1 é pouco, 2 é bom e 60 ainda não é o bastante!
O ZX Spectrum foi a plataforma preferida da Ashby |
Foto do time da Ultimate Play the Game, estúdio que viria a se chamar "Rare" |
Slalom, o primeiro jogo desenvolvido pela Rare |
gameplay simples e uma temática de jogo que não chamou muita atenção, estavam canções muito bem trabalhadas. Após o lançamento de Slalom tanto para NES quanto para fliperamas, a política interna da Rare mudou.
A filosofia adotada foi a seguinte: quanto mais jogos criar, melhor. E, nessa brincadeira, a desenvolvedora colocou 60 jogos no mercado, dentre os quais estão obras para NES e adaptações de outros títulos para GB. É claro que a maioria é de qualidade duvidosa, destacando-se apenas alguns poucos como Wizards & Warriors e R.C Pro-Am. Embora a equipe da Rare tenha adquirido bastante experiência em gêneros distintos dos games, a estratégia acabou por banalizar demais as produções da empresa. Esse ritmo de desenvolvimento só foi freado com lançamento de um novo console: o sucessor do NES, carinhosamente chamado de Super Nintendo.
A filosofia adotada foi a seguinte: quanto mais jogos criar, melhor. E, nessa brincadeira, a desenvolvedora colocou 60 jogos no mercado, dentre os quais estão obras para NES e adaptações de outros títulos para GB. É claro que a maioria é de qualidade duvidosa, destacando-se apenas alguns poucos como Wizards & Warriors e R.C Pro-Am. Embora a equipe da Rare tenha adquirido bastante experiência em gêneros distintos dos games, a estratégia acabou por banalizar demais as produções da empresa. Esse ritmo de desenvolvimento só foi freado com lançamento de um novo console: o sucessor do NES, carinhosamente chamado de Super Nintendo.
Merchandising até dizer chega!
Uma das características mais conhecidas da Rare é seu talento (e cara-de-pau) para propagandear seus próprios jogos e marcas da Nintendo. E não são imagens escondidas como as ilustrações de Zelda: Skyward Sword (Wii) em Ocarina of Time 3D (3DS), mas sim exageradamente esbanjadas nos cenários de seus jogos. Quem se lembra do logotipo do N64 caminhando na introdução de Banjo-Kazooie?
De Zé Ninguém a melhor amiga
Embora tenha se concentrado claramente nas plataformas Nintendo, a produção de softwares da Rare não era exclusiva da Big N – não é a toa que chegou a produzir para outros consoles, como Mega Drive e Sega Game Gear. O que destacava a Rare na indústria, até aquele momento, era a série Battletoads, única franquia relevante em suas mãos. Por conta disso, a Rare não só adaptou o primeiro Battletoads para quantas plataformas pôde, como também trouxe várias sequências em apenas um ano. O resultado de tanto investimento em jogos e mais jogos assegurou capital o suficiente para que a Rare comprasse os estúdios da Silicon Graphics, tornando-se um dos maiores expoentes entre as desenvolvedoras do mundo no critério tecnológico.Fazer de um gorila desses um herói. Tarefa difícil, não? |
Essas últimas conquistas da Rare impressionaram os chefões da Nintendo, que compraram quase metade da empresa. A mudança na desenvolvedora não veio apenas no nome (que foi de “Rare” a “Rareware”) e na criação da famosa logomarca dourada, mas também na importância que a empresa assumiu na Nintendo: subsidiária – agora sim tinha exclusividade da Nintendo. Mesmo posto hoje ocupado pela Retro Studios e Intelligent Systems, por exemplo. E, como primeira tarefa, a Rare recebeu os direitos para a criação de um jogo de Donkey Kong – que, aliás, foram pedidos pelos próprios sócios, os Stampers.
O macacão foi o vilão e emprestou seu nome para o jogo que salvou a Nintendo do fracasso, logo, dar ao gorila o posto de herói e presenteá-lo com um game que fizesse jus à sua importância para a Big N não poderia ser encarado como missão mais difícil. E adivinha? Os frutos de tamanho investimento em tecnologia e o ganho de experiência foram douradas bananas. Donkey Kong Country abusou de visuais pseudo-3D, de um gameplay divertido e da primeira trilha sonora a fazer a Rare ser conhecida por suas canções. As 9 milhões de cópias vendidas do primeiro Country logo se multiplicaram em 30 milhões com os lançamentos de suas duas sequências, Diddy Kong’s Quest e Dixie Kong’s Double Trouble!, e com os spin-offs Donkey Kong Land lançados para Game Boy.
Sorriam para a foto da família! |
Um dos mais violentos games da Nintendo, Killer Instinct é lembrado por suas finalizações, que eram tão criativas quanto as de Mortal Kombat. Mas a glória dos visuais pseudo-3D não durou para sempre, justamente por que surgiram os gráficos realmente tridimensionais com o lançamento do Nintendo 64. Killer Instinct Gold foi lançado para o novo console da Nintendo, mas não era o único trunfo da Rare. O primeiro novo investimento da empresa no N64 foi Blast Corps, um game de carros bem mais destrutivo e adulto do que o que os fãs da Nintendo estavam acostumados a ver em Mario Kart. Mas Blast Corps era o aperitivo se comparado ao prato principal que a Rare serviria ao N64.
Junta todo mundo pra foto!
As capas dos jogos da Rare têm a tendência de mostrar praticamente todo o elenco de heróis e vilões. Mais parece que a empresa simplesmente queria fazer o jogador experimentar uma demo do game simplesmente olhando para a caixa. Atualmente, esta já não é a tendência da Rare.
De terno e gravata, mas com um pássaro na mochila
A Rare tinha recebido da Nintendo os direitos para a criação de um game baseado no filme 007 Contra Golden Eye (1995) e precisamos lembrar da cilada que é um jogo inspirado em uma obra dos cinemas. O que a Rare fez, no entanto, foi quebrar um dos maiores paradigmas dos videogames: jogos inspirados em filmes são necessariamente ruins. 007 GoldenEye foi lançado para N64 e, embora se diferenciasse muito do filme de origem, foi um dos primeiros shooters em primeira pessoa a ser lançado para um console, mostrando que consoles de mesa podiam reproduzir (e até superar) a experiência de tiro vivida em computadores. A produção de GoldenEye tomou muito espaço nos estúdios da Rare, forçando a empresa a reduzir sua produção de games em prol do desenvolvimento do jogo protagonizado pelo agente secreto mais famoso dos cinemas.Olhe para a mão direita de Bond e note como ela parece uma extensão de sua boca |
Melhores amigos |
É sério que essa legião de vilões não deu conta de... um urso e um passarinho? |
Com Donkey Kong 64, Cranky Kong mostrou que não é bom apenas no NES |
Musas sensuais e palavrãos a torto e a direito
A recepção razoável a Donkey Kong 64 refletiu-se também em Jet Force Gemini (N64), jogo de ação e tiro em terceira pessoa da Rare que tem seus méritos, mas está longe do patamar de grandeza de suas obras anteriores. Os problemas enfrentados em Jet Force Gemini, no que dizem respeito à sua jogabilidade, foram suficientes para fazer a Nintendo posteriormente desistir de um Metroid tridimenisional em terceira pessoa, investindo apenas em um FPS (vulgo Metroid Prime, para GC). Mas se o problema era programar um game de tiro em terceira pessoa, então que voltem ao FPS. Perfect Dark (N64) foi a mais nova aposta da Rare, considerado o sucessor espiritual de 007 GoldenEye.Embora não tenha tido o sucesso comercial da aventura de James Bond, o gameplay muito bem feito, um multiplayer divertido, uma temática interessante e o uso de uma baita musa como protagonista asseguraram uma guinada positiva da imagem da Rare. Mas chegou uma hora em que a empresa já havia extraído tudo o que podia extrair do N64. O último título da empresa lançado para o aparelho 64-bits da Nintendo foi Conquer’s Bad Fur Day, que começou como um antigo projeto para 64 DD chamado Twelve Tales: Conker 64. Embora seguisse os modelos de Banjo-Kazooie, Conquer teve destaque por sua temática adulta.
"Vem comigo, eu sou só um esquilo fofinho" |
E a resposta é um infeliz "um"! Mas o que levaria uma desenvolvedora tão memorável e importante para a Nintendo abandonar a empresa do Mario num momento em que as suas vendas de hardware não iam lá muito boas? Isso é assunto para a Parte 2 de nossa coluna. Até a semana que vem!
Revisão: Lucas Oliveira