs, enfim, muitas coisas geraram a crise dos videogames, quando muitos chegaram até a achar que este não seria mais o futuro!
De uma coisa estamos certos, as duas empresas que foram líderes neste recomeço da indústria entraram no jogo para ganhar, e muito se viu tempos depois, como melhor competitividade e características que dominam até hoje o mundo do entretenimento eletrônico.
ET: fracasso total, ao menos nos games.
Mundo gamer nos EUA e rivalidade acirrada
A SEGA, recém-chegada no
mercado de consoles, decide lançar seu mais novo console em 1988, o Mega
Drive. Seu console 16-bits possuía maior potência, qualidade
gráfica, com planos de fundo independentes e telas de alta resolução,
sonoridade próximo aos CDs, ficando à frente do NES, mas ainda assim custava o dobro, o que não agradou muito. Porém,
ainda era muito difícil driblar a grande campeã em vendas nos EUA. Uma
curiosidade da época foi que Paul McCartney
(ex-Beetles), quando esteve no Japão desistiu de visitar o Monte Fuji
para conhecer Shigeru
Miyamoto.
Em 1991 surge o personagem Sonic no jogo Sonic the Hedgehog. A ideia de um novo
mascote visava combater o domínio da Nintendo no mercado,
já que esta estava na casa da maioria das crianças. Sonic e sua proposta
mais veloz e jovial, que misturava atitude e características de reflexo e modernidade, tendência tão em voga nos
anos 1990, mostrava os pontos fracos de
Mario e se aproveitava de seus pontos
fortes, em um jogo com a mesma finalidade: chegar ao outro lado da tela, mas coletando argolas, capturando itens em
caixas e vencendo inimigos. Também nesta época, Yuji Naka resolve ir para Los Angeles com sua equipe e trabalha ainda mais
no universo de Sonic, que ganha uma turma.
A partir daí a
briga começava de verdade. De um lado a SEGA,
tentando se estabelecer como uma vendedora
no mercado estadunidense apostava
alto em comerciais, brinquedos, revistas, quadrinhos, séries de TV, assim como
a Nintendo já fazia há um tempo. Não demorou
muito e propagandas ao estilo “Pepsi x Coca-Cola”
apareciam para puxar um público mais adolescente, para
os quais contratos com esportistas para games da EA e até com ídolos
musicais como Michael Jackson foram feitos. Houve também
uma tentativa de se impor frente à Big N tentando trazer
para si donas de marcas conhecidas que não
queriam mais viver às ordens do selo de
qualidade e exclusivismo de fabricação da Nintendo.
O jogo musical-plataforma Moonwalker até que fez certo sucesso com o público fã de Michael. |
Os comerciais não deixam mentir
Uma série de comerciais de uma empresa provocando a outra foram alvo de críticas e apostas dos fãs das duas rivais em suas casas. Vejamos algumas das propagandas que mais bombardearam as casas das crianças que viriam a optar por um dos dois sistemas predominantes na área de entretenimento eletrônico por um bom tempo.Genesis does what Nintendon't! – Este virou meme na época e alvo de bullyng contra a Nintendo, podemos dizer.
Sonic the Hedgehog commercial (SEGA Genesis) – Trata-se de marketing agressivo, onde um vendedor tenta convencer o cliente a comprar um SNES, sem sucesso.
SEGA Commercial - Sega Vs. Nintendo – A velocidade estava na moda e quem não queria se gabar um pouco disso nos anos 1990?
Segata Sanshiro Sega Saturn Commercials – Um pouco de Segata Sanshiro não faz mal a ninguém. Aliás, faz!
Exemplo de cutucada Nintendo na SEGA, anunciando os maiores heróis |
A Nintendo resolveu investir em um novo console, o SNES (Super Nintendo Enterntainment System), já que precisava de um
console 16-bit para entrar na disputa
antes que fosse tarde demais. Mas nem tudo eram flores. Os pais, em sã
inocência, não acreditavam que comprar um novo videogame
da Nintendo fosse tão interessante para quem já possuía um (o NES). Era mais gasto e mais um console da
mesma marca em casa. Contudo, a Nintendo conseguiu
driblar isso com o tempo, novamente investindo no mercado estadunidense, até
que finalmente conseguiu se estabelecer e criar um futuro
tão promissor quanto o que a SEGA estava
criando.
A queda do Dreamcast e o início da reconciliação
Após um longo tempo, a SEGA teve um certo fracasso com seu recente
lançamento de 32-bits, o SEGA Saturn, que
desanimou a Nintendo a trocar de mídia, e ajudou a Sony a quebrar a parceria que
tinha com a Big N, passando a andar com seus próprios pés. Posteriormente, chegando
na era 128-bits
e com a Sony já forte
na disputa, a SEGA viu seu império
cair com o fracasso em vendas do chamado Dreamcast. De
fato, o console 128-bits da SEGA continha o melhor
hardware da época e uma campanha de marketing que mostrava muitas revoluções, fazendo-nos sonhar (perdão o trocadilho)
com a nova geração que chegava. Mas o que
fazer com o mercado que esperava ansiosamente pelo PS2 e ainda curtia os últimos games do N64, e do PS, sem querer que o dia acabasse.
Um pouco do Sega Saturn, seus jogos e acessórios. Ser Seguista era assumir uma posição de respeito nos anos 1990. |
Eis que no ano de 2001 a SEGA decide parar de fabricar consoles e resolve
se dedicar única e exclusivamente a ser uma produtora de games. E o resultado
disso tudo veio com dois títulos de grande
prestígio da SEGA estreando em consoles da
Nintendo: Sonic
Adventure 2: Battle (GC) e Sonic Advance (GBA).
Foi aqui que tudo começou, e em grande estilo! |
O casamento e um final feliz (ao menos para a Nintendo)
Em 2001, o mascote da SEGA
finalmente aparece estampado em diversas capas de revistas de videogames, em especial dos exclusivos sobre a
Nintendo, como a brasileira Nintendo World.
Tal fato quebrou um paradigma absurdo até então: ver Sonic e Nintendo dividindo
a mesma capa (Sonic
Wings (SNES) não conta, tá!).
A partir de muitos jogos
que vieram depois, a SEGA foi dando atenção
às outras plataformas também, como o Xbox, estreante
da geração. Junto ao GC, eles representavam
uma turbinada nos consoles 128-bits e
podiam ostentar títulos mais robustos –
claro que isso era e sempre será da capacidade das desenvolvedoras em conseguir
explorar o que o hardware tem a oferecer, ser criativa, etc.
Também podemos perceber uma atenção especial por parte da SEGA em desenvolver seus títulos para os consoles
Nintendo, dando-nos a impressão de que as melhores versões ou que a maior parte
delas eram encaminhadas aos consoles da Big N.
Sonic Heroes, exemplo de perfeição ao mundo dos jogos de Sonic em 3D! Fez sucesso com os fãs da franquia. |
E que venham mais títulos com o selo S de qualidade
Pudemos ver nesta E3 que três títulos estão a caminho, com exclusividade, aos consoles Wii U e 3DS. Trata-se de Sonic and Lost World (Wii U/3DS), Mario e Sonic at the Sochi 2014 Olympic Winter Games (Wii U),
além de um jogo ainda não revelado pela
empresa. Ainda, a recente aquisição da ATLUS pela
SEGA poderá gerar bons frutos, já que esta também mantém uma relação próxima
com a Nintendo.
Sonic se prepara para mais uma grande aventura em Lost World. Dá-lhe ouriço! |
Muitos anos se passaram e temos visto que as duas gigantes
estão mais próximas do que nunca. Está certo
que elas possuem as mesmas qualidades, como
tentar agregar ao máximo games divertidos e com forte apelo dos fãs. Diante
disto, como não deixar de imaginar que elas
deveriam estar juntas desde o início?
Vamos torcer para que essa união continue rendendo boas parcerias e, lógico, jogos maravilhosos. O mundo gamer só tem a agradecer, a jogar e aproveitar muitos jogos e a
cultura proporcionada por eles. “Let’s a go”,
cause it’s a “Piece
of Cake”!
A briga teve um final feliz e tomara que este final continue rendendo bons jogos! |
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Migueis