Nintendo não faz corte de pessoal para manter moral das equipes alta, justifica Iwata

em 07/07/2013

Continuando com a cobertura das questões levantadas na última reunião entre acionistas da Nintendo e seus chefões, uma das perguntas que... (por Lucas Palma Mistrello em 07/07/2013, via Nintendo Blast)

Continuando com a cobertura das questões levantadas na última reunião entre acionistas da Nintendo e seus chefões, uma das perguntas que mais cobraram Satoru Iwata foi em relação ao desempenho financeiro da Nintendo em 2012, onde a empresa teve prejuízo operacional de 36 bilhões de ienes (cerca de 735 milhões de reais ou 281 milhões de euros), mas ainda assim embolsou 7 bilhões de ienes (R$ 143 mi ou  54 mi) devido às flutuações constantes da moeda japonesa no mercado.

Os acionistas chegaram a conclusão que as vendas da Nintendo não estão ruins, e o problema estaria nos custos operacionais, acompanhe:
"Pergunta: Tanto as vendas do último ano fiscal e o ano anterior caíram a 600 bilhões de ienes, mas no ano 2000, foi atingido lucro com um nível similar de vendas. Vocês têm sofrido prejuízos operacionais nos últimos dois anos fiscais, mas eu acredito que vocês poderiam ter um mesmo nível de lucro como antes se os custos operacionais fossem iguais. Se custos altos são a razão, vocês não deveriam ter realizado uma reestruturação corporativa?"
Iwata iniciou explicando como a flutuação do valor o iene altera os ganhos e perdas da Nintendo. Comparando com os valores de venda de 2007, Iwata demonstrou que a o valor das transações em dólares e euros foram parecidos, mas àquela altura o iene estava muito mais desvalorizado: 1 dólar equivalia a 117,02 ienes e 1 euro a 150 ienes. Desta maneira as vendas nessas moedas de 2007, outro ano de vacas magras para Big N, renderam 582,9 bilhões de ienes

O "valor do iene" é quantos ienes um dólar ou um euro compra. 
Nos resultados do ano passado, com números similares de vendas, o iene, por sua vez, estava muito mais valorizado, o que, paradoxalmente, rendeu menos dinheiro japonês à Nintendo. Em 2012, as vendas em dólares e euros parecidas com 2007 renderam apenas 376,7 bilhões de ienes. Uma diferença de mais de 200 bilhões de ienes apenas devido ao câmbio.

Além disso, Satoru Iwata lembrou o óbvio aos acionistas: os jogos de 2000 custavam muito menos para ser fazer do que os jogos de 2012, o número de investimento precisa ser maior. São necessários maiores, mais potentes e mais caros equipamentos. Além de, claro, um maior número de pessoal envolvido. Sobre seus funcionários, ele emendou:
"Se nós reduzirmos nosso pessoal para um melhor retorno financeiro a curto prazo, por outro lado, a moral dos empregados será reduzida, e eu, sinceramente, duvido que empregados que temem serem demitidos consigam desenvolver jogos que possam impressionar as pessoas ao redor do mundo. Eu acredito que podemos nos tornar lucrativos com a atual estrutura levando em consideração as mudanças do câmbio e a popularização de nossas plataformas no futuro. Nós devemos, claro, cortar gastos desnecessários e buscar operações financeiras eficientes. Eu também lembro que alguns empregadores publicam seus planos de reestruturação para melhorar sua performance financeira através de fazer parte de seus empregados saírem da empresa, mas na Nintendo, empregados fazem contribuições valorosas e seus respectivos campos de trabalho, então eu acredito demitir um grupo de empregados não ajudará a fortalecer os negócios da Nintendo a longo prazo."
A pergunta feita pelos acionistas demonstra uma das faces mais perversas da selvageria do mundo administrativo e um dos maiores dilemas do mundo capitalista, resolve-se uma crise colocando a empresa em uma crise ainda maior. Cura-se recessão com ainda mais recessão.

Felizmente, a diretoria da Nintendo (uma empresa centenária) está sabendo se manter firme e centrada numa época de grandes dificuldades financeiras, no segundo ano seguido de prejuízo operacional. O corte de pessoal só teria a prejudicar a empresa para o futuro, com um console de mesa em início de vida. Manter equipes grandes e qualificadas apenas tem a melhorar o desempenho da Big N.

O sucesso depende, então, de como e onde a Nintendo empregará seus bons desenvolvedores.

Fonte: Nintendo


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