As duas últimas gerações de consoles da Nintendo romperam
uma das mais fortes tradições da empresa: trazer em seu lançamento um título de
seu maior mascote e, talvez, maior ícone da indústria, Mario. Com o GameCube, a
empresa investiu em algo diferente, com a criação de uma franquia própria para
o irmão do encanador mais famoso de todos os tempos. Luigi’s Mansion, apesar de
ter feito algum sucesso, não se comparou a fenômenos de crítica e público como
Super Mario World (SNES) ou Super Mario 64 (N64); já Wii Sports, título de
lançamento do Wii, é o jogo mais bem sucedido da Big N em todos os tempos. Mesmo assim,
muitos sentiram falta de um game do personagem na estreia do revolucionário
console.
O retorno à tradição
Anos se passaram e a Nintendo nos presenteou com mais um console: o Wii U que, como quase todos os videogames da empresa, promete deixar a indústria de pernas pro ar. Seguindo a tendência iniciada pelo Wii, o novo console veio acompanhado de uma coletânea de minigames, o excelente Nintendo Land. Contudo, desta vez fomos novamente presenteados com um título do bigodudo logo no lançamento. New Super Mario Bros. U é o quarto título da série New, mas o primeiro deles que consegue fazer justiça aos tempos de ouro dos jogos 2d da franquia.
Bem-vindo de volta, Reino dos Cogumelos
E lá vamos nós de novo! |
Logo de cara já dá pra notar que a Nintendo não estava para
brincadeira ao definir as inspirações de seu novo título. O hub deixou de ser
dividido em áreas desconectadas umas das outras, como ocorria nos outros
títulos da série New (que eram uma homenagem a Super Mario Bros. 3), e passou a
ser constituído de um mapa em que todas as áreas são conectadas. Além disso,
assim como em Super Mario World, cada região possui o nome de comidas e bebidas.
Mas as inspirações não param por aí! Cada região do mapa possui uma música
própria que define o local, assim como Yoshi’s Island, outro enorme sucesso da
empresa na era 16-bit. Durante a jornada, você encontrará diversos outros
easter eggs da franquia, principalmente dos games lançados durante a geração do
Super Nintendo. Mas isso fica para vocês, caros leitores, ou estaria
estragando uma das coisas mais legais deste novo título.
O belíssimo world map do game! |
A escola Nintendo de level design
A série New vinha me trazendo diversas preocupações quanto
ao futuro da franquia Mario em jogos de plataforma 2D. O primeiro título foi um
grande sucesso por revisitar o lado esquecido dos jogos do bigodudo, e serviu
como uma homenagem ao legado do encanador. No entanto, as outras entradas da
série, apesar de serem bons jogos, não conseguiam chegar nem perto de tudo que
foi feito há mais de quinze anos. O maior motivo disso é o level design destes
títulos que, apesar de superior a quase tudo que encontramos por aí, era artificial
demais para a franquia. O que eu quero dizer com isso? Simples: os jogos da
série sempre foram famosos pelo level design complexo, em que cada objeto ou
plataforma estava lá por algum motivo de forma que havia passagens secretas,
diversos caminhos para se chegar ao fim de um estágio e uma infinidade de
segredos bem escondidos. A série New também faz isso, mas títulos como Super
Mario World possuem um toque especial em suas fases: todas elas são mais
orgânicas, desordenadas dentro de sua ordem, o que torna o mundo mais crível. O
que estou querendo dizer é que na série New, boa parte das fases são um pouco
artificiais e tudo é muito redondinho e simplório, o que torna tudo mais sem
graça para quem estava acostumado com os jogos mais antigos. Os mundos da série
New não conseguem convencer, pois não trazem o charme ímpar da franquia e
parecem mais uma tentativa frustrada de emular o que era feito com maestria
outrora.
As fases são muito criativas |
Mario para todos os gostos
É muito bom saber que NSMBU nos oferece um alto grau de desafio para ser completado. Era fácil acumular vidas praticamente infinitas em outros
jogos da série New, mas desta vez as fases apresentam um nível de dificuldade
muito mais alto, principalmente a partir da metade da jornada. Se o jogo já é
difícil para os que só desejam terminá-lo, é pior ainda para os que gostam de
coletar todas as Star Coins espalhadas pelas fases, já que, além de bem
escondidas, boa parte delas são bem difíceis de serem acessadas. É claro que
não é um jogo descabelante como Demon’s Souls, afinal, estamos falando de
Mario. Mas o nível de dificuldade do título surpreende em alguns momentos e
remetem diretamente a títulos das eras 8 e 16 bit, o que é um grande elogio
para um jogo que tenta relembrar estes tempos.
Challenge Mode: o grande acerto da Nintendo |
New Super Mario Bros. U ainda conta com o caótico modo multiplayer introduzido na versão para Wii da franquia. Assim como em sua primeira aparição, o modo é muito divertido
e garantirá risadas a todos que estiverem jogando. É uma excelente pedida para
uma tarde com os amigos. Contudo, alguns podem preferir jogar sozinhos, já que
o modo modifica completamente a dinâmica do título e o torna algo quase que
completamente diferente. Este jogo no multiplayer não pode ser levado a sério e
deve ser encarado mais como uma grande festa pelo Reino dos Cogumelos. O game ainda
pode ser jogado por cinco pessoas simultaneamente, sendo que quatro utilizam
Wiimotes para controlar os personagens pelos estágios e uma utiliza o GamePad
para criar plataformas para ajudar (ou não) os personagens a progredirem pelas
fases Vale a ressalva de que não é possível controlar personagens com o GamePad neste modo de jogo. Para os aventureiros solitários, o game pode ser jogado integralmente no
GamePad, o que é muito bom para os que dividem televisão com outras pessoas.
O modo multiplayer garantirá muitas risadas! |
O calcanhar de Aquiles
O maior defeito do jogo consiste na herança maldita da série
New: o estilo artístico adotado e a trilha sonora. Não me entendam mal, o jogo
é lindíssimo e possui algumas fases com gráficos de cair o queixo, mas em boa
parte do game a direção artística continua sendo um pouco genérica demais para
os padrões da série, que quase sempre nos presenteia com conceitos
completamente distintos de visual. Além disso, o Wii U é um sistema muito
poderoso, e outros games como Rayman Legends possuem gráficos de cair o queixo,
de forma que fica a impressão de que a Nintendo poderia ter feito muito mais e
não fez. No momentos finais do título, as fases começam a ficar cada vez mais
bonitas, o que torna ainda mais questionável por que algumas fases são tão
simples visualmente.
A trilha sonora segue a mesma linha criada para a série New, o que para mim é uma grande decepção. As composições da série são muito fracas se comparadas às entradas anteriores da franquia. Seja comparada a dos games 2D para NES e SNES ou nos tridimensionais lançados para Nintendo 64, GameCube e Wii, a trilha sonora do título soa repetitiva e genérica quase o tempo todo. Claro que nada disso atrapalha a grande experiência proporcionada pelo título, mas é claramente visível que a Big N é capaz de muito mais do que apresentou. Abaixo, o Ending Theme de Super Mario Bros. 3 e a música tema de NSMBU:
A mais bela fase do jogo |
A trilha sonora segue a mesma linha criada para a série New, o que para mim é uma grande decepção. As composições da série são muito fracas se comparadas às entradas anteriores da franquia. Seja comparada a dos games 2D para NES e SNES ou nos tridimensionais lançados para Nintendo 64, GameCube e Wii, a trilha sonora do título soa repetitiva e genérica quase o tempo todo. Claro que nada disso atrapalha a grande experiência proporcionada pelo título, mas é claramente visível que a Big N é capaz de muito mais do que apresentou. Abaixo, o Ending Theme de Super Mario Bros. 3 e a música tema de NSMBU:
A volta dos bons tempos
New Super Mario Bros. U é o primeiro da série New que
consegue ser bem sucedido na missão da série: trazer de volta tudo que fez com
que Mario se tornasse o ícone que é hoje enquanto, ao mesmo tempo, introduz
novas variáveis à equação. É um game feito por fãs, para fãs, e trará aos
gamers das antigas diversas lembranças de quando os jogos eram mais simples e
descompromissados. Para os que não viveram a era de ouro dos videogames, o
título serve como uma boa maneira de entender o porquê de Mario ser uma das
franquias mais icônicas da indústria. A impressão que tive é que depois de anos
reencontrei um velho amigo, que eu espero que não me abandone novamente.
Prós
- Mundo orgânico e crível;
- Jogabilidade impecável;
- Referências a clássicos da franquia;
- Alto nível de desafio;
- Modos extras adicionam longevidade ao título.
Contras
- Gráficos poderiam ser melhores;
- Trilha sonora genérica.
New Super Mario Bros. U – Wii U – Nota Final 9.5
Revisão: Vitor Tibério