A lenda continua
O primeiro destaque vai para o fato de que, diferente do que ocorreu em Pokémon Crystal (GBC), Pokémon Emerald (GBA) e Pokémon Platinum (DS), a história do jogo não corre no mesmo tempo que os seus jogos base (Gold/Silver, Ruby/Sapphire e Diamond/Pearl, respectivamente). Neste caso, nós temos uma aventura que ocorre dois anos após a conclusão dos eventos de Black/White – o que explica o número “2” no título.
Nesta nova empreitada, o jogador assume um novo personagem que vive em uma área não explorada em Black/White, na região sudoeste de Unova. A Equipe Plasma parece erguer-se novamente, porém sem o seu antigo rei N, que saiu viajando mundo afora após o final do game anterior. Com isso, suspeita-se que os ideais da equipe estejam novamente distorcidos para a conquista dos Pokémon, e não sua libertação; dessa forma, é preciso que um novo herói entre em ação.
O plano da equipe envolve o uso de um Pokémon lendário, cuja história é incompreendida e cuja lenda se distorceu no decorrer dos anos. O atual líder da Plasma sabe qual é sua verdadeira origem e como ressuscitar o seu poder no ápice, e ele não vai medir esforços para tal, mesmo que tenha de declarar guerra contra toda região de Unova.
Diversos personagens aparecem novamente para dar suporte ao
protagonista, agindo como mentores e parceiros. Cheren e Bianca, amigos
do personagem principal em Black/White,
surgem como um líder de ginásio e a ajudante da Professora Juniper. O interessante é a forma com a qual o jogo
demonstra que o tempo não para, mostrando a gradativa evolução de todos os
personagens da trama anterior, tanto psicológica quanto física. Mas se for para
falar dos novos – e antigos – personagens, vamos dar um destaque mais
importante a eles.
Novas faces, velhas histórias
Como já citei previamente, muitos personagens fazem o seu retorno enquanto outros deixam seu legado e partem em novas empreitadas. Cheren assume o posto de primeiro líder de ginásio, lecionando em uma escola na primeira cidade do jogo. Bianca agora é uma exploradora, estudiosa do mundo Pokémon. Muitos dos líderes aparecem novamente com novos projetos, como os túneis subterrâneos de Clay e o desfile de moda no novo ginásio de Elesa. Até mesmo Iris, a antiga líder do oitavo ginásio em Pokémon White mostra-se evoluída, porém se quiserem saber como, terão de jogar o game.
Além dos clássicos, encontramos alguns personagens novos e
bem carismáticos. Colress, por
exemplo, é um professor misterioso que estuda a forma de extrair o potencial
máximo dos Pokémon e tenta descobrir meios e situações que façam
das criaturinhas mais fortes. Dois líderes de ginásio novos surgiram com a
saída de alguns anteriores. Roxie, a
líder do ginásio venenoso, é baixista e vocalista em uma banda de rock,
enquanto Marlon é o detentor do
oitavo ginásio, com um estilo largado que nos lembra Brawly, segundo líder em Hoenn.
O rival desta geração possui um visual arrojado, mas sua
personalidade é totalmente diferente em relação ao que estamos
habituados; é um rapaz traumatizado por algo que a Equipe Plasma fez a ele, e
possui um ódio incondicional pela trupe. Além disso, o rapaz é protetor e
parceiro em relação ao protagonista, algo que nos faz questionar se ele
realmente pode ser considerado um rival.
Alder, antigo
campeão de Unova, aposentou-se de seu cargo e passou a lecionar para jovens em uma das primeiras cidades do
game. Seu legado continua com o seu neto, Benga
(sem piadinhas, por favor), um verdadeiro prodígio do mundo Pokémon – como irei
explicar melhor mais tarde.
Enfim, não tem como eu falar de todos os personagens, sejam novos ou
antigos, cada um contém sua biografia e suas características marcantes. Todos têm uma
história para contar e conforme vai se jogando o título, percebe-se que cada
vez mais há algo novo para se
aprender.
O jogo também evolui
A diferença mais notável de BW para BW2 é a forma
com a qual as mecânicas do jogo foram aproveitadas. O game traz um toque a mais
de realismo, saindo do modismo de batalhas um contra um o tempo todo. Temos
batalhas em duplas, trios, e rotatórias
com bastante frequência e o mais interessante são que as lutas em dupla com parceiros
são extremamente comuns. A emoção transmitida pelas lutas consegue quebrar o
estereótipo de “preciso vencer pra terminar o jogo”, trazendo a sensação de
“preciso vencer pra salvar o mundo”.
Outro fator importante é que o acabamento do jogo está impecável.
Digo sem hesitar que este é o jogo da série Pokémon que conseguiu abusar mais
dos gráficos sem sair do padrão, com visões de várias perspectivas, detalhes
apurados e conta, até mesmo, com cenas em CG para os grandes eventos do
título. Inclusive em pequenos detalhes, como a movimentação dos treinadores ao chegar no campo e
a constante movimentação dos monstrinhos, outrora
quase estáticos, agora foi ampliada, fazendo de cada detalhe importante.
Para encontrar os monstrinhos, além das já habituais gramas
altas e gramas escuras, temos agora algumas novas formas de encontrar as
mascotes. A primeira são os Hidden
Grotto’s, locais escondidos entre árvores que dão acesso a Pokémon com suas
habilidades ocultas (previamente só adquiridas via Dream World). Outra forma é
o uso do Pokémon Dream Radar, que
permite capturar os monstrinhos em um minigame exclusivo do 3DS (sendo a única
forma de obter Tornadus, Thundurus e Landorus, entre outros lendários).
Black City e White Forest, os territórios exclusivos
de BW receberam um upgrade na nova versão também. Os
territórios ainda possuem a mesma base, porém receberam a “Black Tower” e “White
Treehollow”, duas estruturas que envolvem escalar todas as áreas de modo a
enfrentar o líder do local no maior estilo Battle
Frontier. Infelizmente é somente uma estrutura de dez áreas e que não vai
levar muito tempo para ser concluída, mas é uma adição e tanto principalmente
para treinar seus Pokémon. Quem aguarda no topo é Benga, o neto de Alder, com um time realmente intenso e
amedrontador – com poder equiparável, ou
mesmo superior, ao do campeão de Unova.
Similar aos sistemas de conquistas, o game possui agora as “Medalhas”, que são adquiridas ao
executar determinadas missões pré-determinadas pelo jogo. As missões variam
bastante, como andar 10.000 passos, salvar o jogo 20 vezes ou até mesmo vencer
a Elite 4 e o Campeão com somente um Pokémon. É algo interessante que estende o
fator replay, mas existem missões que realmente serão um porre de fazer. Bem,
temos que pegar todas!
Ainda temos outras adições importantes como a Join Avenue, que permite a criação de
um corredor com lojas das pessoas que se conectaram com você e contendo itens
exclusivos, e o Unova Link. Este
segundo é importante por poder alterar diversas mecânicas do jogo, como trocar
o nível de dificuldade, conectar-se com o Dream Radar e até mesmo trocar se a
área de seu jogo é Black City ou White Forest. O sistema funciona a partir de chaves
que podem ser partilhadas via wireless, assim um jogador de Black 2 pode ceder suas funções
exclusivas para um jogador de White 2
e vice-versa. Mas a função mais importante do Unova Link se chama “Memory Link”.
Esse sistema funciona da seguinte maneira: ao conectar via
wireless ou Wi-Fi (através do Game Sync)
com seu cartucho predecessor (BW),
diversas novidades são liberadas em BW2.
Alguns exemplos são flashbacks que descrevem algumas das mudanças nos
personagens, permite capturar Pokémon que pertenciam a N e até mesmo enfrentar
Bianca e Cheren com seus times de BW.
É realmente algo interessante, valorizando quem adquiriu os predecessores.
Claro, o jogo não passa sem suas falhas; o feeling que o título oferece é muito
semelhante ao do seu predecessor, dando a sensação de ainda estar jogando BW e não sua sequência. Além disso, tem
muita coisa que foi reaproveitada do título anterior sem nenhuma mudança – como
a casa de Cynthia em Undella e o
design de certos locais. Apesar disso, eu não vejo esses atributos como
significativamente negativos, não atrapalham a obra-prima que o jogo é em geral.
A chance de ser o melhor!
Duas novas estruturas surgiram nesse título de modo a atrair a atenção dos fãs; um deles não funcionou muito bem, já o outro é épico.
O primeiro é o PokéStar
Studios, que permite a gravação de filmes seguindo determinados roteiros.
É divertido no começo, mas os filmes possuem roteiros tão óbvios que acabam cansando após algumas experiências. Não que seja ruim, mas é o tipo de coisa
que é preciso estar no clima para fazer – assim como outros minigames da série,
como os Contests e o Musical.
Já o segundo é onde a coisa fica divertida: Pokémon World Tournament. Essa novidade
é um local onde há torneios no estilo mata-mata com diversos treinadores,
podendo encarar lá todos os líderes de ginásio de todas as gerações. Já está
animado de poder enfrentar Giovanni,
Misty e Brock? Espere até saber que é possível encarar também todos os
campeões de todos os continentes. Sim, desde Steven e Lance até mesmo
Blue e Red. Não sei vocês, mas eu chego a tremer só de pensar no desafio.
Como puderam ver, as mudanças são muitas de Pokémon Black/White para Black/White 2, e conseguiram fazer uma sequência digna para os últimos games dessa geração. Foi uma jogada arriscada? Foi. Mas certeira. Mesmo com as críticas, pessoalmente acredito que BW2 é um dos melhores senão o melhor jogo da série até agora, conseguindo trazer de volta o que os jogadores já queriam há tempos: conteúdo. Afinal, de nada adianta muita quantidade e pouca qualidade, né? Felizmente, aqui nós temos os dois.
Revisão: Catarine Aurora