Os jogos inspirados em Star Trek não têm um pingo de diversão... |
A Ira de um jogador
Desde o primeiro segundo de jogo, fica bem claro que os programadores não faziam a menor ideia do que estavam fazendo. É tudo muito corrido e não existe sequer uma tela de seleção de opções. Há apenas uma imagem estática do grande Patrick Stewart anunciando que pesquisadores romulanos desapareceram na Zona Neutra e que a Federação enviou a nave Enterprise para descobrir o que aconteceu. Até aí, se você tem um pingo de apreço pelo universo de Star Trek, ainda é possível acreditar que o jogo pode ser bom, já que a imagem do grande capitão Picard ao som da linda música tema do seriado tem o poder de iludir os trekkers de plantão, mas logo na sequência aparece uma tela extremamente confusa.É bem claro que estou a bordo da Enterprise, mas por alguma razão eu não consigo andar ou interagir com nada. Apertando o direcional para o lado só encontro algumas opções como “briefing”, “transport room” e “communications”. Aliás, eu sempre me perguntei quem diabos eu estou controlando nessas cenas a bordo da Enterprise. Posso ver Data, Picard, Riker, Worf e toda a tripulação na ponte, então quem eu estou controlando? E pior ainda, por que nenhuma das opções na tela faz o jogo começar? Ou ele já começou e ninguém me avisou? É tudo tão confuso que já estou torcendo para que eu seja um daquelas “Camisa Vermelha”, aí quem sabe uma raça hostil me mate assim que eu desembarcar no primeiro planeta e eu me livre desse jogo de uma vez.
O jogo é tão empolgante quanto olhar para essa imagem estática por horas |
A fronteira final da chatice
Depois de navegar por infinitos menus cheios de informações burocráticas e inúteis, finalmente descubro que clicar em “Communications” era a escolha mais lógica, já que é preciso mandar uma saudação aos planetas antes de poder desembarcar neles. E é aqui que notamos que os diálogos parecem escritos por crianças de seis anos. Esqueça todas as tramas interessantíssimas do seriado, todas as alegorias políticas e metáforas sobre igualdade racial, pois o roteiro do jogo gira em torno de chatíssimas mensagens sem um pingo de criatividade que você é obrigado a ler de tempos em tempos. Elas se resumem a coisas como “Sou o Dr. Cocozinho e estou preso, venha me resgatar!”.A trama é contada assim... |
...mas é isso que eu vejo na tela. |
Na parte de “ação”, você deve selecionar quatro entre as dezenas de tripulantes da Enterprise para ir ao planeta, onde meia dúzia de inimigos e de puzzles sem graça o aguardam. Na parte de “combate espacial”, você encontra alguns dos piores gráficos já vistos no Super Nintendo. Não bastasse toda a mediocridade técnica, os controles também não ajudam, e cada ação sua parece ter um pequeno e angustiante lag. Ou seja, o jogo possui três estilos de jogo, e todos são igualmente medíocres.
Uma cena de """""ação""""" |
Droga Jim, eu sou médico, não desenvolvedor de jogos!
Com apenas três fases no total, o jogo pode ser considerado bem curto. Agora que penso nisso, talvez ele seja intencionalmente confuso a fim de mascarar a sua breve duração. A reunião da equipe de desenvolvimento deve ter sido algo como “E aí pessoal, como podemos fazer esse jogo curtinho durar mais? Hmmm... que tal tornarmos as três fases a coisa mais confusa já vista na história da humanidade?”, e assim nasceu esse pedaço de lixo chamado Star Trek the Next Generation.Mass Effect: um jogo de Star Trek feito direito |
Revisão: Catarine Aurora
Capa: Diego Migueis