Discussão: O potencial ainda não explorado do StreetPass

em 24/10/2012

Encontrar a luz de notificação do 3DS iluminada na cor verde é uma ótima surpresa: você encontrou outro jogador e fez StreetPass . Mas s... (por Farley Santos em 24/10/2012, via Nintendo Blast)

Encontrar a luz de notificação do 3DS iluminada na cor verde é uma ótima surpresa: você encontrou outro jogador e fez StreetPass. Mas será que essa alegria é justificada? Existem reais vantagens ao se fazer StreetPass? Olhando com calma, é possível concluir que o StreetPass é incrível, mas seu uso ainda não é dos mais criativos. Quais são os problemas com ele? Como explorar melhor o seu potencial?

De onde surgiu o StreetPass?

O StreetPass é um recurso que permite que dois consoles 3DS troquem informações entre si quando estão próximos, mesmo em modo de descanso. As informações trocadas dependem da criatividade do desenvolvedor: itens, recordes, personagens, missões... qualquer coisa pode ser transferida entre jogos e aplicativos.



Hideki Konno, um dos produtores do 3DS, decidiu incluir o recurso por conta do sucesso do Tag Mode de Dragon Quest IX: Sentinels of Starry Skies (DS) no Japão. Neste modo os jogadores podem trocar mapas do tesouro quando o jogo está em modo de descanso. A febre foi tão grande no país do sol nascente que era muito comum ver aglomerações de jogadores trocando mapas, sendo o ápice um evento no qual participaram por volta de 600 pessoas. No 3DS o recurso foi otimizado para que não fosse necessário estar com o jogo em execução para as trocas acontecerem.

No Japão o sucesso do StreetPass era inevitável devida à grande concentração de consoles, mas e no Ocidente? Mesmo em grandes e populosas cidades ainda é difícil encontrar outros jogadores com o console fora de eventos como feiras e convenções. A solução partiu dos próprios jogadores: comunidades foram formadas para fazer StreetPass e jogar. A Nintendo se aproveitou da situação e criou um canal próprio para que os eventos fossem organizados. O problema acabou incentivando a socialização entre gamers, um diferencial para o 3DS.

Jogadores em um dos inúmeros encontros pelo Brasil

O potencial desperdiçado

Mesmo sendo utilizado em várias dezenas de jogos, vocês se sentem completamente incentivados a caçar outros donos de 3DS para fazer StreetPass? Eu não. O problema é justamente o uso não significativo do recurso. A maioria dos jogos utilizam o StreetPass para trocar perfis ou recordes dos jogadores, nada muito interessante. Alguns poucos jogos têm uso um pouco mais complexo e útil, como o envio de gemas de armas em Kid Icarus: Uprising. Entretanto, o incentivo ainda é pequeno e não complementa a experiência de jogo.

Além da dificuldade de encontrar pessoas com o console, existe outro problema: encontrar alguém que tenha o mesmo jogo que você. Claro, jogadores que possuem títulos populares como Mario Kart 7 são fáceis de se encontrar, mas fazer StreetPass em outros games, como Sonic Generations, é algo raro.

Acaba que o uso mais legal e completo continua sendo a Praça Mii, software que já vem instalado em todos 3DS. É divertido receber Miis, coletar as peças de quebra-cabeça e explorar as salas do Mii Resgate, com o incentivo de encontrar as mesmas pessoas repetidas vezes para aumentar o nível dos avatares. Infelizmente a simplicidade do game e a dificuldade de encontrar estranhos pela rua faz com que a sensação de novidade desapareça rapidamente.

Melhorando as interações

O que fazer para melhorar o uso do StreetPass? O primeiro passo é acabar com essa necessidade de ambos jogadores terem o mesmo jogo. O uso teria que ser diferente, mas é perfeitamente possível. Outra ideia é não se limitar à troca de perfis e itens. O StreetPass precisa ser uma adição significativa, que não comprometa a experiência de jogo. Incentivar encontrar-se com a mesma pessoa, seja através de melhorias progressivas ou novos desafios, é uma ideia interessante também. O SpotPass, serviço de troca de informações via internet, poderia ser utilizado no lugar do StreetPass, com as devidas adaptações, para aqueles que vivem em locais nos quais é difícil encontrar outros proprietários do portátil.


Tomando essas ideias como base, pensei em dois usos inusitados para o StreetPass. O primeiro seria em um novo New Super Mario Bros. Cada jogador criaria um trecho de uma fase, através de ferramentas dentro do game. Ao fazer StreetPass, os vários trechos de fases recebidos seriam combinados e uma fase completamente nova estaria disponível. Quanto mais StreetPasses, mais fases estariam disponíveis. Já em um novo episódio da série Pokémon, o StreetPass seria bem útil: cada jogador escolheria e enviaria o DNA de um pokémon. Ao receber as informações genéticas de um monstrinho de bolso vindo de outro 3DS seria possível criar um ovo. A novidade seria a opção de injetar mais DNA no ovo através de novas interações via StreetPass, possibilitando aumentar a chance do pokémon nascer com certos ataques ou atributos.


Voltando para o presente, um exemplo de uso do StreetPass que considero bem completo está em Bravely Default: Flying Fairy, RPG da Square-Enix. Ao encontrar alguém que também tenha uma cópia do jogo, um dos personagens dessa pessoa pode ser invocado em batalha para executar um ataque especial, que se torna mais poderoso ao ser utilizado várias vezes. Outro incentivo no game está na forma de uma cidade destruída que recebe habitantes via StreetPass: quanto mais cidadãos, mais rápido a vila pode ser reconstruída. Por fim o SpotPass também pode ser utilizado para receber estes benefícios. Note que são somente extras não obrigatórios que complementam o jogo.

Inovação adormecida

Mesmo com um uso simples por parte dos desenvolvedores, o StreetPass é uma ótima e inovadora característica, um excelente incentivo para carregar seu portátil sempre com você. Considerando o fato de que o 3DS tem pouco mais de um ano de vida, a tendência é que usos mais criativos apareçam no futuro. E vocês, concordam que o real potencial do StreetPass ainda não foi explorado? Conhecem algum jogo que tenha um StreetPass legal? Alguma ideia interessante envolvendo o recurso?

Revisão: Vitor Tibério
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é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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