Não, para tudo! Hoje discutiremos sobre fairy-type e sua relevância para os jogos da franquia Pokémon

em 12/06/2013

Ontem pela manhã, eu estava no escritório. Na sala ao lado, um grupo estava assistindo o Nintendo Direct, no qual eu lembrei apenas minuto... (por Unknown em 12/06/2013, via Nintendo Blast)

Ontem pela manhã, eu estava no escritório. Na sala ao lado, um grupo estava assistindo o Nintendo Direct, no qual eu lembrei apenas minutos depois quando eles vieram comentar sobre, quase na hora do almoço. Buscando por mais informações, fucei no twitter pelo celular e uma coisa me deixou muito revoltado: fairy-type. Além do nome não ser muito agradável (certo, Dragon também está no mesmo nível de "nome inapropriado para um tipo"), adicionar um novo tipo no jogo, qualquer que seja (poderia ser som ou madeira), é muito, mas muito perigoso. Logo, a matéria que tínhamos para essa noite aqui, no Pokémon Blast, foi mudada quase que no "último minuto", apenas para discutirmos sobre essa adição que tem me incomodado tanto nas últimas horas.


E no começo, eles eram quinze


Eu comecei a jogar Pokémon em uma época que as versões Gold/Silver ainda não existiam. Com os primeiros quinze tipos, tínhamos algumas diferenças para o sistema de hoje. Por exemplo os golpes do tipo inseto (Bug) eram efetivos contra Pokémon do tipo venenoso (Poison), mas em Gold/Silver, o tipo venenoso que era efetivo em insetos, passou a causar dano neutro. Golpes do tipo gelo (Ice) causavam dano neutro em Pokémon do tipo fogo (Fire), mas passaram a causar apenas metade do dano em Gold/Silver. E os Pokémon do tipo psíquico (Psychic) eram imunes aos ataques do tipo fantasma (Ghost). Não que fizesse muita diferença, pois contávamos apenas com o Night Shade (que causa dano fixo, de acordo com o nível do alvo) naquela época, se lembro bem. Os golpes do tipo inseto eram efetivos contra psíquicos, mas o que tínhamos? O cômico Leech Life, o divertido Pin Missile, e a piada Twineedle. Esses três golpes não eram suficientes para derrubar os psiquicos da primeira geração.

Como uma solução para equilibrar o combate contra os psíquicos, a Game Freak adicionou dois novos tipos além das mudanças citadas. O tipo noturno (Dark) era imune aos psíquicos, enquanto o tipo metálico (Steel) recebia dano reduzido não apenas dos psíquicos, mas também dos noturnos. O tipo noturno, assim como os psíquicos, recebia dano dobrado de ataques do tipo inseto e isso somado ao aumento de golpes desse tipo, temos aqui uma valorização desse tipo e uma participação maior no cenário competitivo. Os dois novos tipos recebiam dano dobrado de ataques do tipo lutador, enquanto o tipo psíquico não apenas recebia metade como podia causar dano dobrado a esses Pokémon. Conseguem ver essa dança perfeita? Os tipos metálico e noturno foram adicionados para reduzir o absurdo império do tipo psíquico, ao mesmo tempo que o tipo inseto e lutador foram valorizados, mas sem nenhum desses tipos se tornam muito mais poderosos, e temos o tipo normal, que não bate efetivo contra nenhum tipo, ganhando mais destaque. Mas ainda tínhamos poucos dragões em estágio final (Kingdra e Dragonite) e fantasmas também (Gengar e Misdreavus). Os dois novos tipos não tinham seis Pokémon em estágio final. Então na terceira geração tivemos mais opções de dragões, noturnos, metálicos e fantasmas. E esse fluxo seguiu pelas seguintes gerações, sempre melhorando e tentando equilibrar o jogo.

Um ajuste sem fim


Cada geração é reconhecida pelos jogadores por um tipo que "reina" sob os outros. Em Ruby/Sapphire nós tivemos o tipo água, que graças às suas Abilities e novos representantes, eram consideravelmente significativos no campo de batalha, podemos citar como exemplo Walrein, Swampert, Milotic e Ludicolo. Na segunda geração, esse trono era dos Pokémon normais, como Miltank, Ursaring e Snorlax. Devido às atualizações de cada geração, como novos Pokémon (com novas combinações de tipos), novos ataques e Pokémon que passam a aprender ataques diferentes, essas vantagens em partes, deixam de existir. O cenário competitivo muda a cada geração e o estrago que um Miltank fazia com seu Attract na segunda geração, foi menor na terceira e irrelevante na quarta geração. Até mesmo a dupla implacável Skarmory e Blissey, que reinavam em Gold/Silver, não fazem sentido se usados em Diamond/Pearl devido a nova divisão para ataques físicos e especiais.

Com um novo tipo chegando, há a possibilidade de Pokémon antigos receberem esse tipo combinado com seu antigo tipo, como aconteceu com Magnemite que era elétrico (Electric) e recebeu o tipo metálico. Usando-o como exemplo, ele agora receberia quatro vezes mais dano de golpes do tipo terra (Ground) em vez de apenas o dobro, e receberia o dobro de dano de ataques dos tipos fogo e lutador (Fighting). Ao mesmo tempo, ele se tornou imune aos ataques do tipo veneno e ganhou resistência contra diversos tipos. Logo, um novo tipo não significa apenas "Pokémon novos com um novo tipo", mas Pokémon antigos recebendo novos tipos e novos golpes que serão aprendidos pelos antigos. E isso, meus caros, muda muita coisa. Muita mesmo.

Mais perigosos que Dracarys


Salamence foi um perigo mais relevante dentre os dragões na terceira geração do que Dragonite havia sido nos últimos anos. Dragonite foi perigoso na primeira geração, mas ainda assim Alakazam e até Hypno ganhavam mais espaço que ele. Na segunda geração, ganhando Extreme Speed em Crystal, ele se tornou bem comum em combinação com Curse, mas o medo de Ice Beam fazia os treinadores pensarem se realmente valeria a pena usá-lo. Kingdra teve uma participação relevante em Gold/Silver, mas foi em Ruby/Sapphire que realmente teve seu lugar ao sol. Altaria pode não ter sido um grande representante, mas Salamance, Kingdra, Latios, Latias e Flygon (sim, Flygon!) tiveram sua participação significativa naquela época. Os dragões ganharam mais espaço na quarta geração com os novos ataques, novos representantes como Garchomp, e a divisão entre físico e especial, pois ataques do tipo dragão eram baseados em SATK (Special Attack, valor para ataques mágicos) e Dragonite, por exemplo, tinha seu ATK (ataque físico) significativamente mais alto que seu SATK. Salamence ganhou destaque por conseguir misturar bem as duas categorias ofensivas, função que Dragonite não conseguia executar bem até então (e arrisco dizer que até hoje ele tem certa dificuldade). Na quinta geração, não é necessário dizer que eles se tornaram muito mais perigosos em combates podendo ser a chave para virada de uma partida por sua simples presença no campo de batalha.

Depois de dez anos, novamente reforços


Em um cenário semelhante aos psíquicos de Red/Blue, os Pokémon dragão tem sido o fator definitivo para vitórias em Black/White. E para equilibrar isso, desde janeiro rolam boatos na internet sobre um novo tipo que seria chamado de fada (Fairy) e seria o pesadelo dos dragões. No trailer divulgado ontem, o narrador diz claramente: teremos um 18º tipo, ele se chamará fada, e será efetivo contra dragões. Para mim, soou como um daqueles boatos falsos que tanto ouvi nos últimos meses, exatamente como qualquer um desses boatos "fada, novo tipo, combater dragões". É um fato que a comunidade dos treinadores Pokémon ao redor do mundo está morrendo de medo dos dragões e tremem ao ver um desses entrar em campo, mas em minha opinião fecal (e bem pessoal): isso é choro. Sério mesmo. É um tipo, ele está no jogo, e fim. A diferença para o tipo psíquico na primeira geração era o atributo "Special" ser unificado, garantindo assim uma vantagem monstruosa por eles terem um atributo defensivo e ofensivo no mesmo valor. E quem recebe dano efetivo de ataques do tipo dragão? Os próprios dragões! E por mais que digam "Outrage causa 120 pontos de dano, chega em 180 com a bonificação por mesmo tipo", uma Lilligant faz isso com Petal Dance.

Mas apesar de tudo, a Game Freak resolveu adicionar um novo tipo para "equilibrar o jogo", salvar os chorões dos dragões. O meu medo é que isso desequilibre o jogo. Dois modos disso acontecer: um modo, é eles fazerem um tipo imune aos dragões e para não ficar muito perigoso, colocar desvantagem muito simples nele, como receber dano dobrado de ataques do tipo normal, lutador e terra. Como muitos Pokémon aprendem golpes desse tipo, ele seria um tipo quase inútil, mesmo que tenha vantagem contra dragões. Vejam o tipo gelo como exemplo: seus ataques são efetivos contra dragões, mas sua fraqueza contra lutadores e sua pouca variedade de golpes, torna rara sua aparição em batalhas. Outro modo é eles fazerem um tipo supremo, como psíquico foi. Por exemplo, imune dragão, resistente lutador, terra, água, psíquico e causando dano efetivo contra água, dragão, psíquico, lutador. Um tipo assim seria um problema enorme em nosso cenário atual. E vocês podem pensar: mas não faz sentido existir um tipo assim! E faz sentido um tipo se chamar fada?

Por fim, hoje não teremos curiosidade da semana ou Ask Me-Owth, vamos deixar para próxima semana. Eu vou continuar no meu cantinho me remoendo e resmungando sobre a adição do novo tipo, e enquanto isso quero saber a opinião de vocês (talvez eu mude a minha!) sobre esse novo tipo e no Ask Me-Owth da próxima semana respondo as dúvidas e debatemos mais sobre isso. Até semana que vem!

Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Douglas Fernandes

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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