O que é, o que é: tem centenas de Pokémon, uma jogabilidade simples e uma dificuldade acessível? Com essas dicas, poderíamos achar que se trata de um jogo da série principal de Pokémon, provavelmente Diamond & Pearl ou então Black & White porque é o que temos de mais próximo. Mas se, além das dicas já dadas, eu contar que o jogo é tão chato quanto feito ver tinta secando na parede, a única opção que sobra é Pokémon Rumble, um game que é uma vergonha tão grande para a franquia de Satoshi Tajiri que o criador deve chorar todo dia por ver sua obra sendo manchada desse jeito.
Com boas ideias vêm grandes responsabilidades
Imagine uma reunião séria, com executivos da Ambrella tentando conversar com os executivos da Nintendo:- Ambrella, vocês farão um jogo da série Pokémon.
- Puxa, que legal, Nintendo.
- Vocês farão algo diferente, parecido com um beat'em up.
- Nossa, adoramos, Nintendo.
- E damos a autorização de usar Pokémon de várias gerações, até da Diamond & Pearl!
- Que incrível, Nintendo.
- Ah, e o jogo tem que caber em 40mb. Beijo, tchau.
Provavelmente esse diálogo nunca aconteceu, mas explicaria muita coisa. Pokémon Rumble é um jogo que funciona muito bem no papel, mas que as limitações dos jogos digitais de Wii fizeram ser uma prova de resistência pior do que treinar uma Magikarp. Por algum motivo que nem Arceus sabe, controlamos bonecos Pokémon movidos a corda (Sabe aquele mecanismo que rodamos para fazer os brinquedos se mexerem? Então, é isso!) que precisam explorar regiões infestadas de outros bonecos Pokémon reunindo companheiros para que possamos vencer no grande torneio de bonecos Pokémon.
Como lógica é algo que aprendemos a desapegar no universo Pokémon, ficamos apenas com a ideia de controlarmos monstrinhos que não evoluem em um game no qual a estratégia é tão importante quanto o pai do Ash no anime. De verdade, nem aquela tabelinha de super-efetivos, que decoramos com mais afinco que a tabuada, serve para muita coisa, pois a vantagem de tipos é tão irrisória que poderíamos recriar aquela inverossímil luta do anime com um Pikachu derrubando um Geodude.
2-2-2-2-2-2-2-2-2....
A jogabilidade é simples, mas nem por isso é divertida. Com o Wiimote de lado, o direcional duro você usa para controlar seu Pokémon, e este pode usar o ataque básico do botão 2 ou então um ataque que você pode ensinar e colocar no botão 1. Logo você vai perceber que a estratégia é um luxo que esse jogo não tem, então você basicamente vai andar, coletar itens deixados por inimigos e ficar apertando o botão 2 loucamente como se sua vida dependesse disso. Quando seu Pokémon “morre”, você pode chamar outro Pokémon para continuar o trabalho tedioso.Logo de cara, o jogo oferece vários rankings de fase (C, B, A... etc) e diversas áreas de exploração. Depois de passar por algumas, que nada mais são que longos e tortuosos corredores cheios de Pokémon, e enfrentar um chefe (que é um Pokémon maior), você se sente seguro e participa da competição. Ganhando, você pode ir ao próximo nível. Eu estava achando até legal, até ver que as fases de níveis futuros são sempre a mesma coisa.
O limite de 40mb imposto a todos os jogos de WiiWare é bem aparente em Pokémon Rumble: os cenários são simples demais, a jogabilidade é pouco variada e os modelos dos Pokémon foram roubados do My Pokémon Ranch, outro jogo mediano lançado para WiiWare (mas este pelo menos serve para você armazenar seus monstrinhos do jogo de DS). Pokémon Rumble é adquirido apenas digitalmente, mas oferece zero de conexão com a internet ou com os jogos da série lançados para videogames portáteis. Na verdade, Pokémon Rumble não consegue se conectar nem com a área do seu cérebro responsável por te fazer gostar de algo.
Com uma jogabilidade simples demais, muitas limitações e pouca variedade, Pokémon Rumble entra na categoria “dispensáveis” da lista gigante de games da franquia. Se aceita um conselho, guarde o dinheiro que seria gasto nesse jogo para comprar algo mais útil, como um limpador de produtos de prata ou um tapa-olho de pirata.
Revisão: Leandro Freire