Para aqueles que acreditam fielmente que o gênero Survival
Horror nasceu nos chamados consoles de 32 bits,
eu estou aqui para apresentar um verdadeiro título precursor, que
apareceu pela primeira vez em 1995, no sensacional Super Nintendo. Um ano antes
de Resident Evil dar as caras, Clock Tower: The First Fear já fazia com que os
japoneses respirassem com mais dificuldade.
Corra, Jennifer, corra!
O primeiro elemento claro de Survival Horror que há em Clock
Tower é seu gameplay assustador. A protagonista se chama Jennifer, uma órfã de
catorze anos que está sendo perseguida por
Bobby, um serial killer que carrega consigo uma tesoura gigantesca. Sua
missão é extremamente simples: se esconder e sobreviver. Não há como atacarmos
o assassino, movemos um cursor como se fosse um mouse para direcionar a mocinha
em sua fuga e seus esconderijos. Os momentos onde a perseguição do assassino
Bobby inicia-se são, normalmente, acionados graças
a alguma investigação de Jennifer, mas de vez em quando ela pode começar
de forma mais aleatória, assim que a mocinha entra em alguma sala. Sua barra de
energia é representada por sua foto no canto esquerdo da tela, mas que também é
representada pelo nível de medo da personagem. Algo inédito para a época.
Quanto mais apavorada a protagonista está, mais fácil pode ocorrer de ela
tropeçar ou sofrer confrontos com Bobby.
Clock Tower possui nove finais,
que dependem das escolhas que fazemos durante o game. Além de oferecer
momentos eletrizantes para a narrativa, isso tudo faz com que o fator replay
seja maior, já que o título é curto. A verdade é que é impossível jogá-lo e não
querer finalizá-lo de todas as formas possíveis. O que fez com que eu, por exemplo,
passasse um fim de semana inteiro só jogando para ver cada conclusão. Não há
nada mais assustador para se jogar no saudoso Super Nintendo.
O primeiro medo
Na época de seu lançamento, Clock Tower: The First Fear foi estrondoso. Seu sistema era inovador,
garantia sustos e possuía uma complexidade pouco vista nos games da era 16
bits. Era magnífico quando você precisava parar de resolver um puzzle para
começar a fugir como louco para salvar
sua vida. Antes mesmo de nos acostumarmos a tomar sustos com Resident Evil ou
Silent Hill, um game de SNES já nos fazia tremer. Lembrando, também, que nesta
parte dos anos 90 os chamados filmes de “Terror adolescente” dominavam as salas
de cinemas com exemplos como Pânico e Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado.
Infelizmente, poucos de nós tiveram o prazer de jogar Clock Tower, pois ele
nunca foi lançado fora do Japão, provavelmente por causa de seu estilo
inovador. De qualquer forma, os afortunados que se divertiram e se assustaram
com o pavor de Jennifer (assim como este que vos escreve) jamais vão se
esquecer de cada momento fugindo de Bobby e sua tesoura de jardineiro.
Levar sustos em pixels pode ser muito mais empolgante se for
feito de uma forma competente. Clock Tower: The First Fear não era apenas bem feito,
mas conseguia usar todo o potencial do SNES,
desde seus gráficos até seu som. Nesta semana de Halloween, aproveite para
conhecer esse sensacional título.
Revisão: Bruno Nominato