Mitologia nórdica e as recém-divulgadas versões Pokémon X & Y: o que podemos esperar dos novos jogos?

em 16/04/2013

Não é novidade para ninguém que a franquia Pokémon já usou como referência a geografia do mundo real, cultura, e até mesmo mitologia, pr... (por Unknown em 16/04/2013, via Nintendo Blast)



Não é novidade para ninguém que a franquia Pokémon já usou como referência a geografia do mundo real, cultura, e até mesmo mitologia, principalmente quando se fala dos monstrinhos lendários. Ainda sabemos pouco sobre os jogos da sexta geração que serão lançados no fim do ano. Não conhecemos nem mesmo dez Pokémon novos, apesar de muitos estarem empolgados. Com base nas informações que temos até agora, o que podemos esperar dos novos jogos? É o que vamos discutir e analisar hoje, na Pokémon Blast!

Três dimensões, nenhuma visível 



No dia 8 de janeiro de 2013 foi ao ar o Nintendo Direct que muitos fãs dos monstrinhos já esperavam, visto que o próprio Junichi Masuda havia citado que aquele dia seria anunciada a evolução da franquia Pokémon. Enquanto alguns esperavam um jogo de Pokémon para consoles de mesa compatível com as versões Black/White, outros esperavam um remake das versões Ruby & Sapphire, lançadas há anos para o Game Boy Advance. Justin, um professor de inglês para crianças em Seoul, ensinou seus alunos inglês de uma maneira um pouco diferente devido aquele anúncio. As crianças estavam a fazer as tarefas com base nos três Pokémon iniciais divulgados no dia anterior. Sim, ele deu essa aula no dia “9 de janeiro” pela manhã, menos de 24hrs após a divulgação das novas versões para 3DS. Então, já deu pra perceber o quanto que essa notícia empolgou treinadores Pokémon ao redor do mundo.


Naquele dia conhecemos apenas cinco monstrinhos da nova geração. E de lá pra cá, apenas nos foram apresentados mais dois, porém não sabemos quase nada sobre esses novos pokémon. Por exemplo, sabemos os tipos dos três iniciais, no entanto, não sabemos quase nada sobre os outros. Continuando com as “incógnitas”, não foi divulgado nem o nome do novo continente ou em qual parte do mundo se passará o jogo (apenas suposições por causa da aparente torre Eiffel no vídeo promocional). Não sabemos nenhum detalhe sobre a história. Ainda assim, o que podemos esperar?

Três opções, nada muito além disso


Os Pokémon que conhecemos mais até agora são os três iniciais, Chespin, Fennekin e Froakie. O que podemos deduzir com base no que tivemos nas gerações anteriores é que todos terão três estágios evolutivos, evoluindo por volta do nível 15 e novamente por volta do nível 30. Chespin é baseado em um ouriço, Fennekin é baseado em uma feneco, uma raposa-do-deserto, o que faz muito sentido para quem conota deserto ao calor. Já Froakie é claramente baseado em um sapo, e apesar de falarem que não é um monstrinho criativo, ele é o primeiro inicial aquático dessa espécie.
Quando vi tantos com medo de Fennekin ser Fire/Fighting, foi que minha ficha caiu sobre Infernape, Emboar e Blaziken serem dessa combinação, eu não havia percebido isso antes, sério. Teria alguma lógica em esperar um Fire/Ground por ser uma raposa-do-deserto, mas por sua aparência, um palpite seguro seria apostar em Fire/Psychic (como Victini) ou simplesmente Fire. A combinação com Fighting-type podemos esperar em Froakie, pois já vimos isso acontecendo com Poliwag. Ou poderíamos esperar um ouriço lutador no Chespin? Mas certamente podemos ficar tranquilos sobre Fennekin evoluir para essa combinação de tipos.

Duas lendas, diversas teorias



Além dos três iniciais, outros dois Pokémon foram divulgados, Xerneas e Yveltal. De acordo com a primeira letra do nome deles, é possível que sejam os lendários que aparecem nas capas de cada versão do game. Mas em que serão baseadas suas lendas? Já temos monstros bíblicos, divindades de outras culturas, e nem sempre os lendários tem conexão entre si, exceto quando são da mesma geração. Com a chegada de Arceus, o Pokémon criador, eu esperava mais um Pokémon conservador e um Pokémon destruidor, como a trindade do hinduísmo, mas aparentemente essa não foi a referência do Game Freak para essa nova fase da franquia. Ou talvez sim, e eles apenas não tenham criado os outros dois ainda (e creio que venham em gerações separadas). Sobre os dois novos lendários divulgados, podemos ligá-los à mitologia nórdica. Mas antes, vocês sabem o que é mitologia nórdica?

Ao ler "mitologia", muitos lembram da mitologia grega, mas vocês vivem muito mais próximos da mitologia nórdica do que podem imaginar. Os dias da semana em inglês, por exemplo, tem uma origem basicamente pagã, e quem aqui nunca assistiu Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya)? Em literatura, temos referências claras nas obras de Tolkien (The Lord of the Rings), Robert E. Howard (Conan), Tad Williams (Tailchaser's Song), Terry Pratchett (The Colour of Magic, apesar de tantas referências à Lovecraft). Em outros meios de entretenimento, temos Dungeons & Dragons para RPG de mesa e até o MMORPG que é distribuído nas terras tupiniquins pela Level Up Games, Ragnrok Online. Há muitas referências em nosso dia-a-dia (principalmente no cenário musical), mas essas são as referências mais populares..

Na mitologia nórdica há uma divisão entre duas famílias, os Aesir (que moram em "Asgard" que significa "Terra de Aesir"), e os Vanir (que moram em Vanaheim, que fica no nível mais elevado do universo). Boa parte do que lemos sobre mitologia nórdica é sobre o conflito dessas duas famílias. Aesir é a família que temos mais contato, dentre alguns membros mais populares temos Odin, Loki, Thor, Balder. Já Vanir tem uma quantidade menor e deuses menos populares, sendo que uma deusa que muitos ouvem falar é Freyja. Esses e muitos outros pontos são abordados nas publicações de escritores nacionais como Johnni Langer e Carmen Seganfredo.

Yggdrasil e os três eixos

Certo, e qual é a relação que isso tem com os novos lendários? Yggdrasil é uma árvore colossal que liga os nove mundos da cosmologia nórdica. Como no cristianismo estamos acostumados acreditar que o inferno fica abaixo e o paraíso fica acima, isso já era retratado na mitologia nórdica, onde Niflheim (reino dos mortos) fica nas raízes dessa árvore junto de outros mundos semelhantes e o mundo mais celeste fica próximo ao topo. No tronco da árvore temos Midgard (o que com o passar das eras, em nossos idiomas atuais passou a ser transformada em "Terra-média"), que é o lar dos humanos na mitologia nórdica. Nesse lugar residem alguns cervos com jóias roxa, vermelha, dourada e azul, olhando para o céu onde há uma águia cega, que apesar de ser apresentada como cega, esta pode ver a alma de todos os  seres nos nove reinos. Os chifres de Xerneas possuem joias da mesma cor que os cervos guardiões da Yggdrasil em Midgard possuem, além de ser evidentemente um cervo. Yveltal não apenas é apresentada como uma ave, mas também a tonalidade de seus olhos (percebam a diferença para os olhos de Xerneas) pode conotar cegueira.


Para quem já estudou sobre as três dimensões, sabe da importância do eixo X, Y e Z. O que faz muito sentido os novos jogos da franquia levarem o nome de X e Y para 3DS. E faz mais sentido ainda entendendo que Yggdrasil apenas pode existir em um plano tridimensional, caso contrário não teria um alicerce firme o suficiente para sua função. Então podemos esperar uma "Z version" futuramente? Pela lógica, sim, mas se tratando da Nintendo que lançou Black 2 & White 2 ou Platinum antes de HeartGold e SoulSilver (diferente do caso de Emerald, FireRed e LeafGreen), não podemos ter tanta certeza nesse padrão. Supondo que uma versão Z seja confirmada em um futuro distante, podemos esperar um Pokémon baseado no reino de Niflheim, e faria muito sentido já que o terceiro guardião sempre esteve ligado aos outros dois. Suicune (mesmo não sendo um guardião) tinha uma relação direta com Lugia e Ho-Oh. Rayquaza era o responsável por parar Groundon e Kyogre. Giratina era representante que iria contra o tempo-espaço. E Kyurem tem como função a manutenção do equilíbrio entre os outros dois dragões (além da história de seu DNA em B2W2). Ao mesmo tempo, há diversas lendas da mitologia nórdica que podem ser abordadas como trios de lendários para as novas versões. E como esses mitos tiveram origem nas redondezas da Europa, o jogo se passar em uma região baseada naquele cenário faria muito sentido.
E vocês, o que esperam de Pokémon X & Y? Quais teorias desenvolveram e quais referências conseguiram pegar sobre os novos Pokémon? Quais são suas expectativas sobre a história ou o novo continente? Ainda faltam muitos meses para o lançamento das novas versões e uma das poucas certezas que podemos ter é que Masuda estava certo sobre uma evolução da franquia e podemos ver que não são apenas gráficos e o potencial mecânico do jogo.

Revisão: Leonardo Nazareth

Capa: Daniel Machado


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