Blast Log: Meu Primeiro Mês com o Wii U - Quarta semana: A importância da indústria indie e algumas considerações

em 20/01/2013

Sejam bem-vindos ao nosso último encontro! Nas últimas três semanas tentei destrinchar ao máximo todas as minhas impressões iniciais do no... (por Unknown em 20/01/2013, via Nintendo Blast)

Sejam bem-vindos ao nosso último encontro! Nas últimas três semanas tentei destrinchar ao máximo todas as minhas impressões iniciais do novíssimo console da Nintendo, o Wii U. Fui surpreendido pela qualidade de Nintendo Land, bem como o sucesso de New Super Mario Bros. U em transmitir todas as maravilhosas sensações da era 16-bit. Além disso, pude perceber como o Miiverse tem potencial para modificar completamente o conceito que temos de interatividade online nos jogos. No entanto, nem tudo são flores.

Durante este tempo, percebi que apesar do esforço, a Nintendo parece ainda estar patinando em se tratando de jogos multiplataforma, já que diversos jogos de qualidade que em breve serão lançados para a concorrência não darão as caras no console. Hoje, tratarei um pouquinho sobre os jogos lançados apenas no eShop do Wii U e o que isso pode significar no futuro. Além disso, darei algumas impressões finais deste primeiro mês com o meu novo console.

A importância das desenvolvedoras independentes


World of Goo, o grande sucesso do Wiiware
Os videogames atuais são bastante focados na experiência online, o que inclui vitrines virtuais nas quais podemos adquirir uma infinidade de títulos, sejam eles de grandes empresas ou independentes. A Nintendo entrou nesta onda ainda no Wii, com o serviço WiiWare. Infelizmente, tal iniciativa não foi das mais fortes, já que a empresa estabeleceu diversos limites às produtoras, como os fatídicos 40MB máximos que cada título poderia pesar. Claro que mesmo assim algumas desenvolvedoras se desdobraram e presentearam os nintendistas com títulos espetaculares, como World of Goo e Lost Winds, mas é inegável que o serviço nunca conseguiu chegar nem perto do que era oferecido pela Live (Xbox 360) e pela PSN (PlayStation 3). Esta segunda, por exemplo, ainda possui uma seção inteiramente dedicada a pequenos jogos independentes, chamados "Minis". Diante desse cenário, era bem claro que a Nintendo estava ficando para trás também nessa questão.

O belo Chasing Aurora
Com o crescimento do mercado de tablets e smartphones, a indústria indie começou a ganhar cada vez mais força. As lojas virtuais dos novos celulares são recheadas de títulos de pequenas desenvolvedoras por preços muito baixos, o que está fazendo com que cada vez mais, estes gadgets ganhem espaço entre os gamers. Sendo assim, as empresas que não acompanharem de perto essa tendência estão cada vez mais distantes do sucesso. Muitos argumentam que nenhum jogo lançado para tablet chega sequer perto de algum AAA lançado para um console, fato que concordo em partes, já que atualmente posso jogar grandes títulos como GTA: Vice City na palma de minha mão, mas é inegável que o mercado de jogos simples como Angry Birds e Fruit Ninja está se tornando gigante, de maneira que não pode mais ser ignorado.

The Cave será lançado nesta semana
Com o Wii U, a Nintendo parece estar se esforçando para conquistar esse nicho (que já está deixando de ser nicho) de mercado. O eShop do Wii U ainda não possui muitos títulos, é verdade, mas já possui games simples e excelentes como Trine 2, Nano Assault Neo e Little Inferno. Além disso, logo no primeiro dia, o console já contava com Chasing Aurora, jogo indie muito esperado, mas que infelizmente não provou todo seu potencial. Como se não bastasse, em breve o console deve receber outra leva de títulos de pequenas produtoras, como é o caso de The Cave, que será lançado na semana que vem. Os jogos disponíveis até agora mostram como essa categoria é importante, já que são jogos de qualidade por preços baixos. É muito bom poder interromper horas de jogatina de Batman: Arkham City e relaxar um pouco jogando algo mais tranquilo como Little Inferno no mesmo console. Espero que a Nintendo esteja mesmo trazendo facilidades aos desenvolvedores pequenos, como noticiado algumas vezes antes do lançamento do console, caso contrário, estaremos perdendo grandes lançamentos de uma categoria em ascensão, o que não seria bom nem para os jogadores e muito menos para a Nintendo.


Um mês com o Wii U: altos e baixos

Acho que muitos notaram que meu tom ao escrever este Blast Log foi variando a cada semana. Na primeira, eu estava eufórico, muito empolgado com o novo console que tinha em mãos, o que ainda foi estendido até a segunda parte de meu texto, em que Nintendo Land e New Super Mario Bros. U estavam me empolgando cada vez mais. No entanto, na semana passada, já me mostrei descontente com os rumos que o console está tomando no que se refere ao apoio das third parties. Hoje, um mês depois, já posso fazer uma análise mais sensata de todo esse tempo que passei com o console. Tudo que eu disse em meus primeiros relatos ainda é verdadeiro, mas depois desse tempo de qualidade com o console posso dizer que a Nintendo ainda tem um longo caminho pela frente para conquistar seus objetivos com o console. Primeiramente, a falta de lançamentos para o console está começando a preocupar. A line-up inicial foi muito boa, apesar da grande quantidade de ports de jogos antigos de outras plataformas, mas as coisas parecem ter esfriado bastante para o console nessas últimas semanas. O problema pode ser constatado nos últimos relatórios de vendas de consoles no Japão e nos EUA, em que o Wii U vem sofrendo uma queda drástica de unidades vendidas.

Outro ponto preocupante é o abandono do eShop. A Nintendo não quis repetir a gafe cometida com o 3DS, que ficou quase dois meses com a loja online indisponível aos usuários. No entanto, o que está acontecendo agora é ainda pior: temos uma loja que não é atualizada desde o lançamento do console, há dois meses. Nesse meio tempo, tudo que aconteceu foi o lançamento de algumas poucas demos que possuem limitação no número de vezes que podem ser utilizadas. Nintendo Land e New Super Mario Bros. U são títulos de peso e trazem muita diversão para os que podem jogá-los, mas a Nintendo parece não ter aprendido com alguns de seus erros. Aparentemente, o console sofre de alguns problemas que o 3DS sofria no seu inicio: poucos anúncios, demora no lançamento de jogos esperados, como Pikmin 3 e Bayonetta 2, e nenhum sinal de que games de outras empresas possam dar as caras no console. A Nintendo terá que trabalhar muito para conseguir fazer com que o console tenha lançamentos mais constantes durante este primeiro ano do console, pois ele será fundamental para o seu sucesso. Digo isso pois rumores quanto ao anúncio dos sucessores do PlayStation 3 e do Xbox 360 começaram a aumentar, de forma que é muito possível que os consoles sejam lançados ainda neste ano. Se a Big N não conseguir consolidar o Wii U ainda em 2013, creio que a empresa estará em sérios apuros.


Ainda merece destaque, negativamente, é a lentidão do sistema operacional do console. A recente declaração da Nintendo sobre isso foi um balde de água fria para todos os proprietários do console. A empresa parece simplesmente não estar se importando com esse problema, o que pode irritar a muitos que realizaram o investimento e afastar outros que desejavam realizá-lo.

Como se pode notar, o Wii U ainda possui diversos problemas, e está longe de ser um console perfeito. Há muito que se elogiar, e a Nintendo claramente deu muitos passos a frente com seu lançamento. Mas como gamer, tenho que admitir que o que foi apresentado até agora ainda não é o bastante para que o console faça sucesso durante toda a geração. Cabe-nos agora esperar para ver quais cartas a Nintendo tem debaixo da manga para manter o bom ritmo de vendas do console. Conhecendo a empresa, creio que muito será mostrado até a E3 deste ano, que acontecerá em junho. Só espero que isso seja o bastante para reanimar o público que desejava comprar o console, caso contrário a Nintendo teria um Dreamcast nas mãos, um cenário que, aposto, nem a Sony gostaria de ver.

Muitos anos pela frente

Apesar de ter parecido pessimista, creio que a Nintendo é completamente capaz de – como sempre – dar a volta por cima. O console foi lançado há pouco mais de dois meses e, como todo novo console, passará por diversos problemas em seus primeiros meses. Resta-nos apenas ver o que a Nintendo está reservando para nós nos próximos meses. Ainda assim, temos a certeza que o console nos trará muitas alegrias com as franquias que tanto amamos pela primeira vez em alta definição (sempre sonhei com um Zelda e um Star Fox em Full HD).

Com o tempo, serviços como o Miiverse e o inovador Tvii tendem a se popularizar, o que trará ainda mais adeptos ao console. Outro momento chave para o console será o lançamento de títulos de extrema importância comercial, como Monster Hunter e Dragon Quest, que em breve darão as caras no console da Nintendo. Torço para que o console seja um grande sucesso comercial, mas confesso que se ele possuir jogos com a mesma qualidade apresentada no Nintendo 64 e no GameCube, já me darei por satisfeito.

E assim chegamos ao fim de minha jornada com o Wii U. Espero que vocês tenham aproveitado e isto tenha ajudado aos que não tinham certeza se deveriam ou não investir no console. Para os que ainda não sabem, na próxima semana, como prometido, publicaremos uma análise do console, baseada em minha experiência com o aparelho. Mais uma vez, agradeço a todos por me acompanharem nestas últimas semanas, foi uma das mais gratificantes experiências deste meu curto período de redator do Nintendo Blast. Para os que ainda não me adicionaram no console, como sempre, deixo minha Nintendo ID (gavlatkovic). Até a próxima!


Não viu as partes anteriores? A seguir a lista de capítulos:

Parte 1: Que comece a Revolução!
Parte 2: eShop, retrocompatibilidade e algumas divagações.
Parte 3: Jogos multiplataforma, Zombi U e Wii U Video Chat.


Revisão: Rafael Becker
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