Jogue a Copa do Mundo em ritmo de minigame com 2010 FIFA World Cup (Wii)

em 11/07/2013

Talvez não seja o melhor momento para confessar o que direi, mas vamos lá. Quem sempre foi minha referência no futebol não foi meu pai (qu... (por Lucas Palma Mistrello em 11/07/2013, via Nintendo Blast)

Talvez não seja o melhor momento para confessar o que direi, mas vamos lá. Quem sempre foi minha referência no futebol não foi meu pai (que gostava mais de automobilismo, outra paixão que compartilhei), mas sim meu avô materno. Por causa dele, torço para o time que torço e tenho minhas convicções sobre o esporte no geral. Além disso, outra grande contribuição dele foi o fato de ser espanhol, o que me levou a torcer muito pela seleção espanhola.

Isso desde sempre, torci vigorosamente desde que me lembro por gente, vi as eliminações em copas contra a Itália em 1994, Nigéria em 1998, Coréia do Sul em 2002 - esta claramente roubada com dois gols legítimos anulados (quem se lembra dessa Copa viu o quanto ajudaram a Coréia) - e França em 2006.

Quando a Espanha se tornou campeã em 2010 foi como um sonho realizado. Achei que morreria sem ver essa cena, o que aconteceu com meu avô. Logo, disparei a recolher lembranças do torneio. Tenho camisas, álbuns, pôsteres, revistas... e claro, como não poderia faltar, o jogo. Comprei-o sem a menor hesitação, pois havia me divertido muito com a edição da Copa de 2006, para mim uma das melhores versões de FIFA de todos os tempos. Muitas opções de customização e muita fidelidade à Copa do Mundo da Alemanha. Mal sabia eu que nada disso estaria presente na versão de 2010 do Wii. Joguei cerca de duas partidas na época e o larguei na estante, onde estava até pouco tempo pegando poeira.

No clima da Copa e do Wii

Com a realização da Copa das Confederações há algumas semanas, fiquei com muita vontade de jogar um jogo de futebol. E olhei despretensiosamente para minha estante. Tinham ali opções mais seguras, mas resolvi dar uma chance a 2010 FIFA World Cup. O jogo não deveria ter sido tão ruim assim, talvez na época estivesse de má vontade, vamos lá. Realmente não era tão ruim assim, era muito pior.

Para fazer um texto justo, sabendo que muitos leitores nutrem ressalvas ao Blast from the Trash, vou primeiro destacar os pontos positivos. Uma delas é a arte dos menus do jogo: realmente bacana, além de trazer um clima legal de festa, como foi caracterizado o torneio na África do Sul. O cursor até solta confetes durante a seleção das opções!


Outra coisa importante é que, contrariando o pensamento de muitos jogadores, este não é apenas uma versão atualizada de outros FIFAs. Trata-se de um jogo completamente diferente e, principalmente, pensado exclusivamente para o Wii. Os controles por movimento (na verdade, os tradicionais movimentos de chacoalhar o Wiimote) são exigidos o tempo todo.

Em ritmo de minigame, vamos todos chacoalhar! 

Essa exigência dos movimentos do Wiimote transformam o jogo em quase um minigame de Mario Party. Pois, para chutar a gol é necessário chacoalhar o controle, o que, a princípio é legal, mas que causa um dano terrível à jogabilidade: fazer gol é por pura sorte e muito fácil.


Como você não controla a força nem a direção do chute, já que o comando é apenas o movimento, acertar a meta ou não é totalmente aleatório. Os únicos fatores que interferem e que você consegue controlar são o quão perto está do gol e se há outros jogadores na frente. Porque de resto, é loteria. Fazer (e tomar) gols é tão fácil que os jogos terminam com placares de futsal, mesmo no modo mais difícil. Em uma das partidas que joguei, fiz uma semi-final entre Espanha e Uruguai que terminou em 9x8.

Além dos chutes, os movimentos são exercidos nas cobranças de bola parada. Faltas, pênaltis e escanteios são cobrados apenas pelo chocalho a partir de balançar o Wiimote no momento certo, o que seria legal se não fosse exclusivamente pelo chocalho! É tão bizarro que você nem controla a direção aonde a bola vai. Trata-se apenas de balançar o controle e pronto! Terrível, transformando-o totalmente em um minigame, quando não deveria ser.

Um momento de disputa de bola em cobrança de escanteio, quem fizer o movimento com o Wiimote no momento certo ficam com ela. Contra o computador é completamente aleatório.
O desfecho dessas jogadas também depende de movimento. Quando a bola brilhar, o jogador deve balançar o Wiimote logo em seguida. Aquele que fizer primeiro o balanço ganha a disputa de bola no alto para os escanteios ou, no caso do goleiro, defende a cobrança de falta ou pênalti. Verdade seja dita, quando jogado em multijogador essa disputa para ver quem chocalha o controle primeiro é bem divertida e rende momentos de tensão, porém, ainda não tira o ar de minigame do jogo.

No resto, tudo de ruim e do pior

Se fosse “apenas” esse o problema, que é fatal para um jogo de esporte, este texto seria uma análise e não um Blast from the Trash, mas 2010 FIFA World Cup traz o que há de ruim e de pior em todos os outros aspectos do jogo.

Veja essa imagem de alta qualidade, que é isso, aquele arcade dos anos 90 Virtua Striker da Sega? Olhem os pés do jogador alemão a direita, movimento completamente mal feito. E as mãos? Totalmente desproporcionais!
O visual e os gráficos são preguiçosos, ridículos mesmo, ficando bem piores que os FIFAs de Game Cube: as camisas e uniformes parecerem verdadeiras armaduras nos jogadores, não têm sombreamento decente, são desproporcionais aos modelos dos personagens e compostas de texturas extremamente mal trabalhadas. E os jogadores? Manequins da C&A. Além de tudo, a recriação dos estádios é vergonhosa, extremamente genérica, lembrando vagamente as arenas sul-africanas.

Já os controles normais também são horríveis: os movimentos dos jogadores são tão duros que várias vezes achei que eram minhas alavancas que estavam quebradas. E não há um botão para lançamento, passe longo ou enfiada de bola, ainda sendo preciso estar virado para o local correto e pressionar por mais tempo o botão de passe, torcendo para que a IA do computador coloque alguém lá para receber o lançamento. Horrível!

Alguém reconheceu algum jogador da seleção alemã? Vejam o estádio! Que coisa mais preguiçosa, pode ser qualquer estádio do mundo! 
Além de tudo, como se já não bastassem os problemas, as opções de customização são risíveis. Este é o único FIFA recente que eu conheço que não dá para criar jogadores. E é extremamente burocrático jogar outras copas além da própria do jogo. É necessário escolher equipe por equipe para colocar nos grupos e depois distribui-las conforme seu gosto em um processo lento e cheio de pequenos mas irritantes loadings (até é possível colocar distribuição aleatória, mas aí é aleatória mesmo, você pode jogar uma Copa só com seleções do naipe de Zimbábue, Suriname, El Salvador, Tuvalu, Tailândia, Islândia e Taiti).

Erro Fatal

O principal problema de 2010 FIFA World Cup South Africa – além de visual, gráficos, controles, sons, customizações horríveis – é realmente  fazer com que um jogo esportivo seja decidido na sorte. Apesar da tentativa louvável de tentar adequar os controles do Wii com um visual alegre da Copa da África do Sul, como os chocalhos e os meios de controles dos momentos capitais das partidas, tudo parece ser resolvido de maneira aleatória.

Contra o computador, as disputas de bola e defesas de faltas e pênaltis são verdadeiras loterias. Mas, principalmente, se um jogo de futebol faz com que o gol (o momento máximo do esporte mundial) seja algo completamente aleatório, sem estar no controle do jogador, ele não pode ser nada mais que um fracasso.


Revisão: Jaime Ninice
Capa: Stefano Genachi
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