Na geração 128 bit, a Electronic Arts era a detentora dos direitos de produção de games baseados no agente 007, criação literária de Ian... (por Unknown em 15/11/2012, via Nintendo Blast)
Na geração 128 bit, a Electronic Arts era a detentora dos
direitos de produção de games baseados no agente 007, criação literária de Ian
Fleming. Inicialmente, a empresa investiu em dois títulos em primeira pessoa:
Agent Under Fire e Nightfire. Dois títulos razoáveis, mas que nem chegavam aos
pés de GoldenEye, o atemporal sucesso da Rare, lançado para Nintendo 64. Na
aflição de não conseguir superar o insuperável, a EA decidiu mudar
completamente a fórmula da franquia e criar games em que os jogadores se
sentissem de fato na pele de Bond. Assim nasceu Everything or Nothing, game de tiro em terceira pessoa com elenco e produção estelares, que rapidamente caiu nas graças dos fãs do agente secreto.
Superprodução!
A EA investiu pesado em Everything or Nothing, e isso já
pode ser notado em seu roteiro. Escrito por ninguém menos que Bruce Feirstein,
roteirista de grandes sucessos da franquia como GoldenEye, Tomorrow Never Dies
e The World is not Enough, o game narra uma missão em que Bond deve impedir os
planos de Nikolai Diavolo, um terrorista obcecado por tecnologia que teve
ninguém menos que Max Zorin - vilão de A View to a Kill (1987) - como mentor. O
game conta com um elenco de primeira, sendo pioneiro da franquia no uso de
atores reais para os papéis. Entre os convidados estão Pierce Brosnan, Judi
Dench, Willem Dafoe, Heidi Klum e John Cleese, sendo que todos os atores
cederam sua imagem e emprestaram suas vozes para dar vida a seus personagens.
Logo no início, já dá para notar que o game não se trata de
mais uma tentativa frustrada de se criar um game bom do agente. A campanha
começa como a grande maioria dos filmes, Bond deve cumprir uma missão. No caso
de EoN, ele deve recuperar uma bomba em uma base militar no Tajiquistão. Após
tiroteios e perseguições frenéticas, o game nos surpreende com uma abertura
digna da série, contando com uma música tema original cantada pela cantora
americana Mya, que também faz uma ponta no elenco da história. A música não é
excelente, mas supera Another Way to Die, de Quantum of Solace com facilidade.
Com o clima criado, o jogo (ou seria filme?) pode começar!
A mistura que deu certo
O eficiente sistema de mira de EoN
EoN é um game longo e variado. Contando com impressionantes
vinte e nove missões, o título possui estágios de espionagem, tiroteio, pilotagem
de veículos e até rapel, a adição mais criativa e divertida da EA para a
aventura. As fases se passam em diversas partes do mundo, tornando tudo ainda
mais parecido com os filmes do agente secreto. A jogabilidade das fases a pé é
bem parecida com a da franquia Splinter Cell, exceto pelo fato de que Bond não
executa todas as acrobacias de Sam Fischer. EoN, no entanto, foi um dos
primeiros games de tiro em terceira pessoa a utilizar um sistema de cover, algo
amplamente utilizado atualmente. Além disso, o jogo conta com uma sacada
genial: o sistema de mira. Ao travar a mira em um inimigo, há uma pequena
retícula que possibilita que você escolha que ponto do corpo do inimigo você
deseja atingir, sendo isso algo que, em conjunto com o sistema de cover, adiciona
um pouco de estratégia aos tiroteios, que geralmente não necessitam que o
jogador pense muito. Os controles são muito precisos, apesar de um pouco
confusos inicialmente.
O título exige que o jogador pense antes de agir
A EA fez de tudo para que sua criação parecesse um filme de James Bond. Então é
claro que as invenções mirabolantes de Q não poderiam ficar de fora! O agente
utilizará diversas ferramentas criadas especificamente para sua missão, sendo a
mais legal delas a Q-Spider, uma aranha mecânica que pode se infiltrar em
tubulações e outros espaços que o agente não caberia. O equipamento, controlado
remotamente pelo agente, é capaz de tirar fotos e se autodestruir para levar
consigo seja lá o que Bond deseja mandar pelos ares. O uso dos equipamentos é
bastante divertido, e contribuem muito para a imersão dos jogadores.
As fases de pilotagem são espetaculares!
As fases de pilotagem também são extremamente bem
executadas, e não é para menos, já que quem ficou responsável por elas foi a
equipe de Need for Speed, franquia de corrida de grande sucesso da EA. Essas
missões são eletrizantes e intensas, recheadas de efeitos especiais e momentos
roteirizados de extrema qualidade. E não pense que você só controla um daqueles
carrinhos modestos do agente. Além de controlar diversos carros, cheios de
parafernálias de Q, você ainda controlará um tanque, uma moto e até um helicóptero.
Tá bom ou quer mais?
O título ainda conta com um sistema interessante de medalhas
conquistadas a partir dos chamados Bond Moments, momentos especiais em que o
jogador deve pensar e agir como Bond. Alias, é em momentos como este que EoN evidencia todo seu brilho, pois, as missões, apesar de lineares, possuem
diversas formas de serem cumpridas, dando total liberdade ao jogador em adaptar
o game ao seu estilo de jogo. O título ainda conta com três níveis de
dificuldade, que, como de praxe na série, alteram a quantidade de objetivos por
estágio.
As cenas de ação que fazem a fama da franquia estão por todos os lados!
Somente para os seus olhos
É impressionante o patamar que a Electronic Arts conseguiu
elevar a franquia. O nível de produção do game é altíssimo e isso se reflete em
cada canto dos cenários do título. Os gráficos são maravilhosos para o
GameCube, apresentando texturas variadas, modelagem precisa dos personagens e
uma direção artística de dar inveja a muitos games do gênero. Há um estágio
específico em que o agente deve realizar um salto em queda livre que mostra
claramente o cuidado da empresa para trazer uma experiência forte e fiel para
os fãs mais fervorosos de 007. Infelizmente, em alguns momentos, o game sofre de
certas lentidões, mas nada que prejudique muito a fantástica experiência.
Nada como se jogar de um penhasco para admirar a paisagem
A parte sonora segue a excelência conquistada por todo o
resto do título. As atuações (exceto a de Mya, que é comicamente ruim) são
impecáveis, com destaque para a genial atuação de Willlen Dafoe como o grande
vilão da vez, que deixa no chinelo muitos dos vilões mais recentes da franquia
nos cinemas. As músicas dão o clima da aventura e se encaixam perfeitamente em
todos os momentos, tornando a experiência ainda mais marcante.
"Volta aqui, Jack White!!"
EoN foi deveras bem recebido, seja pela imprensa
especializada ou pelos jogadores e fãs da franquia. Muitos até consideraram o
título o melhor do agente até então, finalmente superando GoldenEye. O
excelente feedback fez com que a EA repetisse a fórmula, mas dessa vez com um
título baseado em um filme clássico do agente, From Russia with Love, de 1965,
estrelado por Sean Connery. O título é o exemplo perfeito de como as produtoras
são capazes de entregar jogos excelentes caso se esforcem para criar uma
experiência consistente que não seja lançada apenas para cumprir tabela. Uma
coisa é certa: Everything or Nothing é muito mais Bond que Die Another Day,
sorte que Brosnan pôde se despedir da franquia de forma digna, mesmo que não
convencional.
Unknown
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