Vamos falar sobre os vários finais de Pokémon Red, Blue e Yellow

em 24/09/2013

Pokémon Red, Blue ou Yellow foram os primeiros jogos nos quais os veteranos se aventuraram. Revisitando Kanto recentemente, percebi que o ... (por Unknown em 24/09/2013, via Nintendo Blast)

Pokémon Red, Blue ou Yellow foram os primeiros jogos nos quais os veteranos se aventuraram. Revisitando Kanto recentemente, percebi que o jogo tem vários finais. Não conclusões alternativas, mas aquele sentimento de “missão cumprida” antes mesmo do fim do jogo, e isso acontece mais de uma vez. Essa fórmula deu certo no começo e continua a ser repetida até os dias atuais. Vamos tentar entender os motivos através da experiência de aventurar-se por Kanto pela primeira vez.

Infância negligente com jogos de azar e mau trato animal


Eu tinha oito ou nove anos quando tive meu primeiro contato com os monstrinhos de bolso e tive de fazer aquela escolha entre Bulbasaur, Charmander e Squirtle. Não esperem muito, essa ocasião não teve nada mistico, épico ou emocionante: eu apenas escolhi aquele que estava mais perto, Bulbasaur. Não me recordo agora, mas talvez eu nem soubesse que poderia pegar as duas Pokéball. Apenas cliquei em uma e YES. Eu não tinha experiência suficiente para entender que meu rival, que... como posso falar isso educadamente? Meu rival que... "não foi um cavalheiro" escolheria um Pokémon que tinha vantagem contra o meu. Para mim, era só uma... lagartixa-dinossauro? E eu tinha um sapo. Com um tumor nas costas. Ou ao menos, era mais ou menos assim que eu via aquela situação. Demorei para sacar que grass-type era um dos tipos com mais fraquezas do jogo. Demorei para sacar que deixar todos meus ataques com o mesmo tipo do Pokémon não era a escolha mais sábia. Demorei pra sacar que eu poderia salvar antes de fazer uma escolha importante, desligar, e tentar de novo, até porque eu não sabia quando as escolhas importantes surgiriam, como escolher entre Omanyte e Kabuto, ou entre Hitmonlee e Hitmonchan.

Eu não vi maldade alguma em estar jogando em um cassino sendo que meu personagem tinha dez anos. Eu não vi maldade alguma em prender monstrinhos e forçá-los a lutar por mim. Tantas coisas que são bobas para nós hoje, eu nem fazia ideia naquela época. Anos depois, quando meus amigos da escola começaram a jogar Pokémon, e eu comecei a participar de torneios, foi quando eu comecei a aprender mais sobre essas coisas, conversando com outras pessoas, lendo revistas. Mas há experiências que lembro muito bem sobre a história do jogo, e esse foi o charme de Pokémon naquela época.

Pokémon tem mais que um final

Calma, não estamos falando de Chrono Trigger! Não é que Pokémon tenha finais alternativos, mas é como se ele tivesse pequenas histórias conectadas uma dentro da outra. Explicarei. Dragon Ball Z, lembram? Já assistiram? A história começa e vai até Vegeta. Vem Raditz e alguns desafios menores antes dele, mas é em Vegeta que tudo "termina". "Termina", pois nesse ponto temos a introdução de uma nova ameaça, Freeza. E depois disso, Freeza até vem para a Terra, mas Trunks vem do futuro, o derrota e apresenta uma nova ameaça: Cell. E assim a história vai seguindo como todo bom shonen. Cavaleiros do Zodíaco também segue essa linha, Naruto. Chegando no vilão final, vocês podem ver que "ele sempre esteve lá", mas não como uma ameaça direta.

Em Pokémon, eu peguei meu Bulbasaur e tive de fazer algumas coisas por Viridian, mas meu objetivo era participar da Liga Pokémon. Para isso, eu precisava conseguir a insígnia da cidade de Pewter. Quem era o líder? Que tipo de Pokémon ele usaria? Como seria esse desafio? Eu não fazia ideia de nada. Tudo está tão claro e simples para muitos hoje, que mesmo antes de terem sua primeira experiência com Pokémon, já sabiam a resposta: Brock, treinador de Pokémon do tipo pedra. Sim, mas isso por terem assistido ao anime. Lembrem que eu, naquela época, não havia assistido ao anime, não existia ainda. Assim como muitos que jogaram antes da animação existir. Nós não fazíamos ideia de como seria aquilo. Então, passamos por tudo, chegamos no Brock, derrotamos ele e... temos nossa primeira insígnia. Isso é uma conclusão de episódio, uma conclusão de história. Nosso "primeiro ato" termina aqui.

Depois disso, o acesso para a próxima rota é liberado. Nesse ponto, tive noção de que havia uma dungeon (calabouço), assim como em RPGs anteriores que eu havia jogado. Sempre que um Pokémon meu, qualquer um, ficava com menos que 50% de HP, eu voltava para o Pokémon Center. Eu não gastava dinheiro com poções, então eu voltei muitas vezes para entrada da caverna. Nesse momento nós conhecemos a tal Equipe Rocket. Um grupo criminoso que parece um bando de trombadinhas - ou seja, nenhuma ameaça real. No final, eu pude escolher entre um dos dois fósseis, legal. Entretanto, chegando em Cerulean, temos um problema com esses Rockets novamente e fica claro como eles costumam ficar por aí enchendo o saco. Nugget Bridge, batalha com rival, o encontro com Bill, e o desafio ao novo ginásio. A história poderia fechar novamente aqui, mas esse ginásio não teve uma relevância tão forte quanto o primeiro. Nem mesmo o terceiro. Foram apenas "mais um" dentre os oito que deveriam ser enfrentados. A história fechou pra mim, na verdade, no caso do St. Anne, quando podemos usar o ticket recebido do Bill.

Aquele papo de que o vilão sempre esteve lá

Esse ciclo se repete diversas vezes por nossas aventuras em Kanto. Somos apresentados a algum cenário, situação ou personagem que será nosso objetivo, mas antes temos que passar por alguma caverna repleta de treinadores. Nesse ponto, Masuda está de parabéns: diferente de tantos outros RPGs, grinding é quase que inexistente em Pokémon. Você evoluiu seus monstrinhos enquanto progride com a história. Cá entre nós, ficar em "matinhos" caçando oponentes repetidos para elevar o nível de seu personagem é muito chato e quebra completamente qualquer história. Sobre o game design, a única coisa que tenho a reclamar são os encontros aleatórios que também são chatos em qualquer jogo, mas Repel nos poupa disso.

Em certo ponto da história, eu saí de uma caverna e cheguei em uma vila chamada Lavender. Meu primeiro objetivo é procurar o ginásio, mas não encontro. Existe uma torre, entro, e não consigo lutar com aquelas coisas que surgem. Não sei ao certo se são Pokémon. Eu poderia falar que aqui foi uma falha de game design, mas eu apenas segui pelo único caminho que me sobrou: Celadon. Enquanto estou maravilhado com a maior loja do jogo, aquele prédio com os moradores, e tantas outras coisas, eu me encontrei em um cassino. E lá, vocês sabem, tem toda aquela história da Equipe Rocket. A história progride até o ponto no qual eu derroto aquele que diz ser o líder da tal organização. Mas não foi uma luta séria. Pareceu que ele estava pegando leve, subestimando meu potencial. Então, ele parte, deixando pra trás um item que seria a solução do meu problema com Lavender. Mesmo vencendo o dito líder, eu sabia que ele voltaria e traria mais problemas. Estava evidente que teria outro encontro com aquele personagem. Temos aí um backtracking para voltar a Lavender para conseguir um item que seria a solução para ter acesso a Fuchsia, a próxima cidade. Eu poderia falar, mais uma vez, que foi uma falha de game design essa enrolação de ir em uma cidade e voltar, mas eu já estava tão acostumado com isso em Resident Evil 2, que não me senti enganado. Estava bem abraçado pela história.

Teríamos mais um fim aqui, um final feliz, até o momento em que eu sei que Saffron foi invadida por Rockets! A mudança na cidade, alguns lugares que eram acessíveis não serem mais, os NPCs Rockets por lá, tudo aquilo foi muito mágico para mim. Uma organização dominar uma cidade, em outros RPGs que eu havia jogado, seria apenas "texto" e a tal invasão seria um grupo de dois ou três vilões dentro de uma casa pequena. E não foi assim em Pokémon! Era realmente uma surpresa para mim ver algo assim em um jogo de portátil naquela época.

Mais uma vez encontro o vilão, o chefe por trás de tudo, Giovanni. Ele realmente mostrou seu poder ao estar com o presidente da Silph Co. como refém. Um detalhe interessante, que muitos hoje em dia não percebem, é que o protagonista não é o único no local: você enfrenta seu rival lá dentro, e ele está tentando solucionar o problema também. Na época, a impressão que me passou foi de que a polícia não conseguia resolver a situação (tendo em vista que tudo é resolvido com Pokémon) e apenas treinadores habilidosos como eu, meu rival e talvez alguns outros, conseguimos encontrar no local justamente por termos Pokémon capazes de defender dos Pokémon dos capangas. E eu (e você) fui o primeiro a conseguir chegar na sala do presidente. Mais uma vez, temos um final, uma conclusão.

Agora sim, a Liga Pokémon


Não sei se vocês fizeram isso, mas na primeira vez que joguei, eu tentei ir para  Liga Pokémon antes de enfrentar o Brock. O NPC diz que preciso da badge para prosseguir. Após derrotar Misty eu não voltei lá, planejei voltar apenas quando tivesse as oito. Após derrotar Sabrina e Koga, é possível chegar em Cinnabar com ajuda do HM03 (Surf). Nesse ponto, eu tinha sete badges e um problema. Meu problema era... o mapa. Eu não encontrava nenhuma cidade que eu não tivesse visitado. Será que agora tinha um ginásio em Lavender? Voltei lá para verificar, sério. Fui falar com Professor Oak, ele que é o manjador de tudo e sempre dá avaliações da Pokédex, deveria me falar algo como "era uma brincadeira, são apenas sete!" ou "a oitava fica lá na Liga Pokémon, Indigo Plateau", mas não. Foi aí que soube que, aparentemente, o líder do ginásio de Viridian havia voltado. Ah, Viridian, sim! Como eu poderia esquecer? Hoje podemos ir do começo do jogo até essa parte em horas, mas naquela época eu demorei meses, eu não lembrava de que existia um ginásio "abandonado" em Viridian. Bem, então vamos lá.

O lugar que parecia um dojo e mesmo com tantos oponentes "karatekas" é o ginásio do tipo terra. E para minha surpresa o líder é... Giovanni! Mas como assim, rapaz? E a polícia não sabe disso? Pouco antes de que eu pudesse me questionar a respeito, a batalha já havia terminado e ele desaparecido. Mais uma vez, o ginásio ficou abandonado. Poderíamos pensar que a história fecha aqui mais uma vez, mas o foco agora é a Liga Pokémon. A participação de Giovanni foi tão rápida e tão insignificante, que não teve impacto suficiente para deixar aquele ar de "conclusão". Considerando também que enfrentar Giovanni, naquele momento, não foi minha meta. Após o incidente em Saffron, o foco volta a ser a Liga Pokémon.

Victory Road sempre foi uma das partes mais chatas dos jogos de Pokémon para mim, sério. Eu odeio cavernas, tenho que gastar muito Repel e sempre surgem aqueles treinadores repetidos (mesma classe) com Pokémon repetidos. Em Black & White eu senti uma diferença nisso, eles tentam não repetir os mesmos Pokémon, mas ainda me dá cansaço só de ver a entrada de uma caverna. Para piorar, em Red & Blue e até outros jogos, eu precisava usar Pokémon com HM que geralmente são aqueles que não uso em combate. Então, eu estava entrando em uma caverna para enfrentar os oponentes mais fortes do jogo naquele momento e nem poderia usar seis Pokémon para combate. Não sei se vocês compartilham dessa "fadiga" comigo, mas... é chato. Quais partes vocês acham mais chatas além dessas de cavernas? Ou vocês, pelo contrário, gostam dessas partes? Por quê?

Elite Four, a parte do jogo que em teoria é bem simples e rápida, foi muito demorada para mim. Eu salvava antes de entrar (vejam só, aprendi), lutava, e se eu perdia, eu desligava e ligava, voltando para o meu último save. Eu gastava todo meu dinheiro em Revive e Hyper Potion. Em alguns momentos, eu voltava na Victory Road para ganhar um ou dois níveis, mas nada muito além disso. Eu chegava a demorar uma semana para passar desses quatro malditos treinadores. Anos depois, lendo detonados em revistas, essa parte era resumida em quatro quadros/ilustrações/passos, o que me deixava revoltado por parecer tão simples (e é!). Por fim, temos o desafio com o rival que é uma conclusão... interessante. Tem toda aquela conversa depois sobre amar o Pokémon, ser amigo do Pokémon, e tudo que Pokémon XY está tentando tornar mais palpável e o anime tratou desde sempre com o relacionamento de Ash e seu Pikachu. A parte de Mewtwo não foi tão forte para mim, foi quase que um "bônus pos-game".

Mais escamas que um Magikarp

Vamos resumir. Pokémon Red, Blue e Yellow tem um "final" em Brock, outro no St. Anne, mais um ao invadir a base em Celadon, novamente ao resolver o problema de Saffron, e a Liga Pokémon. Claro que para vocês, de acordo com a experiência que tiveram com o jogo, pode ter outros finais ou apenas um. O que quero dizer é que o jogo teve várias camadas, fases, em que um novo objetivo foi apresentado para ser resolvido em curto ou médio prazo. E foram esses objetivos que fizeram eu chegar ao fim do jogo mesmo jogando ele por meses. E sem cansar, apesar de tantas cavernas.

Pokémon Gold, Silver e Crystal são basicamente uma segunda parte dos jogos anteriores. Mesmo que Pokémon Diamond, Pearl e Platinum se passem três anos após Pokémon Ruby, Sapphire e Emerald, a história dessas duas gerações não está tão ligada como RBY e GSC. Em DPPt, você não pode viajar para o continente de RSE e enfrentar os ginásios de lá. Você não encontra o protagonista do jogo anterior. O Elite Four não é compartilhado entre dois continentes, e você não encontra um membro que seja do jogo anterior. Pokémon Black 2 & White 2 fazem isso com maestria, assim como Gold, Silver e Crystal fizeram.

Nosso problema foi em Ruby, Sapphire, Emerald, Diamond, Platinum, Pearl. Eu sou eternamente grato por Sinnoh ter trazido Pokémon tão interessantes para o cenário competitivo como Infernape, Brozong, Heatran, Cresselia e outros. Reconheço o valor de Ruby, Sapphire e Emerald para evolução da franquia pela renovação nas mecânicas (como XY está fazendo) e até por ter trazido tantos novos treinadores para esse mundo. Ainda assim, a história dessas duas gerações, como já citei aqui, é muito fraca. Não apenas por Team Aqua e Team Magma, mas o jogo inteiro: eu não senti essas camadas, esses "finais". Se vocês sentiram, por favor, compartilhem, deve ser uma experiência bem pessoal. Aliás, Diamond, Pearl e Platinum têm uma história muito boa e interessante. Os mitos de Sinnoh, Cynthia, Cyrus, é tudo muito bem montado, talvez tenha falhado na execução. Apesar de Cyrus ser, na minha opinião, um dos vilões mais "cara de malvado" (badass) da franquia, eu não senti como se cidadãos normais soubessem da existência dele e tivessem medo. Toda a história de DPPt pareceu muito oculta, nada que gerasse pânico na população como Equipe Rocket dominando Saffron.
Como foram suas experiências com Pokémon Red, Blue, Yellow, Gold, Silver e Crystal? Claro, os remakes também valem. Até hoje sou inconformado com a Game Freak não ter deixado em Black & White que Pokémon andem fora de suas Pokéballs, como em HeartGold & SoulSilver. Qual foi a história que mais envolveu vocês e em qual parte? Em quais pontos do jogo vocês se sentiram como um habilidoso treinador Pokémon? E em tempo: qual de vocês compraram Magikarp daquele NPC perto do Mt. Moon? Eu não comprei, e me arrependi depois que conheci o Gyarados.

Curiosidade da semana


Eu falei que, diferente de outros jogos, é em GSC que temos um personagem de outra aventura como membro do Elite Four. Isso é, em partes, correto, já que eu estava comparando GSC com RSE e DPPt. Koga e Iris foram os únicos líderes de ginásio promovidos para membros do Elite Four (se bem que Iris não é exatamente E4). Há uma personagem que vale ser citada: Caitlin. Ela aparece na quarta geração (Platinum, HeartGold e SoulSilver), no Battle Frontier, o Battle Castle. Tudo bem que vocês acabam por enfrentar Darach, mas Caitlin está lá, vocês conhecem ela como uma treinadora e líder daquele local. E em Black & White temos a oportunidade de enfrentá-la novamente - agora como membro do Elite Four de Unova. Vocês podem perceber que há uma pequena diferença da Caitlin de Platinum para a de Black & White como a cor do cabelo, além da vestimenta. Nos jogos da quarta geração, Caitlin tem 14 anos, enquanto na quinta geração ela é um pouquinho mais velha e em B2W2 tem 16 anos.


Revisão: Bruno Grisci
Capa: Daniel Machado


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