Blast from the Trash: Batman Forever (SNES)

em 20/03/2013

Tenho uma charada para você, fiel leitor do Blast! O que é o que é? Sou um dos piores jogos da extensa biblioteca do Super Nintendo. Sou u... (por Thomas Schulze em 20/03/2013, via Nintendo Blast)

Tenho uma charada para você, fiel leitor do Blast! O que é o que é? Sou um dos piores jogos da extensa biblioteca do Super Nintendo. Sou uma adaptação de um filme igualmente sofrível que praticamente acabou com a dignidade de um dos maiores super-heróis das histórias em quadrinhos. Fui desenvolvido pela Acclaim, lançado em 1995 e conto com alguns dos piores controles já vistos na história dos jogos eletrônicos. Quem sou eu? Acertou quem respondeu Batman Forever, a bomba que iremos relembrar nesse Blast from the Trash!

Santa mediocridade!

Mais respeitoso que o jogo
e filme Batman Forever.
Em suas muitas décadas de combate ao crime, o Homem-Morcego teve que enfrentar uma enorme quantidade de inimigos mortais como Coringa, Pinguim, Bane, Espantalho, Silêncio, Hera venenosa, apenas para citar alguns. Mas nenhum deles conseguiu afetar tanto o Batman e destruir sua dignidade como o diretor Joel Schumacher. Os famosos filmes de Burton e Nolan podem até possuir algumas falhas sérias mas, no geral, divertem e criaram toda uma nova geração de fãs para o morcegão. Já o pútrido filme Batman Forever, de Joel Schumacher, não satisfeito em ser medíocre em todos os sentidos, conseguiu inspirar um jogo ainda pior, um sofrível beat ‘em up com pitadas de plataforma e de jogos de luta, absolutamente terrível em cada gênero que tenta incorporar.

Pã nã nã nã nã nã nã nã nã nãããã...

Santo Fatality!

A agilidade do pançudo, um misto
de Adam West e William Shatner.
O jogo foi desenvolvido em cima do mesmo motor gráfico da série Mortal Kombat, o que poderia ser considerado um belo mérito até, uma vez que os personagens ficaram visualmente bem interessantes e eram capazes até de impressionar um jogador mais desatento na época. Tudo bem que era possível perceber que os atores utilizados na captura de imagens não eram os mesmos do filme e que o Robin tinha uma barriguinha digna de Adam West, mas quem se importa? Parado, o jogo conseguia deixar uma boa impressão. Mas só parado mesmo, pois em movimento tudo se revela uma desgraça.

O maior problema é que, quando você encostava nos controles, descobria que os gráficos não eram a única inspiração que a equipe de desenvolvimento tirou da série Mortal Kombat. Eu gostaria muito que alguém me explicasse o porquê de ter que teclar no joystick algo similar a um fatality toda vez que quero desferir golpes. Aliás, alguns golpes parecem até clonados da franquia de luta da Midway. Por exemplo, Batman conta com um gancho poderoso desferido apertando para baixo e o botão de soco ao mesmo tempo, um golpe que, se executado corretamente, manda o inimigo para o ar. Santa originalidade, Batman!

Batman com a clássica pose de bêbado valente querendo comprar briga no bar.


Completando essa mecânica de combate muito bacana, antes de cada nível você pode escolher duas bat-engenhocas e colocar no seu cinto de utilidades para auxiliá-lo no combate ao crime, mas isso acaba sendo irrelevante já que todas as armas são terrivelmente ineficazes. Não sei se tudo isso soava como uma boa ideia no papel, mas eu posso garantir que a cada combate travado no jogo você vai desejar que Scorpion aparecesse e arrastasse esse cartucho com ele para o inferno.

Santa dificuldade!

Normalmente me considero um bom jogador. Por que não, me considero até mesmo um viciado em jogos eletrônicos. Zerei todos os Contras e Mega Mans, e após muito treino na juventude passei até mesmo da infame terceira fase de Battletoads. A maior parte dos momentos desafiadores dos videogames pouco representaram para mim além de algumas divertidas horas de treino, tentativa e erro. Mas se tem algo que o Thomas Schulze do passado não conseguia fazer nem com todo o esforço do mundo era passar da primeira fase de Batman Forever.

Acredite, Batman, eu senti mais dor que você quando jogava esse lixo lixoso.


Na verdade, a segunda tela do jogo já apresentava um desafio sem precedentes na história dos videogames. Não por contar com algum inimigo particularmente desafiador, ou uma sequência de memorização de padrões de obstáculos. Apenas uma pequena e simples sala com dois capangas e nada mais. Depois de derrotá-los, não importa se você anda para a esquerda ou para a direita, você vai ficar preso nessa tela até perceber que existem buracos praticamente invisíveis ao olho humano no teto. Só que obviamente esse não é o desafio verdadeiro aqui. O tormento real é saber como subir neles. Num videogame normal você iria simplesmente pular, ou dar um pulo duplo, e fim do problema. Aqui, nada parece funcionar. Mesmo lendo o manual do jogo não há qualquer indicação ou dica do que fazer, mas pelo menos a leitura me fez descobrir que Batman e Robin podem atirar um gancho a partir de seu cinto.

Batman desejando que fosse um
jogo do Homem-Aranha.
Num jogo de videogame normal você apertaria para cima mais o botão de tiro, ou talvez o botão R ou L, ou qualquer coisa simples e intuitiva assim, e os personagens atirariam um gancho para cima. Em Batman Forever você precisa apertar Select e para cima. Sério, select! Que tipo de jogo usa o botão select como um botão de ação? Ainda mais combinado com outro botão. Para piorar, o tiro do gancho ainda é disparado numa diagonal, exigindo total precisão para que o personagem suba para o próximo andar.Se essa fosse uma situação isolada no jogo, até daria para relevar em alguma medida, mas surrealmente é preciso utilizar o gancho centenas de vezes ao longo da aventura. Não que eu tenha visto isso, já que nunca passei da terceira fase, mas imagino que existam muitos e muitos outros usos do gancho pela frente, tamanha a inspiração da equipe de desenvolvimento.

Santa insanidade

Antes das lutas Batman dá um soco
no ar homenageando Pelé!
O game desafia a lógica e o senso comum de um modo enlouquecedor, sendo muitas vezes mais insano que o próprio Coringa. Prepare-se para enigmas sem pé nem cabeça, como explodir um cofre em um andar e isso magicamente destrancar uma porta em um andar inferior, por exemplo. Sem falar nos detentos de Arkham que possuem habilidades super-humanas de domínio sobre a eletricidade sem qualquer explicação lógica. Batman Forever é o típico jogo extremamente tosco e sem nexo que parece finalizado às pressas para capitalizar em cima do filme, mesmo tendo muito pouco em comum com ele na trama.

Como uma bela cereja nesse bolo lixoso de videogame, o jogo ainda conta um uma tela de Loading entre os cenários. Tudo bem que são apenas alguns segundos mas, diabos, isso é o Super Nintendo, não um Wii! Cartuchos, como todos sabemos, podem ser mais limitados que os CDs e DVDs em muitos aspectos, mas felizmente não precisam de muito tempo para transferir seus dados. Mas Batman Forever, essa maravilha da tecnologia, consegue executar a proeza de inserir loadings num cartucho. É ou não é uma enorme façanha técnica?

Eternamente podre.
O mais peculiar nisso tudo é que o game é tão ruim que você provavelmente vai se divertir mais olhando a tela de carregamento do que jogando. Não que ela tenha qualquer elemento particularmente empolgante, é só que você vai agradecer aos céus por cada segundo em que não estiver jogando. No fim das contas, Batman Eternamente é um título muito adequado para o game, já que ele viverá para sempre em nossas memórias como o pior uso da marca Batman em todos os tempos.

Revisão: Alan Murilo
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