Ubisoft diz que a segunda tela é o futuro dos jogos, mas Wii U está em segundo plano

em 02/07/2013

Prepare-se para tomar um banho de água fria, mas leia a matéria completa. Em entrevista ao portal GamesIndustry, o presidente da Ubisoft,... (por Lucas Palma Mistrello em 02/07/2013, via Nintendo Blast)

Prepare-se para tomar um banho de água fria, mas leia a matéria completa. Em entrevista ao portal GamesIndustry, o presidente da Ubisoft, Yves Guillemot afirmou que a experiência de uma segunda tela o convenceu de ser o futuro dos jogos. Embora essa declaração a primeira vista pareça ser um forte raio de esperança sobre os Nintendistas, não é exatamente no Wii U que ele está pensando. O foco não é tanto nas possibilidades que o console da Big N abriu, veja só o que ele entende por experiência de segunda tela:
"O que eu gosto da jogabilidade em duas telas é sua acessibilidade, o que significa diferentes tipos de pessoas podem jogar. Aqueles que não sabem como jogar com o controle, ou não gostam dele, podem usar a tela de toque. Então este é o primeiro bom elemento."
Logo de cara já é um elemento incompatível com o que a Nintendo está implantando no Wii U. A tela-de-toque não é substituição para a jogabilidade nas alavancas e botões (afinal, o GamePad mantém ambos os estilos), o sentido é de complementação. Existe para aprimorar algumas das experiências que os controles fazem, ou propiciar algumas além dos seus limites. Mas não só, acompanhe:
"O segundo elemento é dar a oportunidade de jogar fora de casa com seus amigos que estão jogando em suas casas. Digamos que eu esteja em um aeroporto, eu posso jogar com meus amigos usando meu iPad se tiver uma conexão boa. O que estamos pensando abrirá muitas possibilidades novas para a indústria e para as direções que a jogabilidade podem seguir."
O que a Ubisoft quer é isto...
Este ponto está completamente fora do escopo do Wii U, não poderia ser mais incompatível. O GamePad só pode ser utilizado em conjunto com Wii U; mesmo com o recurso off-tv, o processamento é feito pelo console. A interação que a Ubisoft está planejando está mais próxima com os processamentos secundários em nuvem, e que ampliem o tempo de jogo para além do tempo que você estará a frente do televisor ou do console, não a jogabilidade assimétrica entre as telas que a Nintendo trabalha desde o lançamento do DS. Especificamente sobre Wii U, Nicolas Rioux, gerente da filial de Quebec do estúdio diz:
"Em Assassin's Creed III, nós estávamos envolvidos com a versão do Wii U. O Wii U foi o pioneiro da conexão com a interface via tablet. Ele nos deu algumas idéias para as primeiras interações entre tablets e vídeo games. Infelizmente, enquanto o Wii U foi o começo, o atual foco da Ubisoft Quebec é em criar uma experiência completa entre Xbox One e Playstation 4 e dispositivos móveis. O estúdio não está comprometido em trazer todas essas novas experiências para o Wii U. [...] Ainda não está confirmado, mas se for possível fazer e for viável, sim, nós disponibilizaremos alguma experiência para o Wii U. Nosso foco está na nova geração dos consoles da Sony e Microsoft."
Embora citando especificamente a Ubisoft Quebec, Rioux diz que esta é uma postura que vale para toda a desenvolvedora, não apenas para a canadense.

... e, aparentemente, nem tanto isto.
Mas antes de partir para a "ignorânça" contra a desenvolvedora francesa, perceba que ela não está preterindo o Wii U por deficiência de hardware (embora provavelmente seja um problema sim) ou falta de base instalada, mas por decidir seguir por uma direção na qual a Nintendo não pretende caminhar, ao menos por enquanto. Vendo esta entrevista fica claro porque The Crew e The Division não estão programados para o Wii U.

São duas as questões. Convivência online da jogabilidade de um jogador e processamentos em nuvem para atividades secundárias em dispositivos móveis. A Nintendo, até o momento, não deu nenhuma caminhada concreta em direção a essa conectividade online que as desenvolvedoras estão trabalhando para o futuro, nem uma a segunda tela entendida como algo que ultrapasse a sala de estar. O Miiverse é fantástico como rede social, mas em relação à jogabilidade, o Wii U ainda está bem distante da convivência online que os concorrentes proporcionam.

The Legend of Zelda: Wind Waker HD promete trazer um pouco de interação online na jogatina, será o suficiente para convencer as Thirds que a Nintendo também trabalhará nesse sentido?
Não digo isso em um sentido de melhor ou pior. Este é um caminho. Pode dar tanto errado como certo. A EA tentou fazer algo nesse sentido, de jogatina com convivência online, em Sim City 5, e deu muito errado, e Xbox One voltou atrás na obrigatoriedade de conexão diária. Pode ocorrer da jogatina paralela através dos tablets e celulares ser dispensável ou não funcionar bem, como também pode ser um sucesso estrondoso. No momento, me parece que os caminhos da Ubisoft serão muito bem sucedidos.

Mas quanto a jogabilidade de um jogador e multijogador online se mesclarem, em maior ou menor grau, há poucas dúvidas referentes ao seu sucesso. A dúvida permanece se a Nintendo está perdendo o bonde dessa geração, e não, repito, não digo respeito à deficiência de hardware. O que vocês acham?

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