Pokémon Blast: Mitologia Pokémon, Parte 3 - As trindades e o equilíbrio natural

em 24/01/2013

Continuando a matéria sobre mitologia Pokémon, chegamos em nossa penúltima parte. Na semana passada aprendemos sobre Mew, Jirachi e Unown... (por Unknown em 24/01/2013, via Nintendo Blast)

Continuando a matéria sobre mitologia Pokémon, chegamos em nossa penúltima parte. Na semana passada aprendemos sobre Mew, Jirachi e Unowns. Dessa vez teremos um pouco mais sobre Mew para introduzir no tema de hoje. Como falamos sobre muitos monstrinhos hoje, pode parecer resumido ou muito breve, mas futuramente podemos abordá-los com mais detalhes. A oposição entre o deus do vento e deus do raio, sonhos e pesadelos, céu e mar, foram alguns dos temas abordados hoje. Espero que curtam a jornada e possamos desfrutar juntos dessa aventura.

Um "novo" mundo de aventuras



Mais uma vez, antes de irmos direto ao tema, vamos tomar nota de alguns pontos importantes para imersão no contexto de hoje. Não é segredo para ninguém que as regiões dos games de Pokémon são baseadas em regiões reais, certo? Em caso de dúvidas, podemos abordar isso futuramente em matérias sobre os continentes. Quem já jogou games de gerações diferentes já deve ter percebido como os Pokémon que surgem no início da jornada sempre são diferentes entre gerações (apesar de dificilmente fugir do padrão Normal/Flying e outro Normal, desde Pidgey e Rattata) (acho que dar o exemplo de Pidgey e Ratata ajudaria). Isso é facilmente explicado quando percebemos que há animais que não habitam todo o planeta. Seja por clima, seja por limitações de migração, seja por diversos outros motivos. Esse continentes tem sua própria "fauna", crenças e cultura, assim como no mundo real. Da mesma forma que não podemos criar um Husky siberiano no nordeste do Brasil (apesar de algumas almas "especiais" teimarem), é natural não encontrar um Beartic em Kanto.

Vocês lembram do Dr. Fuji? Dr. Fuji é o fundador do laboratório Pokémon em Cinnabar. Nas versões Red/Blue e FireRed/LeafGreen podemos encontrar algumas anotações dele. Na anotação do dia 5 de julho, ele diz que um novo Pokémon foi descoberto no coração da selva de Guiana. Guiana fica na América do Sul, próximo ao nosso Brasil. Na anotação do dia 10 de julho, ele diz que nomeou o Pokémon recentemente descoberto de Mew. A história contada sobre Hoenn em Pokémon Ruby/Sapphire se passa ao mesmo tempo que a história de Red/Blue (tanto que temos um remake, FireRed/LeafGreen), da mesma forma que a história contada em Gold/Silver se passa ao mesmo tempo que a história de Diamond/Pearl (e temos HeartGold/SoulSilver). Em Emerald, temos a oportunidade de ir para "Faraway Island" e ao consultarmos o mapa temos como resposta "Unknown Area". É evidente que Farway Island (além do nome indicar claramente) fica distante de Hoenn que geograficamente é baseada em regiões do Japão. Sendo Farway Island a Guiana (ou Guyanan) citada por Dr. Fuji em suas anotações, temos como confirmação mais uma de suas anotações, dessa vez encontrada na própria Guiana, dizendo que Mew poderia ser visto apenas por alguém de puro coração. Apesar do nome de Dr. Fuji não poder ser lido na versão americana do game, o primeiro carácter pode ser visto claramente na versão japonesa. 


Cientes disso, está explicada a razão de Mew não estar na Kanto Dex? Apesar de podermos capturá-lo, ele não é necessário para Professor Oak reconhecer que completamos a Kanto Dex e recebermos o diploma. Mew foi descoberto em uma região muito distante de Kanto, estando cientes de que Kanto também é baseado em uma região do Japão. Mew estaria mais perto de Unova do que Hoenn ou Kanto. PokéDex, inicialmente, tem o registro dos Pokémon naturais daquela região. Então, não há motivos para apavorar com "Como assim mais 100 Pokémon foram descobertos? Não existe internet no mundo deles?" - Até porque, o upgrade, National Dex, contém registro de Pokémon de todos os games atuais. E a humanidade não conhece todos os animais do mundo, certo? Vide zona abissal.

Cenário cultural

Da mesma forma que funciona com os animais, também funciona como certa sociedade interpreta as divindades. Hinduísmo, cristianismo, budismo, já falamos um pouco sobre eles na primeira parte. Não deve haver dúvidas de que diferentes sociedades, diferentes países e continentes podem ter diferentes crenças sobre seus deuses ou até mesmo ter deuses diferentes. Em diversos países (não todos) há uma liberdade religiosa em que as pessoas podem acreditar em qual deus desejarem. Isso não torna crenças mundialmente aceitas, e muitos países podem não conhecer nada sobre o contexto religioso de outra cultura.


Assim sendo, podemos notar que a cultura sobre Arceus ser o criador do universo é muito forte em Sinnoh, mas praticamente não citada em Unova, que mesmo sendo o game seguinte da franquia (no qual o Pokémon já havia sido introduzido na história) é geograficamente distante e com um contexto cultural deveras distinto. Em contrapartida, Tornadus, Thundurus e Landorus estão bem enraizados na cultura de Unova. Assim como Arceus, esses três Pokémon são "divindades" e falaremos mais sobre eles hoje. Mas antes disso, vamos começar pelos primeiros Pokémon criados por Arceus após o universo.


O trio da criação

Porygon é um Pokémon "virtual" criado para propósitos de pesquisa. Sua última evolução, Porygon-Z, foi programado para explorar outras dimensões. E é sobre essas dimensões que falaremos brevemente agora. O "Mundo Temporal" (ou Temporal World) é o lar de Dialga, o Pokémon que representa o tempo. O "Mundo Espacial" (ou Spatial World) é o lar de Palkia, o Pokémon que representa o espaço. O "Mundo Reverso" (ou Distortion World) é o lar de Giratina, o Pokémon que representa a antimatéria. Arceus também tem sua própria dimensão. A dimensão mais conhecida por nós (além da nossa, claro) é o "Mundo Alternativo" que não é o mundo dos hipsters, mas sim dos Unowns. Em oposto, há outra dimensão pouco conhecida que é o "Mundo Fantasma", citado apenas nos dados de Dusknoir na PokeDex e no nome de seu item evolutivo na versão japonesa.



Sabemos que nossa dimensão é um reflexo dessas dimensões. Temos o tempo, o espaço e a ordem regida pela física, o que é o oposto do mundo reverso. O lar de Giratina anula qualquer conhecimento que tenhamos sobre as leis da física, dando sentido ao seu nome. Os mitos da criação que conhecemos em Sinnoh tem algumas semelhanças com os mitos de Izanami e Izanagi que vocês já devem ter ouvido falar em outras obras como Naruto, Yugioh, Persona ou Mai-Hime. O que é bem natural, vindo de um game japonês.


A triforce do mundo Pokémon

Conhecidos como "UMA trio" (unidentified mysterious animal, e "coincidentemente" as iniciais de seus nomes na ordem que aparecem na PokéDex), Uxie, Mesprit e Azelf representam conhecimento, emoção e determinação, respectivamente. Eles são baseados em outra lenda oriental, dessa vez Yata no Kagami (Uxie), Yasakani no Magatama (Mesprit) e Kusanagi (Azelf). Seus nomes são baseados em criaturas fantasticas (pixie, spirit, elf) e tem uma brincadeira fonética em seus nomes com "you, me, us". Além dessa brincadeira com nomes (como um certo trio que vive voando por aí), esses três também foram criados por Arceus (nascidos do mesmo ovo) e tem um papel semelhante ao de Jirachi em motivar pessoas. O equilíbrio (trindade, equilíbrio) entre conhecimento, emoção e determinação é fundamental para o ser humano e não precisamos ir muito longe para entender isso. 


A respeito de Uxie, que sempre está de olhos fechados, é dito que aquele que olhar em seus olhos terá todas as memórias apagadas. Em algumas culturas, os olhos são conhecidos como a janela da alma, por onde temos o conhecimento. Receber "todo o conhecimento" por Uxie está além do potencial humano. E mais uma vez, essas referências estão presentes em outros games e animes que conhecemos como o portão de Full Metal Alchemist que concede ao alquimista que alcançá-lo "todo o conhecimento" possibilitando utilizar alquimia com habilidade excepcional. Ou sobre olhos restringirem o poder, temos Shaka de Virgem (Virgo no Shaka, no original) em Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya) ou Zaraki Kenpachi em Bleach. As referências culturais estão enraizadas em nossa mídia popular, e nessa linha já devem ter percebido que Jirachi não é o único personagem na mídia com um terceiro olho.


Entre sonhos e pesadelos

Assim como trindade apresenta equilíbro, dualidade apresenta oposição. Felizmente, já falamos sobre isso na primeira parte e isso nos poupará algum tempo hoje. Até mesmo em algumas das várias tradições indígenas de nosso país, havia cultos relacionados à lua e seu reflexo em lagos. Bem, o trio apresentado anteriormente (também conhecido como "guardiões do lago"), tem as três cores básicas de Cresselia como suas características mais fortes. Cresselia, com corpo semelhante a um cisne combinado com as três das quatro fases da lua, pode ser encontrada em "Fullmoon Island". O oposto de seu par, Darkrai, que pode ser encontrado em "Newmoon Island". A lenda diz que Darkrai costuma aparecer em noites de lua nova e induzir pessoas ao sono seguido de um terrível pesadelo. O oposto de Cresselia, que concede sonhos agradáveis às pessoas. 


Ambos também criados por Arceus e frequentemente questionados por "por qual razão o deus criou algo ruim?" que é uma pergunta bem frequente em nossa realidade também. O conceito de oposição não é sempre "bom e ruim", mas humanos não podem reconhecer o bom sem ter provado do ruim. Temos então Adão e Eva, que não podiam reconhecer o "amargo" sem antes terem passado pelo Éden, onde existiam apenas opostos de tristeza, dor e sofrimento. Logo, não podemos reconhecer sonhos como sonhos se não conhecemos pesadelos e o inverso também se aplica. Não podemos entender que estamos felizes se não sabemos como é estar triste.


Raios e trovões!

Saindo de Sinnoh para ir até a distante Unova, encontramos a crença em três deuses. Diferente dos guardiões dos lagos (vamos chamá-los assim mesmo, produção?) e dos opostos da lua, esses três são realmente divindades (com direito a religião, seguidores e tudo mais). Tornadus é baseado em Fujin, deus do vento. Thundurus é baseado em Raijin, deus dos trovões e Landorus é baseado em Inari, deus da fertilidade. Há diversas referências a esses deuses em games, filmes, animes e mangás. Desde Mortal Kombat a Final Fantasy, desde One Piece a Naruto. Então, já estamos bem acostumados com eles, mesmo sem perceber. É mais comum vermos referências ao deus do vento e o deus dos trovões lutando entre si e, em algumas histórias, a intervenção do deus da fertilidade. Um exemplo claro para quem conhece a história da série Naruto, é o próprio Naruto (usuário de Fuuton, elemento vento) em conflitos com Sasuke (usuário de Raiton, elemento raio) sendo encerrados pelo turor, Hatake Kakashi (usuário de Doton, elemento terra).

Os super anciões


Nos mitos de Hoenn, há três Pokémon que são baseados em monstros bíblicos. Kyogre é baseado no Leviatã, Groudon em Behemoth e Rayquaza em Ziz. Kyogre é responsável pelos oceanos e pode expandi-los com sua habilidade de criar fortes chuvas. Em contrapartida, Groudon é responsável pelos continentes (solo, vulcões, montanhas). Aparentemente, um "grande diluvio" aconteceu no mundo Pokémon muito tempo atrás como consequência de uma luta entre esses dois ... monstros. Rayquaza é o responsável por pará-los e sua habilidade especial apresenta isso claramente, anulando os efeitos climáticos de Groudon e Kyogre. É dito que Rayquaza vive acima das nuvens, pela camada de ozônio, se alimentando de água na atmosfera (isso é possível?) e desce apenas para deter o combate dos outros dois Pokémon. Em histórias dos habitantes de Hoenn, é dito que Rayquaza é tão grande que pode se enrolar na torre em que é encontrado. Entretanto, Rayquaza tem apenas 7m de altura. Fofocas sempre aumentam.

Colisão céu e mar

Não há dúvidas de que Lugia e Ho-oh estão entre as mais populares divindades dos games de Pokémon. Há pouco mais de um século antes da história de Gold/Silver e HeartGold/SoulSilver, um "acidente" fez as chamas da rivalidade desses dois arder. Na cidade de Ecruteak, em Johto, haviam duas torres, a torre do sino e a torre de bronze. Na primeira, habitava Ho-oh; na segunda, Lugia. Lugia representava a lua, o mar e as tempestades. Ho-oh representava o sol, o céu e o arco-íris. Ambos sendo completamente opostos, apesar de serem residentes da mesma cidade, eram tratados como divindades pelos habitantes por conta de suas incríveis habilidades. Certo dia, a torre em que Lugia residia foi misteriosamente queimada ocasionando muitas vitimas. Lugia fugiu do incidente por motivos desconhecidos, causando a fúria dos sobreviventes e, claro, de Ho-Oh. Ho-Oh voltou ao local e ressuscitou três Pokémon falecidos, que receberam a alcunha de "três bestas" por partirem a correr insamente por todo o continente desde aquele momento como uma maneira de expressar sua alegria por estarem vivos.

E agora falta pouco. Na próxima semana entramos na última parte dessa matéria. Vamos estudar os golens, as aves lendárias, "os cães lendários" (melhor, produção?) e diversas outras lendas menores. E aqui ficam três perguntas para vocês: Qual o seu lendário favorito e por quê? O que você gostaria de saber mais na parte final da mitologia dos monstrinhos de bolso? Além da mitologia, qual outra parte de Pokémon desperta seu interesse? Até semana que vem!

Perdeu as partes anteriores? Confira elas a seguir:
Parte 1 - Arceus a criação do universo
Parte 2 - Mew e a origem dos Pokémon


Revisão: Rafael Neves

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