Blast from the Trash: Série Dance Dance Revolution (GBC)

em 18/11/2012

Atualmente, um game sai para diversos consoles diferentes e ganha uma versão portátil, geralmente, um pouco inferior a original. O Assassi... (por Fábio Garcia em 18/11/2012, via Nintendo Blast)


Atualmente, um game sai para diversos consoles diferentes e ganha uma versão portátil, geralmente, um pouco inferior a original. O Assassin’s Creed do Vita é muito próximo ao do PlayStation 3, por exemplo. Mas em um passado não tão longínquo, a diferença entre consoles e portáteis era gigantesca, então os ports constantemente rendiam versões execráveis dos jogos. Por isso que vamos relembrar de Dance Dance Revolution GB, uma série de cinco jogos que só não é pior que um sorvete de pepino regado a óleo de rícino.

Explicando Dance Dance Revolution

Você, acostumado com os Dance Centrals e Just Dances da vida, talvez não conheça Dance Dance Revolution e não saiba a importância desta franquia. Talvez você já tenha visto o jogo Pump it Up em shopping centers ou nas poucas casas de arcades que restaram no Brasil. O jogo consiste em um tablado com quatro setas diagonais que precisam ser pressionadas com o seu pé quando a seta passar por um indicador na tela. Então, este arcade coreano é de 1999 e passou muito tempo sofrendo processos na justiça, porque era muito parecido com um jogo lançado no ano anterior pela Konami chamado Dance Dance Revolution, que consistia em... um tablado com quatro setas que precisam ser pressionadas com o seu pé quando a seta passar por um indicador na tela. Ah, mas as setas são direcionadas para os pontos cardeais, é a única diferença.

Dance Dance Revolution foi lançado como parte da série Bemani (uma maneira mais fácil para os japoneses pronunciarem “Beatmania”) da Konami, que era composta de diversos jogos musicais de arcades que simulavam instrumentos musicais. Por causa do sucesso, Dance Dance Revolution saiu para vários consoles, como o PlayStation, Dreamcast, PlayStation 2, GameCube (uma versão com o Mario, inclusive), Xbox 360 e... Game Boy Color. Por que, céus, por quê?

Poderes cósmicos dentro de um cartuchinho

Se os jogos de dança e ritmo surgiram graças ao aumento do tamanho das mídias de armazenamento (CDs ou cartuchos com grande capacidade), por que alguém inventou de lançar um Dance Dance Revolution para o Game Boy Color? Eu fiz a pergunta, mas tenho a resposta: porque vendia como água. Então, é um motivo mais que suficiente para a Konami se virar nos trinta e colocar um jogo musical em um cartucho de poucos kbytes de espaço.Dance Dance Revolution GB foi o primeiro, lançado em agosto de 2000, com incríveis dezessete músicas em um cartucho. A pergunta óbvia que fica é “mas como se joga este jogo se não tem um tapete como nas versões caseiras?”. Realmente, seria meio bizarro o jogo vir acompanhado de um tapete gigantesco, então a Konami criou um tabladinho de dedo. Um duro tabladinho de dedo para você dançar com seus dedos.

Se você não tivesse o acessório, a saída era jogar com o direcional do GBC, e aí entra a gambiarra da Konami. Se você já teve um Game Boy Color, deve ter notado que o direcional digital é um botão só. Nesse caso, seria impossível apertar o lado esquerdo e o direito ao mesmo tempo, como alguns passos de músicas mais elaboradas pediam. Assim, a Konami usou os botões A e B, que respectivamente valiam como “para a direita” e “para cima”.

Uma saída inteligente, ao contrário da ideia de se colocar músicas em MIDI em um videogame de péssima capacidade sonora. Se já foi um parto para a Nintendo colocar uma voz no Pikachu de Pokémon Yellow, imagine fazer um game musical! E no lugar de um dançarino, temos um bonequinho com menos quadros de animação que um figurante de jogo de luta da Capcom da década de 1990.

A saga continua

Dois meses depois, a Konami lançou o Dance Dance Revolution GB2 com mais vinte músicas. O jogo é tão parecido com o anterior que é quase impossível distinguir um do outro. E nem dá para comemorar o número superior de músicas, porque algumas são do primeiro jogo, aquele lançado alguns meses antes. Em fevereiro de 2001, a Konami lançou no Japão o Dance Dance Revolution GB Oha Super Kids Station, o jogo portátil que tem tantas músicas quanto palavras no título (isso mesmo, são apenas oito músicas).


E se você acha a janela de lançamento entre o primeiro e o segundo jogo curta, espera só até você descobrir que a diferença entre o lançamento do Dance Dance Revolution GB3 e o Dance Dance Revolution GB Disney Mix foi de apenas quinze dias! O terceiro jogo da série, bem, é a mesma coisa do original, mas a versão da Disney até que é boazinha, sabe? Ela é idêntica às outras, com a diferença que as músicas estão um tantinho de nada melhores. E, convenhamos, não se pode falar mal de um jogo de dança que coloca “Macarena” na lista de canções, é pecado. Ao invés dos bonequinhos desanimados de antes, agora são versões assustadoramente bem articuladas de personagens Disney dançando. O jogo só não é bom porque continua com uma jogabilidade péssima.

Seja o rei da gambiarra

Há uma maneira de se jogar esses jogos horrorosos com um tapete, acredite. Você precisa dos seguintes ingredientes: um GameCube (Wii não vale), um tapete original ou alternativo de Dance Dance Revolution (o do DDR Mario Mix serve), um Game Boy Player, um dos jogos da série DDR citados nessa matéria e oito xícaras de boa vontade. Ligando tudo isso junto, você consegue jogar os Dance Dance Revolution GB na sua televisão, além de um estresse por causa do atraso da jogabilidade. Prefira jogar o original com o tabladinho da Konami e... na verdade, prefira ficar longe desses jogos horríveis!

Assim como outros jogos musicais portáteis já analisados no Blast from the Trash (Space Channel 5 e Britney’s Dance Beat), os jogos da série Dance Dance Revolution GB mostram como uma mídia limitada pode estragar um jogo que faz sucesso em outros consoles. Você chegou a experimentar esses jogos? Conte aí nos comentários a experiência tenebrosa que foi!

Revisão: Lucas Oliveira
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