Estaria o Wii U seguindo os passos do 3DS?

em 11/08/2013

O Wii U não vai bem das pernas. Diariamente, portais de notícias de todo o mundo publicam notas desanimadoras referentes ao console: se... (por Unknown em 11/08/2013, via Nintendo Blast)


O Wii U não vai bem das pernas. Diariamente, portais de notícias de todo o mundo publicam notas desanimadoras referentes ao console: sendo deixado de lado por diversas produtoras e com as vendas desabando cada vez mais, a má situação do console vem tirando o sono de nintendistas espalhados pelo globo. Mas será que isso realmente é o grande apocalipse que Michael Pachter e seus seguidores profetizam desde que a Nintendo produzia baralhos ou a gigante nipônica ainda tem diversas cartas na manga? Uma provável resposta pode ser encontrada em um passado não muito distante da empresa.

Mudança de rumos

A Nintendo sempre foi conhecida por ser uma empresa extremamente conservadora e tradicional, principalmente durante a gestão de Hiroshi Yamaushi, até o ano de 2002. Apesar de inovar com acessórios jamais imaginados e gráficos de ponta, a empresa dificilmente tentava fugir de sua tradicional cartilha: um hardware de qualidade acompanhado das principais franquias da empresa. Entretanto, tudo começou a mudar quando Satoru Iwata assumiu a presidência da empresa. Com novas ideias e a missão de trazer a Nintendo de volta ao topo após sucessivas derrotas para a Sony, o executivo decidiu adotar uma estratégia diferente, para assim reconquistar os jogadores.

GameCube: o melhor console que quase ninguém liga
Deste movimento, nasceram o Nintendo DS e o Wii, dois consoles que apresentavam conceitos jamais vistos e que se distanciavam completamente do que era apresentado pela concorrência, que se limitava a evoluir o poderio de seus consoles e manter a mesma estrutura de negócio. O resultado é bem conhecido por todos: grandes fenômenos de vendas, os DS e o Wii não só trouxeram a Nintendo de volta ao topo, como também criaram tendências completamente novas à indústria. Presenciamos uma era em que os videogames deixaram de ser uma forma de entretenimento de nicho e passaram a integrar as salas das famílias de todo o mundo.

O DS simboliza uma mudança radical na estratégia da Nintendo
Dado o fenômeno de vendas dos dois consoles, a expectativa sobre os próximos passos da Nintendo eram enormes, já que ela novamente ditava os rumos e tendências da indústria. Finalmente, em 2010, a empresa deu seus primeiros passos em seus novos produtos. O primeiro deles foi o 3DS, portátil que sucederia o reinado do DS, apresentando gráficos incríveis e a capacidade de gerar imagens tridimensionais sem a necessidade de óculos especiais. Com a promessa de uma line up incrível, o console foi extremamente bem recebido por toda a comunidade gamer, mas algo de errado aconteceu.

O Wii foi o responsável por trazer a Nintendo de volta ao topo

Lançamento difícil

Lançado em 2011 por 250 dólares, o 3DS foi considerado por muitos um console muito caro para o que oferecia. A line up de lançamento não possuía nem um terço dos títulos anunciados em 2010 e o efeito 3D causava estranheza para muitos jogadores, o que acabava minando todo o marketing criado para o console. Como se não bastasse, diversas notícias afirmavam que o efeito tridimensional poderia fazer mal para crianças menores de sete anos (o que forçou a Nintendo a colocar um aviso na capa de todos os seus jogos).

Orgulhoso, Iwata mostra o sucessor do DS pela primeira vez
Para piorar ainda mais a situação, os jogos prometidos para a janela de lançamento do console estavam sendo adiados ou cancelados e a loja virtual prometida para o lançamento do portátil não havia sido lançada, mesmo depois de um mês de seu lançamento. Com tantos problemas, a Sony aproveitou o momento para dar algumas informações quanto ao lançamento do PSVita, sucessor do PSP. Com um hardware muito mais robusto, uma line up aterradora e funcionalidades incríveis, a empresa deu o que pareceu ser o golpe de misericórdia no portátil natimorto da Big N com o anúncio do preço do aparelho, que seria o mesmo do 3DS.

Mega Man Legends 3 era umas das promessas do 3DS que nunca foram lançadas
O resultado não poderia ser diferente: as vendas do 3DS despencaram ainda mais e a onda de cancelamentos de jogos se intensificou absurdamente. Todos os dias nos deparávamos com notícias negativas do portátil, por sua falta de jogos, jogabilidade ruim graças à falta de um segundo analógico e o preço altíssimo por um produto teoricamente muito inferior a seu concorrente. Analistas catastrofistas começaram a prever o fim do reinado da empresa no ramo dos portáteis e, outros, até profetizavam que a Nintendo cedo ou tarde teria que ceder e deixar a indústria. Como eles se enganaram.

Kid Icarus Uprising sofreu inúmero adiamentos

A monstruosa recuperação

O primeiro passo para se resolver um grande problema é ter humildade para admitir sua existência. Aparentemente, no caso do 3DS, a Nintendo pegou essa máxima e levou ao pé da letra. Claramente abalado com a situação, Iwata começou a confabular formas de trazer o portátil novamente aos holofotes da indústria, e a estratégia foi pesada. Primeiramente, os serviços online do console começaram a ser lançados. O eShop chegou com força total, contando com toda a biblioteca do DSiWare e a estreia do Virtual Console em um portátil. Os constantes lançamentos faziam com que os jogadores sempre retornassem em busca de novos e excelentes títulos para sua coleção. Mas isso foi só a ponta do iceberg: para a supresa de todos, o console sofreu um corte de 30% em seu preço, algo jamais visto em toda a história da empresa. Para compensar os jogadores que haviam comprado o console antes do corte, a Big N tornou-os embaixadores e os presenteou com nada menos do que 20 títulos que incluíam Metroid, Zelda e todas as principais franquias da empresa em seus títulos para NES e GBA.

Os primeiros compradores do 3DS ganharam um presentão!
Com a queda de preço, as vendas começaram a crescer, mesmo que não da forma esperada. Isso por que a E3 ainda não havia chegado: para fechar sua estratégia com chave de ouro, a empresa anunciou uma quantidade arrasadora de títulos de altíssima qualidade para o console. Os jogos seriam lançados em um curtíssimo período de tempo com periodicidade praticamente mensal. Em menos de seis meses o console recebeu títulos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, Star Fox 64 3D, Pushmo, Metal Gear Solid 3: Snake Eater 3D, Resident Evil: The Mercenaries 3D e ainda fechou o ano de 2011 com chave de ouro com o lançamento de Super Mario 3D Land e Mario Kart 7. A avalanche de títulos não parava por aí: para 2012, o portátil contava com diversos jogos anunciados já para os primeiros meses do ano, e a frequência de lançamentos de peso vem se mantendo até hoje, dois anos depois do início do movimento. Hoje, o 3DS é um portátil com vendas excelentes e uma biblioteca de jogos invejável e capaz de agradar a qualquer tipo de jogador. O conteúdo disponível para compra no eShop também é monstruoso e toda semana títulos de qualidade são incluídos ao incrível catálogo disponível. E agora eu pergunto a vocês, caros leitores: o Wii U não parece estar seguindo passos próximos ao de seu irmão portátil?

Super Mario 3D Land é um símbolo da recuperação do portátil

Wii U: o incompreendido

Assim como o 3DS, o Wii U foi lançado sob a sombra de seu antecessor, que foi um dos mais bem-sucedidos projetos da Big N. A expectativa sobre o console era imensa, e o controle, que conta com uma tela sensível ao toque, um atrativo que empolgava jogadores de todo o mundo. O anúncio do Wii U foi barulhento e contou com a presença de grandes nomes da indústria demonstrando apoio incondicional ao console. A Nintendo, mais uma vez, parecia ter aprendido com seus erros e finalmente teria um console que contaria com um apoio massivo de third parties. Mas não foi bem o que aconteceu.

O Wii U chegou com a difícil missão de assumir o trono do Wii
Quando o console foi lançado, no final do ano passado, ele contava com diversos títulos produzidos por third parties mas, além de ZombiU, nada era novidade, já que os jogos já haviam sido lançados há algum tempo para o PlayStation 3 e Xbox 360. Além disso, Nintendo Land, o suposto carro-chefe do console, não conseguiu, nem de longe, o mesmo nível de aceitação de Wii Sports, título de lançamento do Wii que servia como tutorial do novo estilo de jogabilidade proposto pelo console. Como se não bastasse, as análises dos jogos afirmavam que os títulos eram inferiores às versões para consoles concorrentes e que  o uso do GamePad, principal atrativo do hardware, não passava de mera perfumaria que, em certos momentos, mais atrapalhava do que ajudava.

ZombiU foi a única grande novidade da line up de lançamento do console
Não demorou muito e o interesse pelo console diminuiu. A Big N, que prometera vários títulos para a janela de lançamento do console, mais uma vez não cumpriu sua promessa e adiou alguns de seus grandes trunfos por tempo indeterminado. O fracasso de vendas de títulos de third parties no lançamento do console também acarretou o abandono do apoio delas ao sucessor do Wii. A Electronic Arts foi a grande protagonista deste movimento, cancelando até mesmo o lançamento de seus jogos de esportes que, cá entre nós, costumam sair até para fornos micro-ondas. Logo, as mesmas notícias do período sombrio do 3DS começaram a surgir. Sucessivos cancelamentos de jogos, profecias de falência da Nintendo e vendas risíveis são as principais notícias atuais do console. Mas até quando?

A EA abandonou completamente o Wii U
Com uma estratégia muito parecida com a adotada no portátil, a empresa foi à E3 armada até os dentes. Com uma line up de exclusivos arrasadora, a empresa novamente anunciou uma enorme quantidade de títulos a serem lançados em um curto período de tempo com intervalo de menos de um mês entre cada grande título. Começando por Pikmin 3, lançado há menos de uma semana, o console receberá até o final do ano títulos como The Wonderful 101, The Legend of Zelda: The Wind Waker HD, Sonic: The Lost Worlds, Wii Party U, Donkey Kong Country: Tropical Freeze e finalmente Super Mario 3D World. Isso só para este ano. Para o ano que vem, promessas como Bayonetta 2, Mario Kart 8, X e Super Smash Bros. for Wii U, além de jogos em produção que ainda não foram anunciados, devem assegurar o bom ritmo de lançamentos de qualidade para o console.

Tropical Freeze é apenas um dos diversos títulos que saem ainda esse ano!

Coincidências?

Para os que ainda não notaram, a estratégia da Big N é muito parecida com a adotada no 3DS, e conta até com algumas coincidências (ou não) bizarras, como o lançamento do remake de um grande jogo da franquia Zelda e com o ano sendo fechado com o lançamento do segundo título da série 3D Land, iniciada no portátil. Além disso, a Nintendo vem intensificando a quantidade de Nintendo Directs para promover seus jogos, que têm seus lançamentos chegando cada vez mais perto.

Assim como o 3DS, o Wii U receberá um remake de um grande clássico da série Zelda!
Outro indício da repetição da situação encarada pelo 3DS são as promessas para o Wii U no ano que vem, que já são muitas e tendem a aumentar ainda mais no decorrer dos próximos meses. Até mesmo a Sony fez a sua parte para que a situação se torne ainda mais parecida, com o excelente anúncio do PlayStation 4 e sua line up arrasadora com um preço moderado. Brincadeiras à parte, a totalidade dessa situação remete bastante ao que presenciamos há dois anos.

Para fechar com chave de ouro, a sequência de Super Mario 3D Land será lançada ainda este ano no Wii U!

Futuro promissor?


Ainda é cedo para dizer que o Wii U conseguirá protagonizar a mesma reviravolta vivida pelo 3DS, mas os indícios para que isso aconteça não param de aumentar. Com os lançamentos previstos até o final deste ano, a tendência é que as vendas aumentem bastante, de maneira que as desenvolvedoras voltarão a dar a devida atenção ao console. No momento, a Nintendo deve se focar apenas em trazer experiências únicas que justifiquem a compra de seu novo produto. Conseguindo realizar o objetivo, assim como ocorreu com o 3DS, a empresa pode voltar a investir na relação com as third parties, que só voltarão quando sentirem que o console é uma aposta sólida que pode render bons frutos. E a resposta quanto ao sucesso desta estratégia só será dada daqui a alguns meses, os que provavelmente serão os mais importantes de toda a vida do novo console da Nintendo. Aguardemos...

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Daniel Machado
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