Um caminho sem volta
Os smartphones e tablets dominam o mercado de jogos atualmente, isso é um fato. A acessibilidade desses aparelhos e o preço do software, que pode sair a custo zero, são alguns dos aliados na formação dessa nova realidade. Dados do serviço Flurry Analytics vêm demonstrando, ano após ano, a ascensão dos jogadores que utilizam os sistemas iOS, da Apple, e Android, do Google, e a dominação do mercado de portáteis. A grande virada ocorreu no ano de 2009 e a tendência indica que os consoles portáteis jamais conseguirão dar a volta por cima.
Isso já pôde ser sentido nos últimos anos pela Nintendo e pela Sony, as principais empresas nesse ramo. O Nintendo 3DS, por exemplo, andou muito mal das pernas antes de se estabilizar e se firmar como um sucesso. Mesmo assim, a própria Nintendo anda insatisfeita com o resultado do portátil nos mercados ocidentais. Reflexo da expansão dos jogos para smartphones? Talvez. O Vita, por outro lado, ainda está em uma fase ruim. Além da pouca vendagem, a quantidade de jogos lançados para o console da Sony é pífia se comparada com a quantidade de jogos disponíveis na App Store ou no Google Play.
Afinal, por que alguém escolheria, para jogar, um console portátil em vez de um smartphone? Acertou quem pensou nos jogos.
Apesar de se destacarem na quantidade, os jogos de grandes produtoras ainda não são tão comuns nos smartphones e tablets. Mas essa realidade está mudando e a morte do formato tradicional, instaurado pelo Game Boy, parece iminente.
Nos últimos meses vimos empresas como Sega, Square Enix e Rockstar abraçando a causa dos smartphones e tablets com títulos que, alguns anos atrás, só apareceriam em dispositivos dedicados.
Recentemente, TWEWY ganhou um versão melhorada para o iOS. |
Com tanta condenação precipitada, não fica difícil entender os motivos que estariam levando a Nintendo a receber sucessivas pressões no sentido de "adaptar-se" a essa nova realidade.
Motivo para pânico?
Uma situação parecida já ocorreu no passado. Com a popularização da computação pessoal, muito se questionou a respeito do futuro dos aparelhos dedicados a jogos. Afinal, se um PC era capaz de rodar jogos, qual seria a utilidade dos consoles dali em diante?
No entanto, a realidade se mostrou completamente diferente. Os consoles jamais foram substituídos pelos PCs, que acabaram se tornando aliados do mercado de videogames. E é exatamente essa abordagem que está sendo feita por algumas empresas.
Quem nunca ouviu falar dos analistas de mercado que acreditam que o Wii U não conseguirá vencer a difícil guerra contra dispositivos como o iPad? Até onde essa preocupação é realmente cabível?
Dividir para multiplicar
Dedicar uma equipe inteira para produzir jogos para smartphones não parece ser a melhor saída para a Nintendo neste momento. Além de tirar o foco do 3DS, que está em boa forma, esse movimento também poderia afetar o desempenho inicial do Wii U de alguma forma.
A abordagem da Nintendo nos anos passados dá indícios de que a empresa não faz consoles que se adaptam a seus jogos, mas jogos que se adaptam a seus consoles. Por isso mesmo, a fabricante não tem planos de abandonar a produção de hardware.
Porém, existem outras formas de aproveitar os smartphones sem ferir o desempenho dos hardwares produzidos pela Nintendo.
A Ubisoft, por exemplo, aproveitou o lançamento de ZombiU, exclusivo de Wii U, para disponibilizar um aplicativo para iOS. O software, que não substitui o jogo, serve para aproximar os jogadores do novo título da publisher francesa e é uma forma de transformar o inimigo em aliado.
Recentemente tivemos, também, o anúncio da Pokédex oficial para iOS, um aplicativo que não leva os monstrinhos de forma completa aos smartphones, mas que abre um espaço para as pessoas que não têm acesso aos consoles da Nintendo se interessarem na franquia.
Pokémon no iPhone... quem diria? |
Os smartphones precisam deixar de ser vistos como inimigos. Se todas as previsões se cumprirem, é provável que, em alguns anos, eles sejam tão ou mais comuns que os computadores pessoais. Com uma vasta gama de possibilidades a serem exploradas, eles podem se tornar apenas mais um acessório para o gamer do futuro, e não os substitutos completos de tudo o que temos hoje.
O anúncio de que o Miiverse também estará disponível em smartphones dá indícios de que a Nintendo já está ciente dessa abordagem. Com a migração inevitável de vários desenvolvedores para os smartphones e tablets, a empresa de Quioto deve investir em ações bem mais agressivas, como experiências que cruzem uma jogabilidade em diversos dispositivos, como o 3DS, o Wii U e, até mesmo, os smartphones.
Comprar jogos pelo smartphone, conferir leaderboards no caminho para casa, cultivar berries no iPhone e depois enviá-las para o Pokémon de 3DS, criar fases de Mario no tablet para jogar mais tarde no Wii U, as possibilidades são infinitas.
Não veremos Mario em voos pelas telas dos smartphones tão cedo, mas, independente do que acontecer, é provável que vejamos grandes mudanças nas políticas da Nintendo nos próximos anos. Os consoles (portáteis ou de mesa) não "morrerão", e já existem evidências disso, entretanto a forma como interagimos com eles e a forma como eles interagem com os outros dispositivos, inevitavelmente, deverá mudar.
Não veremos Mario em voos pelas telas dos smartphones tão cedo, mas, independente do que acontecer, é provável que vejamos grandes mudanças nas políticas da Nintendo nos próximos anos. Os consoles (portáteis ou de mesa) não "morrerão", e já existem evidências disso, entretanto a forma como interagimos com eles e a forma como eles interagem com os outros dispositivos, inevitavelmente, deverá mudar.
Em pesquisa da Nielsen, dispositivos da Apple ainda são os mais desejados pelas crianças, mas Wii U não fica muito atrás. |
Agora a bola está com você, leitor. O que acha desse futuro? Até que ponto você acha que a Big N está disposta a trabalhar com dispositivos que não foram produzidos por ela? Deixe um comentário com a sua opinião.
Revisão: Lucas Oliveira