Videogame: a décima arte
A maioria das pessoas conhece as “sete artes”, como são conhecidas, com sendo música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura e cinema, respectivamente. Porém, com o passar dos anos, apareceram novas artes para integrar esse conjunto. A fotografia é a oitava arte, os quadrinhos são a nona arte, a arte digital é a décima primeira. A décima, entretanto, é uma grande conhecida nossa: os jogos eletrônicos. Sim, eles já são considerados arte.
O problema é que essa consideração não é de todos. Uma das piores experiências que já tive foi começar a contar a grandiosa história da série The Legend of Zelda (não importa se você é fanboy de alguma empresa; você sabe que a história de Zelda é literalmente épica) para o meu professor de Literatura, perceber que ele gostou e que, quando descobriu que se tratava de um jogo de videogame, começou a esnobar. Sim, apenas porque era o enredo de uma das maiores séries de Action RPG da história. Só isso.
As artes são numeradas de acordo com a sua característica especial, seu principal fundamento. Os jogos eletrônicos conseguem trazer o som (que vem da música, a 1ª arte), a cor (que vem da pintura, a 3ª arte), o volume (que vem da escultura, a 4ª arte), a palavra (que vem da literatura, a 6ª arte), a imagem (que vem da fotografia, a 9ª arte) e toda a tecnologia empregada na arte digital, a 11ª arte. Porém, acima de tudo, os jogos ainda têm um fundamento mais que especial: a interação. A imersão que um jogo eletrônico te dá não pode ser obtida por mais nenhuma outra arte.
O que queremos? Jogar! Quando? Agora!
Tudo bem, esse papo de arte é muito bonito. Mas, e na prática? Será que meu professor tinha razão e os videogames servem apenas para diversão? Posso afirmar que não. Qualquer um consegue perder de vista o número de jogos que podem ensinar alguma coisa, tirando todas as capacidades de reflexo e raciocínio rápido que muitos jogos te dão pela própria interação que você deve ter ao jogar.
Vamos conferir isto e, para início de conversa, tirar os jogos educativos. Por mais que sejam jogos, eles têm o objetivo de ensinarem algo (educativos, d’uh). Começaremos com todos os jogos que se passam em alguma época da história mundial. Desde jogos de estratégia no Japão feudal (como a franquia Nobunaga’s Ambition) até os FPS que se passam em grandes guerras que já aconteceram (Medal of Honor e Battlefield, por exemplo), todos eles acabam inserindo o jogador no ambiente histórico.
Nobunaga's Ambition, uma grande aula sobre o Japão feudal. |
Já conseguimos aprender História, ótimo. Agora vamos para o lado das exatas. Toda a mecânica da série Portal, por exemplo, consegue ser uma belíssima aula de Física, principalmente na parte de mecânica. Quem nunca se perguntou por que ao entrar em um portal após cair de um lugar muito alto você sempre consegue ir mais longe? Aceleração da gravidade, claro! E se você é mais para o lado da Química, pode escolher o jogo SpaceChem: controlar reatores nucleares para formar moléculas parece ser algo bem interessante. No mínimo (e eu disse no mínimo), você decora a tabela periódica.
Se você acha pouco, quem nunca se deparou aprendendo inglês ao tentar jogar um jogo norte-americano? Ou então, quando você tentava entender algo daquele seu RPG em japonês até aprender que aquele símbolo significava uma habilidade de cura? Ou ainda quando você está jogando um simples RPG de mesa, onde sua habilidade de criação de personagem e enredo se equiparam a de uma redação escolar, e você consegue fazer uma aventura épica com seus amigos? Certo, acho que já deu pra entender.
Entendedores entenderão. |
Dando um “level up” no aprendizado
Todos estes exemplos vieram de jogos que já existem e que não tinham como função principal ensinar alguém, mas acabaram dando lições valiosas para nós, jogadores. Imaginem se nossos professores os usassem para nos dar lições nas aulas? Ou ainda se conseguissem produzir jogos direcionados para o aprendizado, mas sem perder a diversão que um verdadeiro jogo eletrônico tem? Temos todo o potencial para isto, só falta querer ir à luta e conseguir os pontos de experiência suficientes.
Talvez o problema seja o preconceito. Afinal, “videogames não ajudam em nada”, ou, pelo menos, é o que eu ouço constantemente por aí. Claro que sempre existem exceções, mas o jogo eletrônico não é considerado a décima arte à toa. Nós, jogadores, sabemos muito bem, mas precisamos que todos vejam. Os jogos podem não ser a forma de ensinamento do futuro, mas podem ajudar (e muito) a educação do nosso país.
Fiquei feliz quando, um dia desses, navegando por uma comunidade de criação de jogos amadores, eu encontrei um professor pedindo ajuda para conseguir desenvolver jogos para os seus alunos, de forma a melhorar o aprendizado deles. Se você também é um professor e está lendo esse texto, diga a sua opinião nos comentários sobre o assunto e não deixe de seguir o exemplo. Se você é um aluno, mostre isso ao seus docentes e veja o que eles acham. No mínimo, a sua aula pode ficar bem mais divertida.
Revisão: Vitor Tibério