Velocidade em 64 bits!
As provas eram disputadas por oito corredores |
San Francisco Rush era um game com jogabilidade voltada
completamente ao Arcade, ou seja, fugia do realismo de um simulador e buscava
apenas diversão descompromissada aos jogadores. Sendo assim, Rush era um título
com muitas manobras impossíveis, física tão real quanto à originalidade da
série New Super Mario Bros. e atalhos tão insanos que chegavam a ser cômicos.
Rush era, na verdade, o que Burnout teria sido caso fosse um game de Nintendo
64, extremamente competente, descompromissado e divertido. Inclusive, o título partilhava
mais uma semelhança com Burnout: os veículos sofriam danos durante as corridas,
e podiam até explodir no caso de batidas mais sérias.
Os trajetos eram imensos! |
Aliás, essa era a maior sacada de Rush! A liberdade de
exploração e quantidade absurda de atalhos e segredos fazia com que o game durasse
por meses, ou até mesmo anos. Todas as pistas eram imensas, e você podia chegar
a praticamente todos os lugares que avistasse durante o trajeto. O redator que
lhes escreve deve ter gastado uns bons meses de sua vida simplesmente brincando
de vasculhar todas as pistas do jogo (mal sabia ele que aquilo era só o começo,
já que a sua sequência, Rush 2: Extreme Racing USA conseguiria ser ainda
melhor).
Deve ser muito humilhante perder para um fusquinha |
Falando das corridas em si, que acabavam por ser a parte
menos interessante do pacote, a Atari realizou um trabalho muito competente. A
inteligência artificial dos competidores era muito acima da média se comparada
às de outros títulos da época e o nível de desafio era bem alto. As corridas
ainda podiam ser disputadas por até dois jogadores juntamente com outros seis
corredores controlados pela IA. O título ainda contava com suporte ao Rumble
Pak e tinha os controles completamente customizáveis. Pode parecer pouco nos
dias de hoje, mas imagine um título de corrida com tantas qualidades lançado há
mais de quinze anos e perceba o quão espetacular era algo tão completo ser
lançado para consoles ainda bastante limitados tecnicamente.
O poder do Nintendo 64
San Francisco Rush se aproveitava ao máximo do hardware da
Nintendo. Os gráficos eram bastante acima da média e, mesmo com cenários
enormes, o jogo não apresentava nenhuma lentidão no modo single-player.
Infelizmente, o multiplayer era um pouco prejudicado com isso, mas nada que
atrapalhasse muito a experiência. Os carros eram bastante detalhados e o
sistema de colisão era excelente, melhor até que o praticamente inexistente de
Gran Turismo 5, salvo às devidas proporções.
As corridas eram muito rápidas! |
O único ponto técnico em que o jogo realmente pecava era em
sua qualidade sonora. Tanto os efeitos quanto a própria trilha eram
lamentáveis, e quebravam tão imensamente o clima que eu me perguntava porque
raios a Atari havia feito aquilo com o jogo. Por sorte, a sequência do game acertava
até esse ponto, de forma que o jogo chega ao topo no ranking de melhores games
de corrida do Nintendo 64, e um dos melhores já criados, na opinião de quem
lhes escreve.
San Francisco Rush foi extremamente recebido por toda a
mídia. O famoso e controverso Matt Cassamassina, editor chefe da área
nintendista da IGN na época, chegou a afirmar em seu review que o título
figurava entre os três melhores do Nintendo 64, estando atrás apenas de
GoldenEye 007 e Super Mario 64 (acalmem-se, Zelda ainda não havia sido
lançado!). É uma pena que títulos nesse estilo não façam mais tanto sucesso
atualmente e que tenham sido deixados de lado em prol de simuladores que,
apesar de excelentes, nunca divertirão tanto quanto um bom game com
jogabilidade Arcade, que propõe apenas algo sem compromisso. É o jogo perfeito
para se divertir com os amigos em um final de semana.
Revisão: Luigi Santana