Pokémon Blast: De onde vêm os Pokémon tipo fantasma?

em 05/11/2012

Cientificamente falando, a morte representa o fim das atividades biológicas necessárias para a manutenção da vida. No entanto, muitas c... (por Jardeson Barbosa em 05/11/2012, via Nintendo Blast)

Cientificamente falando, a morte representa o fim das atividades biológicas necessárias para a manutenção da vida. No entanto, muitas crenças acreditam que a vida não acaba com a morte, e diversas teorias que falam de vida após a morte já foram criadas. Uma dessas teorias diz que, quando morremos, nos tornamos fantasmas, uma espécie de representação fiel do nosso espírito, tido como o combustível da vida. O mito dos fantasmas foi tão difundido pelo mundo que já se tornou uma das crenças mais populares, ganhando diversas interpretações em filmes, livros, religiões e, claro, jogos, incluindo Pokémon, série em que aparecem entre os dezessete tipos de monstrinhos que podem ser capturados e treinados.

Por se diferenciar dos demais tipos de Pokémon, o tipo fantasma acabou tornando-se alvo de diversas teorias malucas. A questão fundamental dessas teorias é: se fantasmas são a forma assumida por pessoas que morreram, os Pokémon fantasma são o espírito dos Pokémon mortos? É o que tentaremos descobrir agora.

O tipo fantasma

Também referenciados durante a primeira geração como "elementos", os tipos são uma das características mais importantes dos jogos dos monstrinhos de bolso. Eles determinam as vantagens e fraquezas de uma determinada espécie Pokémon em relação à outra e servem, primordialmente, para balancear as batalhas.

Dos quinze tipos que surgiram ainda na primeira geração, a maioria é baseada em elementos da natureza, como água e terra. Os Pokémon do tipo grama, por exemplo, são aqueles que podem, em sua maioria, realizar a fotossíntese, e, por senso comum, são fracos contra os Pokémon do tipo fogo. No entanto, ainda existem outros tipos de monstrinhos que são baseados em características morfológicas ou habilidades, como os tipos dragão, inseto, psíquico e, claro, fantasma.

O tipo fantasma, em especial, compreende as espécies que possuem as características dos fantasmas descritos em lendas do mundo real. Alguns deles são formados por material gasoso, podem atravessar paredes e ficar invisíveis a olho nu. Mas, dentre as características dos fantasmas descritos em lendas do mundo real, uma pode não se aplicar aos Pokémon: os fantasmas são espíritos de seres vivos que morreram. A grande questão é: seriam os Pokémon fantasma outros monstrinhos que morreram? Seriam pessoas? Ou seriam outra coisa completamente diferente?

Trubbish, o Pokémon saco de lixo.
Determinar a origem dos Pokémon não é uma tarefa fácil. Apesar de as lendas informarem que todo o mundo Pokémon começou com Arceus, que também é um Pokémon, detalhes a respeito da origem de alguns monstrinhos ainda são um completo mistério. Contudo, muitos Pokémon já tiveram sua origem revelada através da Pokédex ou de dicas deixadas nos jogos. Trubbish, por exemplo, foi formado a partir de sacos de lixo que continham restos industriais e acabaram gerando uma reação química que deu origem a sua vida. Partindo da mesma fonte de informação, encontramos diversas evidências de que os Pokémon tipo fantasma seriam, para o mundo Pokémon, o equivalente aos nossos fantasmas.

Direto do túmulo

O fantasma era uma Marowak.
Vamos começar pelas evidências encontradas na primeira geração. Muitos treinadores tremeram na base ao chegarem à estranha Lavender Town, local que abriga a assustadora Pokémon Tower. De lá veio a maior quantidade de citações a respeito de fantasmas na série e a única aparição confirmada de um fantasma.

Ao chegarem em determinado andar da Pokémon Tower, os treinadores que estiverem munidos do item Silph Scope encontrarão um fantasma, que se revelará como uma Marowak fêmea e que, quando derrotada, desaparecerá, não podendo ser capturada. Como informado durante o jogo, essa Marowak é na verdade uma mãe que morreu enquanto defendia o filho da terrível Equipe Rocket.

Diante dos fatos, podemos afirmar com clareza que os Pokémon morrem e podem tornar-se fantasmas. Segundo as teorias a respeito de fantasmas do mundo real, uma pessoa passa a vagar como fantasma quando deixa algum assunto inacabado ao morrer. E esse era o caso da mãe Marowak, que pôde descansar após a batalha contra Red. Partindo desse pressuposto, chegamos à parte da lenda que diz que os fantasmas perdem sua humanidade com o passar do tempo, ou seja, tornam-se assombrações.

De fato, essa teoria explicaria a abundância de Pokémon tipo fantasma em cemitérios e construções abandonadas – como a própria Pokémon Tower ou o Old Chateau –, mas não se aplicaria a todas as espécies.  Para descobrirmos tais informações, cruzaremos as informações da Pokédex com as dicas dadas nos jogos e as teorias que temos e, talvez, chegaremos a alguma conclusão. No entanto, iremos considerar apenas as informações dadas pelos jogos e excluiremos dessa teoria alguns Pokémon que não possuem evidências suficientes para serem considerados. São eles: Sableye, Froslass, Rotom, Frilish, Jellicent e Giratina.

Conhecendo as assombrações

  • Gastly, Haunter e Gengar
Conhecidos pelos truques mortais, esses três Pokémon se alimentam da vida de outros seres. Uma única lambida de Haunter, por exemplo, causa uma paralisia que, eventualmente, leva a vítima a óbito. Apesar de lembrarem outros Pokémon , esses monstrinhos não parecem ter uma origem em comum e podem simplesmente ser espécies vivas como as outras. No entanto, a personalidade cruel desses Pokémon dá indícios de que eles são o resultado da transformação de espíritos vingativos diversos. Fisicamente, os três lembram a representação tradicional de fantasmas nas mídias japonesas.
  • Misdreavus e Mismagius
Ambos os Pokémon dessa família se alimentam do medo de suas presas. Para tal, os Misdreavus pregam peças em suas vítimas, como espíritos zombeteiros, enquanto os Mismagius utilizam certos feitiços e cânticos. Fisicamente, essas duas espécies lembram cabeças femininas flutuantes, como na lenda japonesa de Nukekubi. Mismagius, em especial, lembra uma cabeça de bruxa, o que pode ser uma referência à sua vida passada. É possível que Misdreavus seja a forma que espíritos brincalhões assumem quando não concluem seus negócios inacabados.

  • Shedinja
Formado pela carapaça velha de um Nincada que evoluiu para Ninjask, o Shedinja é um Pokémon diferente em todos os sentidos. É o único a possuir a habilidade Wonder Guard, é o único a possuir apenas um ponto de HP como base e é descrito pela Pokédex como completamente inerte, ou seja, não se move nem para respirar. Acredita-se que Shedinja possa ser o anjo da guarda de Nincada, principalmente graças à formação que lembra uma auréola sobre sua cabeça, entretanto, a vida de Shedinja pode ser algum tipo de possessão, já que seu corpo é completamente vazio.

  • Shuppet e Banette
Banette é na verdade uma simples boneca abandonada que ganhou vida e passou a procurar a criança que a possuía. Assim como Gastly e Misdreavus, os Shuppet e Banette são atraídos por certos sentimentos humanos, que neste caso são inveja e vingança. É possível que Banette e Shuppet sejam apenas seres inanimados que ganharam vida, algo comum em Pokémon, mas algumas teorias afirmam que ambos são espíritos vingativos que possuíram os bonecos em busca dos sentimentos ruins que os alimentam.

  • Duskull, Dusclops e Dusknoir
Segundo a Pokédex, a primeira forma evolutiva desta família adora o choro de crianças e pune aquelas que desobedecem aos pais. Após evoluírem para Dusclops, esses Pokémon ganham um corpo coberto por tecidos que protegem uma espécie de buraco negro – capaz de absorver qualquer coisa para dentro de seu corpo – e não mais perseguem crianças. Dusknoir, a forma final, utiliza esse mesmo "buraco negro" para guiar os espíritos perdidos para o além. Em uma analogia aos mundo real, Duskull pode ser algum tipo de espírito semelhante ao bicho-papão, enquanto Dusknoir seria a morte e Dusclops a transição entre esses dois.

  • Drifloon e Drifblim
O corpo dos Pokémon dessa família evolutiva é formado por um conjunto de espíritos de pessoas e outros Pokémon. Isso mesmo, as pessoas podem, de certa forma, se tornar monstrinhos de bolso. Esses Pokémon são descritos como a "orientação para espíritos errantes". Apesar de não se alimentarem de sentimentos, os Drifloon podem se passar por balões para puxarem as mãos de crianças e levá-las ao "mundo da morte".

  • Spritomb
O enigmático Pokémon sem fraquezas de Sinnoh é, na verdade, a reunião de 108 espíritos diferentes que foram aprisionados há mais de 500 anos em uma fissura do item Odd Keystone. Não se sabe exatamente quais espíritos são esses, nem a quem pertenciam, mas a personalidade malvada, que foi a razão do aprisionamento, dá indícios de que esse Pokémon é formado por espíritos malignos.

  • Yamask e Cofagrigus
Segundo a Pokédex, os Pokémon dessas espécies surgiram dos espíritos de pessoas enterradas em covas nas idades antigas. O mais estranho é que o rosto dessas pessoas ficou gravado na máscara carregada por Yamask e presa no caixão de Cofagrigus, que é uma espécie de máscara mortuária. A parte triste, de acordo com a Pokédex, é que todas as lembranças da vida humana de Yamask foram mantidas, e, por causa disso, às vezes eles olham para suas máscaras e choram. Yamask e Cofagrigus são os únicos Pokémon que, confirmadamente, são o espírito de seres humanos.
  • Litwick, Lampent e Chandelure
Não se engane com a aparência meiga, a família evolutiva de Litwick é mais uma que alimenta-se da vida de outros seres e, nesse caso, a utiliza como combustível para as chamas que ficam em seus corpos. A origem desses Pokémon é um mistério, mas eles também são uma espécie de ceifador, já que, na maioria das vezes em que roubam alguma vida, a pessoa já iria morrer de qualquer forma.


  • Golett e Golurk
Golett e Golurk são criações de uma antiga civilização e representam uma espécie de golem, um ser artificial da mitologia judaica que pode, magicamente, ser trazido à vida. Ambas as espécies são movidas por uma energia misteriosa, que pode ser o espírito de algum outro ser. Porém, o tipo de energia que serve para animá-los nunca pôde ser identificado. Essa família pode representar um caso de possessão, como Shedinja e Banette, ou um caso semelhante ao de Drifloon e Spiritomb, que são formados por diversos espíritos.

Resultado inconclusivo

Apesar de todos os esforços e teorias malucas, é impossível afirmar que qualquer outro Pokémon, além de Yamask e Cofagrigus, é um fantasma de verdade. É importante levar em consideração que, excluindo Giratina, todos os Pokémon fantasma podem se reproduzir pelo método tradicional e quase todos possuem gêneros distintos, o que indica que eles podem sim ser seres vivos sem a menor relação com espíritos. Porém, até mesmo os Pokémon criados artificialmente, como Porygon e Castform, podem se reproduzir e nascer de ovos.

Oh não!
Devemos lembrar, ainda, que nem sempre aquilo que é dito na Pokédex pode ser considerado verdade sem que haja algum debate. As informações de Banette, por exemplo, dão conta de que se esse Pokémon abrir o zíper que representa sua boca, toda a sua energia vital, que é chamada de energia amaldiçoada, poderá escapar. No entanto, esse mesmo Pokémon já apareceu com o tal zíper aberto em diversas ocasiões, como nas animações dos jogos para consoles de mesa. Mas, como há sempre uma pegadinha, Banette só abre a boca nos jogos quando é derrotado.

Por fim, não provamos absolutamente nada, mas conseguimos criar uma série de teorias malucas para a origem desses monstrinhos curiosos. Todos eles são espíritos como Yamask? O próprio Yamask é realmente um espírito? De onde vêm os Pokémon tipo fantasma? Isso só o tempo dirá. Por enquanto nos resta apenas jogar sem nos importarmos com esse detalhe, por mais que estejamos aprisionando espíritos de pessoas em Pokébolas e os utilizando para ganhar insígnias.

Revisão: Luigi Santana
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