Mais assustador que o Monstro de Marshmallow e mais nojento que o Geleia, relembre Ghostbusters (NES)

em 05/06/2013

Existe alguém no mundo que não goste do filme Caça-Fantasmas? Como boa criança dos anos 1980, eu cresci idolatrando os doutores Venkman... (por Thomas Schulze em 05/06/2013, via Nintendo Blast)


Existe alguém no mundo que não goste do filme Caça-Fantasmas? Como boa criança dos anos 1980, eu cresci idolatrando os doutores Venkman, Stantz, Spengler e Zeddmore. Isso significa que fui possuído pelo espírito do capitalismo e me senti obrigado a comprar tudo com a marca Ghostbusters, desde lancheiras e camisetas até, claro, os péssimos jogos licenciados que a Activison lançou (pois é, parece que eles já produziam cocozinhos muito antes de Modern Warfare 3).

No Blast from the Trash dessa quarta-feira vamos relembrar uma catástrofe de proporções bíblicas. Nível velho Testamento e a ira de Deus. Fogo chovendo dos céus, rios e mares queimando, quarenta anos de escuridão, terremotos, vulcões, os mortos levantando de suas covas, sacrifícios humanos, cães e gatos vivendo juntos, histeria em massa... ou, em outras palavras, recordaremos Ghostbusters para NES.

Não tenho medo de fantasmas! (Mas sim desse jogo)


Ok, a primeira coisa você deve fazer é apertar play no vídeo acima. Pronto? Aaah, a clássica música tema dos Caça-Fantasmas... Não seria uma pena se você tivesse que ouvir essa péssima versão em midi por horas seguidas? Adivinhe só, é exatamente isso que acontece no game, já que surrealmente essa é a única trilha que você vai escutar. No jogo inteiro. Sem parar. De novo. E de novo. E de novo. E mais um pouco. E de novo. E de novo. Até seu cérebro explodir ou você defenestrar o cartucho.

Quando Ray Parker Jr. cantou que caçar fantasmas o fazia se sentir bem, provavelmente ele não estava falando sobre o jogo de nintendinho...




Se você analisar bem, fazer um jogo sobre a caça de fantasmas não é exatamente o maior desafio do mundo. É claro que eu não esperava algo tão profundo e genial quanto Luigi’s Mansion: Dark Moon já em 1988, quando Ghostbusters foi lançado para o NES, mas custava muito fazer um simples joguinho de plataforma em que você precisa enfrentar meia dúzia de fantasmas criativos? Aparentemente sim, já que a Activision preferiu lançar um game de... diabos, eu nem sei especificar qual é o gênero dessa atrocidade!

Eu amo essa cidade!

Chupa, GTA! Isso sim é um
mapa gigante!
Tudo começa no pior mapa de jogo que você verá na vida. Assumindo o controle do logotipo dos Caça-Fantasmas, o objetivo é movê-lo pela tela até que um dos prédios comece a piscar. Ou pelo menos é isso que parece que deve ser feito. É muito difícil discernir as coisas com gráficos tão precários e essa premissa bizarra. Porém a coisa mais intrigante em todo o mapa é, sem dúvidas, o prédio Zuul.

Se sua memória não estiver em dia ou se o PK meter estiver sem baterias, o grande inimigo dos Caça-Fantasmas se chama Gozer. Então não faria mais sentido dar esse nome ao lar dos inimigos? Zuul é apenas um dos cães demoníacos de Gozer, aquele que acaba possuindo a  Sigourney Weaver no filme. Dar seu nome ao prédio inimigo faz tanto sentido quando chamar de Egon o quartel general dos Caça-Fantasmas!

Há algo estranho na vizinhança, e não parece bom

Depois que você passa na loja e compra seu equipamento para caçar fantasmas começa o verdadeiro terror do jogo. Toda vez que você tenta entrar em um prédio deve passar pela mais entediante sequência de pilotagem da história dos videogames. Faça o seguinte, olhe bem para essa foto por um minuto:



Feito? Bom, isso representa a experiência de jogar Ghostbusters. Acredite quando eu falo que você vai gastar muito tempo dirigindo nesse cocozinho. E qual sua recompensa por aguentar tanto tédio? Isto:



Pois é, Caça-Fantasmas com bonés. Quem não se lembra desse tradicional uniforme nos filmes? Nas telas de captura de fantasmas você precisa mover os patéticos raios dos personagens até que os fantasmas sejam conduzidos para cima das armadilhas, arremessar um raio trator (ou melhor: um círculo mal desenhado) e torcer para que nenhum bug de programação tire os fantasmas do seu alcance. E acredite, isso acontece com grande frequência. Bacana, não?

Andar apertando o botão A ao invés
do direcional? O mascotinho aqui
da coluna aprova!
Após muito tempo capturando fantasmas você finalmente recebe um aviso de que o acesso ao prédio Zuul está liberado. E se achava que o jogo não podia ficar pior do que está, é hora de reconsiderar. Dentro do prédio Zuul, você precisa subir mais de vinte lances de escada cheias de fantasmas. Nada demais para alguém armado até os dentes com equipamento anti-fantasmas, certo? Uma pena então que você não só não pode desferir qualquer ataque, como também mal consegue se mover com o direcional. Pois é, para andar nesse cenário você precisa apertar o botão A repetidamente. Cada vez que o pressiona os personagens dão um passo. Levando-se em conta que cada andar equivale a cerca de setenta passos, e que se você levar três golpes dos fantasmas é game over, o resultado da equação é... um jogo impossível de terminar!

Se Ghostbusters deixou algum legado para o mundo foi seu infame final, motivo de chacota até hoje. Como a versão de NES era desenvolvida pela Micronics, uma companhia japonesa, muitos erros de gramática chegaram ao produto final. E quando eu digo muitos, são muitos mesmo. Apenas contemple a tela de encerramento e tente não rir:



Em tradução livre, isso seria algo como:
“Palábins !!! Você completou um grande jogo.  E provou a justiça de nossa cultura. Agora vai e descansa nossos heróis !”
Ernie Hudson: "Minha filha odeia
o jogo dos Ghostbusters!"
Quem você vai chamar? Talvez um professor? Pior do que a gramática só mesmo considerar Ghostbusters um grande jogo. Reza a lenda que esse erro não foi detectado porque ninguém conseguiu zerar o game, o que me parece muito crível.

Para fechar esse Blast from the Trash com chave de ouro, aqui vai uma citação de Ernie Hudson, eterno intérprete de Winston, o Caça-Fantasmas contratado. Podem confiar no que ele diz. Leia na foto ao lado quem deu um selo lixoso de qualidade ao game:

Revisão: Bruna Lima
Capa: Stefano Genachi
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