Apesar de ser responsável por jogos como o excelente
Pulseman (Mega Drive), a Game Freak é conhecida quase que unicamente pelos
jogos portáteis da série Pokémon. E não é para menos! Fenômeno mundial de
vendas e responsável pela liderança absoluta da Nintendo no ramo dos consoles
de mão, a série de RPG se renova a cada novo lançamento e mesmo assim consegue
manter toda a qualidade de seus antecessores. Contudo, o que aconteceria se a
desenvolvedora decidisse criar algo novo, sem relação com a consagrada franquia
dos monstrinhos de bolso? A resposta é HarmoKnight, jogo meio plataforma, meio
musical lançado na semana passada para o eShop do 3DS. Será que a empresa
acertou a mão ou é melhor voltar para o universo de Pikachu e seus amigos?
Descubra agora!
Perigo em Melodia
HarmoKnight se passa em Melodia, um pacato reino cercado de
natureza e permeado por elementos que remetem à música, como montanhas em forma
de violões e plantas cujas flores são pratos. Infelizmente, a paz desse lugar
começa a ser abalada quando os Noizoids, cruéis e barulhentos monstros, decidem
acabar com toda a harmonia do reino e criar um império próprio. Nesse momento
entra Tempo, um simpático e inocente garoto que é encontrado por Tappy, um
coelho falante que buscava incessantemente alguém capaz de trazer de volta a
paz para Melodia.
Apesar de muito simples e sem trazer muitas novidades, a
história é cativante graças aos personagens carismáticos e às belíssimas
animações apresentadas entre as fases, que contam um pouco mais sobre a jornada
e as motivações dos personagens. Falando
em personagens, se não fosse pela parte musical, eles seriam facilmente as
grandes estrelas do título. Cada uma das pessoas ou animais encontrados pelo
caminho possui suas próprias motivações, trejeitos e estilos, sendo todos
extremamente únicos e cativantes. Durante sua jornada, Tempo encontra outras
pessoas que desejam salvar Melodia das garras dos Noizoids, de forma que o
garoto não é o único personagem controlado na aventura. Mesmo com a
jogabilidade de todos sendo muito parecida, há pequenas diferenças que tornam
única a experiência com cada um deles. Tempo, por exemplo, pode desferir
ataques com seu “cajado” e saltar, enquanto que Lyra, a primeira pessoa
encontrada, pode atirar flechas de fogo e desviar dos projéteis dos inimigos, de
maneira que todas as suas fases possuem uma dinâmica diferente das vivenciadas
pelo protagonista.
Jornada musical
O jogo é dividido em fases que, por sua vez, são divididas
em mundos temáticos como montanhas, campos etc. O mapa é bastante influenciado
pelos criados na era 16-bit para jogos de plataforma, principalmente pelo
icônico Super Mario World, o que por si só já é excelente, já que traz um
sentimento de nostalgia em conjunto com todas as novidades criadas pelas mentes
da Game Freak. São sete mundos que,
juntos, contabilizam mais de cinquenta fases, além de alguns níveis extras com
temas de Pokémon, que vão deixar os fãs encantados com o esmero da produtora ao
desenvolvê-los.
O game possui vários personagens controláveis |
Durante os estágios, os personagens se movimentam
automaticamente, deixando o jogador responsável apenas por utilizar as
habilidades de cada um deles. A música da fase dita o ritmo em que essas
habilidades devem ser usadas, de maneira que o sucesso depende apenas da
capacidade dos jogadores em absorver e acompanhar o ritmo das composições
apertando os comandos certos com um timing
perfeito. Na maior parte do tempo o sistema funciona perfeitamente, contudo, há
certos momentos em que a janela para se obter sucesso no movimento não parece
estar completamente em sintonia com as músicas, causando certa frustração nos
jogadores. Vale ressaltar que isso acontece muito raramente, não atrapalhando
completamente a experiência do título.
Certamente um destaque do jogo, as batalhas contra chefes
são extremamente divertidas e bem construídas, sendo completamente roteirizadas
e cinematográficas. Não pense que apenas os mocinhos são carismáticos nesse
jogo, pois os vilões são tão adoráveis quanto, chegando a dar dó ter que
derrotar alguns deles. Mais uma vez é notável o empenho da desenvolvedora em
criar uma experiência rica e divertida.
Música para seus ouvidos
A trilha sonora do jogo, como não poderia deixar de ser – já
que se trata de um jogo musical –, é excelente. Cada mundo possui um estilo
diferente de composição, sendo todas elas empolgantes e deliciosamente
cativantes. Por várias vezes, flagrei-me retornando a alguns dos estágios
apenas para conseguir pontuações maiores enquanto aproveitava as músicas que
compunham sua trilha sonora, e que meu personagem ajudava a construir com seus
movimentos milimetricamente calculados. Os efeitos sonoros também são bastante
divertidos, principalmente os sons emitidos pelos personagens, que acaba por
torná-los ainda mais adoráveis.
Os estágios que homenageiam Pokémon são incríveis! |
Graficamente o jogo é muito belo, e as fases possuem
diversos detalhes que ficam ainda mais evidentes com o efeito 3D ligado.
Contudo, o ponto alto nesse quesito são as já mencionadas cutscenes. Vibrantes,
divertidas e bem dirigidas, elas arrancarão sorrisos de qualquer jogador que
estiver no clima da aventura e contribuirão ainda mais para a imersão da
experiência, que é facilmente a mais longa e divertida lançada para o eShop até
agora.
Adeus, zona de conforto
HarmoKnight prova que as desenvolvedoras devem se arriscar
mais para criar novas e incríveis experiências. A GameFreak ficou tanto tempo
presa a Pokémon (e na verdade ainda está), que esquecemos que lá há muita gente
talentosa capaz de criar experiências inovadoras que saiam completamente de seu
estilo convencional. Afinal, quem não se lembra do quão aclamadas foram as primeiras
versões dos jogos dos monstrinhos de bolso e quanta inovação elas trouxeram à
indústria? É admirável uma empresa que, mesmo tendo encontrado sua mina de
ouro, se arrisca a novos horizontes e apesar de tal risco, o resultado pode ser
surpreendente!
Prós
- Extremamente carismático;
- Jogabilidade empolgante;
- Trilha sonora cativante;
- Animações incríveis;
- Pacote cheio de conteúdo.
Contras
- Às vezes não fica clara a janela de tempo para se pressionar os botões.
HarmoKnight – Nintendo 3DS – Nota: 8.5
Revisão: Bruno Nominato
Capa: Diego Migueis