A maldição dos nomes
Algo que é fato nessa geração é que a Big N tem um problema grave no seu setor de criação para a definição de nomes de consoles. Depois de meses de constantes confusões entre Wii e Wii U – tanto com os compradores quanto com os lojistas – incluindo a necessidade de fazer propagandas explicando o que diferencia um do outro, agora tomam a decisão de lançar um aparelho cujo número vem antes do que aquele já popular no mercado. O mais irônico? O nome faz jus ao aparelho, que é “mais fraco” que o seu predecessor.De quem foi a ideia genial de usar um logo tão parecido? |
Não façam essas caras, vocês sabem que é verdade. |
Uma economia justificada
Acima temos uma tabela comparativa sobre os três aparelhos da família 3DS já lançados, evidenciando algumas coisas que eram óbvias e outras que não eram. Para começar, nota-se que as capacidades gerais do 2DS equivalem aos de seus irmãos mais velhos, rodando jogos do DS e do 3DS, mas sem o efeito 3D. As dimensões do aparelho também ficam evidentes e mostram que ele não é um trambolho tão grande quanto aparentava nas primeiras imagens. Pra ser honesto, até que é pequeno; o problema é justamente ele não dobrar. Mas tem um motivo pra isso; é um console feito para crianças.Sim, vocês não leram errado, o 2DS é um aparelho que foi projetado tendo como público-alvo o mais infantil. Talvez seja por isso que você, já possuidor de um 3DS comum ou o XL tenha reclamado tanto da abordagem desta versão econômica. Cada detalhe dele envolve trazer maior conforto para crianças que queiram adquirir o portátil da Nintendo e sem dar dores de cabeça maiores para os seus pais, começando pela remoção do efeito 3D que podia ser prejudicial aos olhos de menores de 7 anos (segundo o próprio site da Nintendo, mas há controversas).
Através de uma pesquisa de mercado, é possível notar que a maior quantidade de reclamações e pedidos de reparos para problemas com o 3DS envolvem a quebra da junção entre a parte superior e inferior do aparelho, geralmente ocasionado por quedas ou manuseio errôneo da abertura “em concha” dos portáteis. Eu mesmo já vi meu afilhado, criança, quase partindo um DS Lite ao meio quando tentava abri-lo. Pensando nisso, o 2DS é plano e reto; evita esse tipo de problema e a questão das telas fica ao cuidado dos pais de adquirir uma bolsa para carregar o console e películas para proteger o display. Bem, pensando nisso e no custo.
Caso não saibam, uma análise mais detalhada do 2DS confirmou que este possui um único display de LCD separado pela estrutura plástica do console, assim reduzindo o gasto ainda mais para a produção do aparelho. Unindo o útil ao agradável, o formato mais resistente e prensado permite uma redução de custos com as telinhas do aparelho. De forma similar damos atenção ao sistema de som do console, que é monaural (um único canal de som) quando normal, mas stereo (mais de um canal de som) quando se coloca fones de ouvido. Se o público-alvo são crianças, estas não vão dar tanta importância para a qualidade do áudio, e como um console portátil, foi feito para ser jogado em locais públicos – onde, naturalmente, não se joga com o som no máximo.
E como não dá pra fechar, tem um botão para o modo de descanso! |
Para finalizar, agrupando todas essas mudanças sutis, porém importantes, temos uma redução significativa no custo. Uma única tela, uma saída de som mais humilde, menos matéria-prima para o formato simplificado do aparelho em geral, tudo isso permite que o Nintendo 2DS chegue às lojas pela bagatela de US$ 130,00. Para fins de comparação, a versão normal do 3DS está saindo por US$ 170,00 e a versão XL por US$ 200,00. É um corte significativo em comparação aos seus irmãos, e muito mais acessível para pais que querem comprar o primeiro videogame para os filhos.
Infelizmente, parece que a maioria do público não consegue ver isso.
A revolta sem motivo
Segura essa zoeira aí Kaz! |
“É apenas uma versão inferior do 3DS! Ele tira o que torna o aparelho único!”Eu pessoalmente conheço muitas pessoas que acham este efeito dispensável e desnecessário, que só jogam o 3DS pela sua capacidade gráfica e de sua biblioteca de jogos invejável no ramo dos portáteis. De maneira similar, muitos não jogam com o som ligado, ou se o fazem, usam fones de ouvido. Com isto em conta, de que adianta pagar US$ 40,00 – ou US$ 70,00 no caso do XL – a mais por funções que nem vai usar? O investimento menor compensa mais.
“Mais uma versão do 3DS e nada de um segundo analógico! Nintendo mercenária!”Foi demonstrado há algum tempo um 3DS totalmente transparente, e ali era possível notar que não havia espaço interno para a adição do segundo analógico. Levando isso em conta, o que faz pensar que uma versão ainda mais compacta e resistente do portátil tenha espaço interno para a adição de um controle que é opcional em boa parte dos jogos do aparelho?
“Imagine só como vai ficar o Circle Pad Pro pra essa coisa! Horrendo!”Para ser honesto, eu até duvido que cheguem a lançar este periférico para o 2DS, pois seu público-alvo são os jogadores mais jovens e que não dão importância para o analógico extra. Eu mesmo que sou um jogador assíduo nunca dei muita importância para este, já que o sistema de controle de câmeras é muito bem efetuado com os gatilhos R e L, e conheço outros que dizem o mesmo (inclusive o revisor deste texto que também prefere o L e R). Mas é, se chegarem a lançar o CPP para o 2DS, vai realmente ficar estranho.
“Eu jamais trocaria o meu 3DS por essa coisa de formato estranho e mais fraca!”E pra quê você quer trocar, rapaz? O Nintendo 2DS não foi feito para pessoas que já tem um portátil da Nintendo, mas para aqueles que não tem ou que julgam certos detalhes do aparelho dispensáveis. Se você está feliz com a sua versão, por que dar atenção ao “console inferior”? A biblioteca de jogos que sairá para um, sairá para o outro. Não há o porquê de se incomodar com ele, apenas aceite-o.
“Há, ele não vai vender nada! Foi uma péssima jogada de marketing da Nintendo!”O Nintendo 2DS estará disponível no mercado por um preço menor do que seus irmãos e começará sua venda no dia do lançamento mundial de Pokémon X/Y (3DS), possivelmente o jogo mais esperado do ano para o aparelho. Recentemente houve um corte de preço no PS Vita, o concorrente portátil da Sony, o que poderia colocá-lo de volta na corrida pelo domínio do mercado de portáteis que atualmente é controlado pelo 3DS com suas quase 33 milhões de unidades vendidas. Para bater de frente contra o possível levantamento da concorrência, o que é melhor do que um console ainda mais barato e lançando no mesmo dia de um de seus mais esperados jogos?
É inevitável. |
“Ainda assim estou chocado! Eles podiam estar trabalhando em outra coisa em vez disso!”Admita, você esperava sim por um novo 3DS em breve, porque é isso que a Nintendo faz. O fluxo criativo infindável da Big N é o que faz de seus portáteis sempre instáveis, sempre inovando. A família do Nintendo DS teve seu primogênito, o DS Lite, DSi e o DSi XL. Já era de se esperar que algo assim acontecesse. Além disso, a divisão de hardware e software da gigante dos jogos trabalha paralelamente e de formas distintas, com diferentes projetos; estarem lançando isso agora não quer dizer que estejam embromando com outros projetos que podem vir pela frente.
Com isto dito, fica evidente que o Nintendo 2DS pode não ser uma necessidade do mercado, mas tampouco é irrelevante. É um console novo que vai lutar para conseguir o seu espaço e chegou em hora oportuna, já tendo seu público-alvo selecionado e devidamente atingido. A própria revolta da fanbase é o suficiente para espalhar ainda mais a notícia como um vírus, aumentando ainda mais o alcance desta grande explosão. Temos aqui um aparelho promissor, armado e preparado para detonar com a concorrência e conquistar seu próprio espaço no mercado de portáteis. O mais incrível é que todos foram pegos de surpresa quando era algo que já podíamos imaginar.
A bomba caiu, mas devíamos estar prontos para ela.
E vocês, leitores, o que acham do Nintendo 2DS? Após ler esta matéria, sua opinião mudou em algo? Tem algum argumento para colocar em pauta? Compartilhem, comentem e deixemos essa discussão ainda mais interessante!
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Hugo Henriques Pereira