Marcar um dia para encontrar donos de 3DS e realizar uma festa no StreetPass dos aparelhos já se tornou comum em todas as partes do país, mas o que acontece quando se tenta criar uma réplica da Praça Mii em pleno shopping center? Foi o que o pessoal do Nintendo 3DS Salvador e da Planet Games fez na cidade de Salvador, mais especificamente no Shopping Paseo. Naquele domingo, todos levaram seus portáteis 3D para jogar Mario Kart 7 e Kid Icarus: Uprising, curtir os novos jogos da praça Mii e ainda levar prêmios graças ao apoio da própria Gaming do Brasil. O que mais pintou lá?
Uma Praça Mii de verdade
No centro do Shopping Paseo, os organizadores do evento colocaram um cercadinho, grama sintética, uma placa de boas-vindas e muito material publicitário relacionado aos últimos lançamentos Nintendo - tudo o que uma Praça Mii tem direito. O evento também era comemoração do aniversário de dezesseis anos da Planet Games. O ambiente era agradável e realmente remetia à versão virtual da praça. Não seria estranho se o LED verde do 3DS não parasse quieto, certo? Com os quatro novos mini-games da Praça Mii lançados recentemente no eShop, muita gente aproveitou para curti-los lá, aproveitando a manada de Miis que chegavam a cada instante no 3DS. Aliado a isso, tinha muita gente disputando partidas de Magic: The Gathering e uma galera suando a camisa no Just Dance para Wii. Falando nisso, nem mesmo a turma de Star Wars resistiu ao balanço do hit da Ubisoft. Cosplayers de Obi-Wan, Darth Vader e um soldado clone - todos muito bem vestidos - deixaram os sabres de luz e metralhadoras lasers de lado para dançar ao som dos maiores sucessos da música pop.
Já até dá para ouvir a musiquinha da Praça Mii |
E um evento desses não estaria completo sem um bom campeonato de Mario Kart 7 (3DS), não é? Corredores de toda a cidade (incluindo um dos finalistas da Copa Brasileira de Mario Kart 7, o Luiz Paulo Dantas) se reuniram para disputar o pódio. Infelizmente, apenas três poderiam dizer-se campeões, e foram exatamente esses três primeiros colocados que, após vencer em várias chaves, puderam levar para casa pelúcias de personagens do Reino do Cogumelo, garrafas de esporte da Big N, cases para 3DS de Luigi's Mansion: Dark Moon (3DS) e pôsteres dos últimos lançamentos. Quem não ganhou esses incríveis prêmios por mérito no campeonato pôde competir por eles num sorteio realizado ao fim do evento.
O StreetPass Especial 2.0 também foi uma atração para a criançada, que visitava a "Praça Mii" atrás de balões com o símbolo do Mario e, de quebra, ainda conhecia um pouco mais do lado "Nintendo" da vida. Muita gente que nem era tão inteirada em videogame acaba dando uma passada lá só para tirar fotos com as estrelas de Star Wars mesmo. Seja por parte desses visitantes casuais quanto dos jovens e adultos que lá jogavam, foi um evento muito divertido.
Chega de guerras, vamos apenas dançar |
Uma papo nostálgico e atual
Tivemos a grande surpresa de encontrar, no evento, Eric Fraga. O baiano mantém um interessante canal no YouTube relacionado a todo o tipo de videogame e jogos, o CosmicEffect, além de ser o grande inventor do Super Console, uma inovadora proposta de juntar dezoito consoles em um mesmo móvel, o que permite jogar games de todas as épocas confortavelmente. Entrevistamos-no a respeito desses seus dois grandes projetos.
Nintendo Blast: Como você vê o ramo de vídeos de jogos no Brasil?
Eric Fraga: No YouTube brasileiro... Eu tenho um pequeno canal desde 2010, inclusive era uma época de início dessa explosão dos jogadores que estariam colocando seus vídeos relacionados a videogames no YouTube e que pretendiam seguir a linha de James Rolfe, o Angry Video Game Nerd. Esse americano foi quem talvez tenha feito o primeiro ou um dos primeiros vídeos que teve uma grande repercussão. Só que ele é mais cineasta do que gamer mesmo, um colecionador. Então os vídeos dele são episódicos. No Brasil, as pessoas não seguiram esses passos, elas simplesmente pegaram trechos de jogos e fizeram reviews rápidos, que em seguida migraram pra gameplay puro com alguém narrando por cima. E esse cenário é justamente para responder à pergunta.
O cenário de vídeos do YouTube é bastante rico, realmente é uma quantidade imensa. Grandes gamers criaram canais com uma imensa quantidade de assinantes e estão efetivamente vivendo da renda dos vídeos - claro que estes últimos são poucos. No entanto, seus vídeos são gameplays mais diretos, com narração praticamente reativa ao que ocorre na tela durante vinte minutos de gameplay.. Esse cenário pessoalmente não é o que eu consumo por que eu sou dessa escola, do James Rolfe, onde ele pega uma game - no caso dele, de jogos antigos, dos clássicos - e transforma num episódio festivo sobre aquele jogo com informações salpicadas, úteis, interessantes, relevantes durante um gameplay totalmente editado.
Como ele é um aspirante a cineasta - a vontade final dele é essa -, seus vídeos têm uma edição, brinca com alguns efeitos, coloca um toque de humor. É mais essa escola que eu sigo ainda que eu não tenha um humor escrachado como o dele. Inclusive na Bahia, até onde eu sei, só tem eu com um canal de mil assinantes, porém meus vídeos são episódicos. É o formato que eu mais aprecio e acho que falta à turma do YouTube brasileiro procurar esse tipo de formato para aumentar a riqueza do YouTube brasileiro de videogames. Realmente, eu acredito que está se formando naturalmente um grande público.
Naturalmente jovens de 15 a 25 anos seja o principal alvo e eles estão crescendo com uma qualidade de vídeos que destoa muito dos canais estrangeiros. Infelizmente é a verdade. Porque muitos deles seguiram essa linha e criam vídeos sobre jogos específicos com roteiro, com um tratamento que leva mais tempo.
NB: De onde veio a ideia de criar o Super Console?
Eric: O Super Console foi o seguinte: todo colecionador esbarra neste exato problema que eu tive, todos. Eu comecei a colecionar em 2004, 2005 e dois anos depois você tem uma quantidade absurda de consoles, cartuchos, e você começa a não jogá-los porque você passa mais tempo se preocupando com a coleção do que efetivamente jogando. Aí eu descobri que eu não sou esse cara, o colecionador de prateleira. Na verdade, eu estava colecionando para jogar, só que a quantidade impedia. Se eu desse na telha que queria jogar um jogo obscuro do Neo Geo, o Neo Geo precisava estar pronto para jogar. Mas não dá, é impossível você ter dezoito consoles de videogame numa mesma televisão com todos ligados e prontinhos esperando.
Daí veio a ideia do Super Console, um móvel que mantém todos os videogames dentro. Ao mesmo tempo em que eles estão protegidos - ou seja, não preciso dar manuntenção ou limpeza -, estão conectados à mesma televisão. O desafio era esse. Eu procurei em lojas físicas móveis do tipo, e simplesmente não existe. Na internet inteira, não existe ninguém que fez um móvel para colecionador de videogame. Nenhum fabricante de móveis se preocupou com esse "mercado", digamos assim. Então eu procurei um amigo que entende de elétrica para fazer um projeto todo comigo.
Ele adicionou a elétrica ao próprio móvel. No início, eu só pensei em ter um móvel físico, mas ele disse "Vamos colocar a estrutura elétrica interna e a de áudio e vídeo". E aí o projeto evoluiu e virou o tal do Super Console, no qual eu jogo qualquer um dos dezoito consoles em segundos porque eles estão conectados à TV por uma tomada só que alimenta todos. Não entra poeira, pois tem portas de vidro em cada prateleira. As portas são rentes à estrutura do móvel. O ideal para quem quiser conhecer é ver o vídeo do meu canal sobre o Super Console.
NB: Você imaginou que essa invenção teria tanta repercussão?
Eric: Então, eu não imaginei mesmo, porque eu fiz em 2007, então essa explosão foi dois anos após o início da sétima geração de videogames, que acredito ter sido a de maior sucesso. Ou seja, no momento de pico , no qual eu estava vivenciando os videogames antigos novamente, e não os atuais. Literalmente, o Super Console foi feito para me atender e estava totalmente em underground. Como era divertido, eu fiz um videozinho bobo no YouTube e, em 2010, de tanto eu responder em fóruns sobre o Super Console, eu fiz um blog. Nesse blog, o CosmicEffect, eu começo com uma página chamada "O Super Console".
Então, quando alguém me perguntar, eu dou o link da página. E realmente, não querendo me gabar nem nada, é um troço curioso e eu não tinha ideia obviamente de que teria alguma popularidade depois. Hoje eu respondo frequentemente pessoas que querem fazer os delas. Todas dizem que vão fazer, elogiam, mas, sempre sugiro que as pessoas façam seu próprio projeto e com menos consoles. Mas eu conheço um só que começou a realmente fazer algo parecido usando móveis modulares. A ideia que elas levam, em geral, é a dos chaveadores de áudio e vídeo serem conectados em série e isso resolver os dezoito consoles na mesma TV de uma maneira barata.
Existem soluções muito mais elegantes, mas esta é funcional e barata. Não fazem um móvel porque dá muito trabalho com marcenaria. Com o YouTube, a ideia ficou razoavelmente popular. Já apareceram alguns estrangeiros, e, mesmo sendo americanos, ninguém fez um móvel com elétrica integrada e que proteja os seus consoles completamente como o Super Console. Mas teve um estrangeiro em 2012 que fez um móvel modular, também com iluminação interna e ficou muito popular porque fez um vídeo, colocou no Reddit e, se você, brasileiro, colocar um vídeo lá, ele não ganha a visibilidade. Eu já coloquei o Super Console lá e até já puseram por mim, mas não ganha visibilidade. Mas um estrangeiro ganhou, e muita, foi até para o Kotaku, etc. Mas não há nenhum igual ao Super Console, até agora. Mas fico feliz com a pequena popularidade que ele tem, acho até que tem espaço para ficar mais popular.
Nintendo Blast: Como você vê o ramo de vídeos de jogos no Brasil?
Eric Fraga: No YouTube brasileiro... Eu tenho um pequeno canal desde 2010, inclusive era uma época de início dessa explosão dos jogadores que estariam colocando seus vídeos relacionados a videogames no YouTube e que pretendiam seguir a linha de James Rolfe, o Angry Video Game Nerd. Esse americano foi quem talvez tenha feito o primeiro ou um dos primeiros vídeos que teve uma grande repercussão. Só que ele é mais cineasta do que gamer mesmo, um colecionador. Então os vídeos dele são episódicos. No Brasil, as pessoas não seguiram esses passos, elas simplesmente pegaram trechos de jogos e fizeram reviews rápidos, que em seguida migraram pra gameplay puro com alguém narrando por cima. E esse cenário é justamente para responder à pergunta.
O cenário de vídeos do YouTube é bastante rico, realmente é uma quantidade imensa. Grandes gamers criaram canais com uma imensa quantidade de assinantes e estão efetivamente vivendo da renda dos vídeos - claro que estes últimos são poucos. No entanto, seus vídeos são gameplays mais diretos, com narração praticamente reativa ao que ocorre na tela durante vinte minutos de gameplay.. Esse cenário pessoalmente não é o que eu consumo por que eu sou dessa escola, do James Rolfe, onde ele pega uma game - no caso dele, de jogos antigos, dos clássicos - e transforma num episódio festivo sobre aquele jogo com informações salpicadas, úteis, interessantes, relevantes durante um gameplay totalmente editado.
Como ele é um aspirante a cineasta - a vontade final dele é essa -, seus vídeos têm uma edição, brinca com alguns efeitos, coloca um toque de humor. É mais essa escola que eu sigo ainda que eu não tenha um humor escrachado como o dele. Inclusive na Bahia, até onde eu sei, só tem eu com um canal de mil assinantes, porém meus vídeos são episódicos. É o formato que eu mais aprecio e acho que falta à turma do YouTube brasileiro procurar esse tipo de formato para aumentar a riqueza do YouTube brasileiro de videogames. Realmente, eu acredito que está se formando naturalmente um grande público.
Naturalmente jovens de 15 a 25 anos seja o principal alvo e eles estão crescendo com uma qualidade de vídeos que destoa muito dos canais estrangeiros. Infelizmente é a verdade. Porque muitos deles seguiram essa linha e criam vídeos sobre jogos específicos com roteiro, com um tratamento que leva mais tempo.
NB: De onde veio a ideia de criar o Super Console?
Eric: O Super Console foi o seguinte: todo colecionador esbarra neste exato problema que eu tive, todos. Eu comecei a colecionar em 2004, 2005 e dois anos depois você tem uma quantidade absurda de consoles, cartuchos, e você começa a não jogá-los porque você passa mais tempo se preocupando com a coleção do que efetivamente jogando. Aí eu descobri que eu não sou esse cara, o colecionador de prateleira. Na verdade, eu estava colecionando para jogar, só que a quantidade impedia. Se eu desse na telha que queria jogar um jogo obscuro do Neo Geo, o Neo Geo precisava estar pronto para jogar. Mas não dá, é impossível você ter dezoito consoles de videogame numa mesma televisão com todos ligados e prontinhos esperando.
Daí veio a ideia do Super Console, um móvel que mantém todos os videogames dentro. Ao mesmo tempo em que eles estão protegidos - ou seja, não preciso dar manuntenção ou limpeza -, estão conectados à mesma televisão. O desafio era esse. Eu procurei em lojas físicas móveis do tipo, e simplesmente não existe. Na internet inteira, não existe ninguém que fez um móvel para colecionador de videogame. Nenhum fabricante de móveis se preocupou com esse "mercado", digamos assim. Então eu procurei um amigo que entende de elétrica para fazer um projeto todo comigo.
Ele adicionou a elétrica ao próprio móvel. No início, eu só pensei em ter um móvel físico, mas ele disse "Vamos colocar a estrutura elétrica interna e a de áudio e vídeo". E aí o projeto evoluiu e virou o tal do Super Console, no qual eu jogo qualquer um dos dezoito consoles em segundos porque eles estão conectados à TV por uma tomada só que alimenta todos. Não entra poeira, pois tem portas de vidro em cada prateleira. As portas são rentes à estrutura do móvel. O ideal para quem quiser conhecer é ver o vídeo do meu canal sobre o Super Console.
NB: Você imaginou que essa invenção teria tanta repercussão?
Eric: Então, eu não imaginei mesmo, porque eu fiz em 2007, então essa explosão foi dois anos após o início da sétima geração de videogames, que acredito ter sido a de maior sucesso. Ou seja, no momento de pico , no qual eu estava vivenciando os videogames antigos novamente, e não os atuais. Literalmente, o Super Console foi feito para me atender e estava totalmente em underground. Como era divertido, eu fiz um videozinho bobo no YouTube e, em 2010, de tanto eu responder em fóruns sobre o Super Console, eu fiz um blog. Nesse blog, o CosmicEffect, eu começo com uma página chamada "O Super Console".
Então, quando alguém me perguntar, eu dou o link da página. E realmente, não querendo me gabar nem nada, é um troço curioso e eu não tinha ideia obviamente de que teria alguma popularidade depois. Hoje eu respondo frequentemente pessoas que querem fazer os delas. Todas dizem que vão fazer, elogiam, mas, sempre sugiro que as pessoas façam seu próprio projeto e com menos consoles. Mas eu conheço um só que começou a realmente fazer algo parecido usando móveis modulares. A ideia que elas levam, em geral, é a dos chaveadores de áudio e vídeo serem conectados em série e isso resolver os dezoito consoles na mesma TV de uma maneira barata.
Existem soluções muito mais elegantes, mas esta é funcional e barata. Não fazem um móvel porque dá muito trabalho com marcenaria. Com o YouTube, a ideia ficou razoavelmente popular. Já apareceram alguns estrangeiros, e, mesmo sendo americanos, ninguém fez um móvel com elétrica integrada e que proteja os seus consoles completamente como o Super Console. Mas teve um estrangeiro em 2012 que fez um móvel modular, também com iluminação interna e ficou muito popular porque fez um vídeo, colocou no Reddit e, se você, brasileiro, colocar um vídeo lá, ele não ganha a visibilidade. Eu já coloquei o Super Console lá e até já puseram por mim, mas não ganha visibilidade. Mas um estrangeiro ganhou, e muita, foi até para o Kotaku, etc. Mas não há nenhum igual ao Super Console, até agora. Mas fico feliz com a pequena popularidade que ele tem, acho até que tem espaço para ficar mais popular.
NB: Algum comentário para a nova geração?
Eric: Essa pergunta é sempre interessante porque cada geração nova de consoles é uma interação de mais ou menos os mesmo fabricantes. A Nintendo esta aí até hoje e a Atari não está mais. A Microsoft sempre esteve envolvida com jogos porque antes do Xbox ela tinha simplesmente o sistema operacional de computadores mais popular de jogos da história, que é o MS-DOS, e depois o Windows. As pessoas acham que a Microsoft entrou no ramo de jogos eletrônicos tarde, mas não. A Sony, por outro lado, é que entrou tarde. Essa é uma empresa que faz tudo, o PlayStation foi um projeto de sucesso e, como todos sabem, surgiu ali do Super Nintendo.
Mas são empresas que já estão há muito tempo no mercado e uma nova geração de videogames abre espaço para um monte de conjecturas e opiniões. Várias pessoas, sejam fanboys ou não, sejam jornalistas da área, têm opiniões contundentes sobre um fabricante de software ou fabricante de hardware de videogame. É a coisa mais pedante dizer isso. É um pouco esquizofrênico escutar essas opiniões tão contundentes sobre algo que nem a Microsoft, nem Sony, nem Nintendo, que são as players atuais, tem a menor ideia do que vai acontecer. Eles próprios (Miyamoto, Iwata da Nintendo, e Mark Zane, com seu projeto do PlayStation) não têm a menor noção de quem vai vencer. Mark Zane não sabe se o PlayStation 4 vai dar certo.
E, aquele cara do Xbox One que já saiu agora, o Matrick, não sabe se o console vai dar certo. Em cada novo console, nunca ninguém sabe se vai dar certo. Então o que que eu penso sobre uma nova geração de videogames: é exatamente a excitação de não saber o que vai acontecer, juntamente com os que estão no topo da indústria. Porque, no fim, videogame é arte.
Um jogo de videogame como Journey, por exemplo, pode mudar o rumo de um console de videogame. Um jogo de videogame acertado ou um um jogo de videogame como Shenmue, no caso da Sega com o Dreamcast, que era até então o jogo mais caro da história, é mais caro do que muitos jogos produzidos até hoje. Se não me engano, Shenmue custou 40 milhões de dólares para ser produzido. Este tipo de jogo pode destruir um console porque leva uma boa parte do dinheiro que aquela empresa tinha e ela estava confiante naquilo. Ou seja, é literalmente assim como a própria indústria. O que a indústria de videogames produz? Jogos, exatamente o que esses grandes fabricantes estão fazendo.
Eles estão jogando, e aí ninguém sabe quem vai ser vencedor. É muito bonitinho esse papo, soa muito poético, e é a pura verdade, justamente porque é a indústria do entretenimento. James Cameron não sabia se Avatar, em plena crise da indústria do cinema, ia ser simplesmente a maior renda da história do cinema. Em plena crise você tem um filme que é a maior renda da história, que bate Titanic, do próprio Cameron. Alguém acha que ele sabia? Depois de Avatar ser um sucesso tremendo, ele, os produtores e etc. vão vender bonequinho de Avatar, vão vender jogos, vão chamar uma empresa grande aí pra fazer um jogo. Ubisoft, faz aí. Tudo foi terrivelmente por água abaixo.
Mas o filme, no cinema, é um absurdo, é até uma anomalia na própria indústria do cinema. A Nintendo, por exemplo, ela esta sempre com jogos decididamente muito bem feitos, ela não sai do porto seguro dela, todo mundo sabe disso. Por isso ela se segura em cada geração muito bem, mas é sempre um muito bem que nem sempre é como ela prevê, porque a Nintendo também não sabe se vai dar certo. Até quando o porto seguro dela vai dar certo, né? Ela mesmo se pergunta, sem dúvidas.
Na hora que o Iwata vai lá fazer um Nintendo Direct, ele tem que demonstrar confiança. Na hora que Mark Zane vai falar sobre PlayStation 4, ele tem que demonstrar confiança. E por aí vai. Todo fabricante, na sua presentation, no seu keynote, tem que demonstrar toda a confiança. Mas, pra terminar, o que chamou atenção recentemente foi um artigo de capa da EDGE, uma revista respeitada: “Porque o PlayStation 4 vai vencer a próxima geração?”.
E, quando eu li esse artigo, a EDGE perdeu o meu respeito. Vai que vem alguém e lança um appkiller maravilhoso vindo de um estúdio menor, como Uncharted salvou o PlayStation 3. No início, o console estava uma coisa downhill completa e veio Uncharted pela Naughty Dog pequenininha e fez um jogo que acendeu a vela do PlayStation 3 e segurou por um tempo. A Sony achava isso antes do PlayStation 3 ir pro mercado? Não, ela tinha certeza que God of War III ia ser arrebatador, que todo mundo ia comprar PlayStation 3 por causa do God of War III. Mas não aconteceu isso, foi a Nughty Dog quem fez. Ou seja, é a mesma coisa agora. Absolutamente, 33% de chance de cada uma delas se suceder melhor no final.
Revisão: Vitor Tibério
Colaboração: José Carlos Alves
Capa: Daniel Machado