A indústria dos videogames é fascinante. A cada ano, somos presenteados com novas formas de se jogar, gráficos cada vez melhores e uma tonelada de títulos de qualidade. Infelizmente, alguns gêneros não conseguem acompanhar o caráter mutável dessa indústria. Estou falando dos games de plataforma. É inegável que desde a geração passada este nicho de jogos está perdendo sua força, com exceção dos jogos estrelados por Mario, que vão muito bem, obrigado. Entretanto, algumas empresas ainda se esforçam para trazer títulos de qualidade para o gênero, que já foi o mais tradicional de todos, ou pelo menos se esforçavam. É o caso da Acclaim com Vexx, game lançado para GameCube em 2003 que pouquíssimos tiveram a chance (ou vontade) de jogar. Descubra agora porque este é um dos melhores jogos que ninguém jogou no cubo mágico da Big N.
Em busca de vingança
Vexx conta a história de... Vexx, um garoto que vê seu avô ser assassinado por um demônio chamado Dark Yabu. Portando garras sagradas que se parecem muito com as de Wolverine, o rapaz embarca em uma jornada de vingança que acaba se transformando em algo muito maior, já que o vilão deseja destruir todo o mundo. Ok, eu admito que a história não seja lá grandes coisas, mas estamos falando de um gênero em que princesas são sequestradas todo santo ano só como justificativa para épicas aventuras com fases criativas e jogabilidade acima da média. Assim como as entradas em três dimensões do maior mascote da Big N, em que você deve atravessar diversas fases, derrotar chefes e resolver quebra-cabeças para acumular estrelas ou outros artefatos, Vexx segue um caminho muito parecido. No total são oito fases, que podem ser acessadas por meio de portais espalhados por um hub simples, mas prático o bastante para que você não perca tempo procurando a área que deseja explorar. Cada estágio possui cerca de oito corações, que devem ser coletados para destravar novos mundos até que Vexx consiga chegar ao embate final com seu arqui-inimigo. A premissa é muito simples, assim como a história. Vexx, no entanto, se destaca pela sua jogabilidade e design.
A grandiosidade de Vexx
Já vou avisando, este jogo é imenso! A aventura dura cerca de vinte horas, isso se você não estiver disposto a pegar todos os itens espalhado pelas fases, o que deve aumentar sua longevidade para no mínimo vinte e cinco horas de jornada. E que jornada! Os estágios são tão grandes que cada um daria um jogo por si só! E não pense que são cenários enormes e vazios, pois a Acclaim parece ter pensado em cada canto do jogo, espalhando conteúdo por toda parte. Espere por puzzles geniais, saltos extremamente precisos e chefes divertidíssimos, como um monstro lutador de sumô! Quanto aos puzzles, há um específico que marcou muito meu período com o jogo: Vexx entra em uma caverna em que as paredes são repletas de tapetes cheios de desenhos de pessoas, cidades e monstros. Ao lado da parece mais afastada há um portal, que quando tocado, transporta o herói para dentro dos tapetes, modificando completamente a jogabilidade para o consagrado estilo side-scrolling. Nesta perspectiva, Vexx deve atravessar todo o cenário, passando pelos complexos desenhos do tecido e finalmente chegando até a sua recompensa. É simplesmente genial a forma que a desenvolvedora fez com que cada elemento do cenário fosse completamente integrado à experiência! O jogo é recheado de momentos criativos como esse, então espere mais surpresas interessantes. Mas isso, só jogando para ver! 
Assim como Mario, Vexx possui movimentos básicos como ataques e diversos tipos de saltos. A novidade aqui fica por conta de um sistema de combos que consiste em desferir o máximo de ataques possíveis em um inimigo para liberar alguns poderes especiais do protagonista. Os combates são muito divertidos e, muitas vezes, me flagrei lançando inimigos para cima e batendo neles eternamente, só pela diversão de vê-los apanhando. Por fim, o título ainda conta com um sistema de dia e noite que adiciona diversos elementos às fases dependendo do horário que você as explora.
Produção competente
Vexx possui gráficos muito bonitos para sua geração, ainda mais se levarmos em conta o tamanho dos cenários e a grande quantidade de elementos espalhados por eles. É claro que eles não são perfeitos. Boa parte dos cenários é construída diante dos seus olhos, já que a draw distance do jogo não é lá grande coisa. Além disso, os inimigos são muito parecidos entre si, criando aquela sensação de que muito conteúdo foi reaproveitado durante o desenvolvimento do título. As músicas do game, apesar de pouco variadas, são excelentes e dão o tom para o clima dark da aventura. O jogo possui dublagem, e tanto ela quanto os efeitos sonoros são bastante competentes e contribuem para o fator imersão da jornada. 
Competição desleal
O game foi relativamente bem avaliado pela imprensa especializada, mas foi recebido com certo ceticismo e frieza pelos jogadores. E não é para menos, já que Super Mario Sunshine acabara de ser lançado e as atenções nintendistas estavam completamente voltadas para esse título. O jogo ainda foi lançado para PlayStation 2 e Xbox mas, como todos sabemos, o gênero não faz muito sucesso fora de consoles da Nintendo. Vexx é um game honesto e segue fielmente a cartilha de títulos de plataforma sem se preocupar muito em inovar e contribuir para a evolução do gênero. Entretanto, a execução é tão boa e o jogo é tão divertido que a imensa jornada já se faz valer. Certamente, estamos diante de um daqueles excelentes games que ninguém jogou. Enfim, mais um título subestimado que ficou à sombra de franquias de peso.
Revisão: Catarine Aurora
