O primeiro título da empresa foi TimeSplitters, um FPS com um modo multiplayer robusto, porém com uma campanha single-player bastante inconsistente. Dois anos depois, a Free Radical lançou a sequência de seu game: TimeSplitters 2. O resultado do esforço da desenvolvedora foi a criação de um dos melhores first-person shooters da geração 128bit.
Aprendendo com os erros
O primeiro título da franquia possuía uma campanha muito fraca para um jogador, já que o foco do jogo eram as frenéticas competições em tela dividida. A Free Radical tratou de consertar o problema em TimeSplitters 2, criando uma campanha divertida e recompensadora. O game conta a história da guerra entre os humanos e os TimeSplitters, raça alienígena que deseja destruí-los e dominar o planeta Terra. No entanto, ao invés de simplesmente destruir o planeta, no melhor estilo Independence Day, os alienígenas utilizam cristais do tempo para sabotar diversos momentos da história da humanidade, trazendo a ruína sem derramar muito sangue. Extraterrestres simpáticos estes, não?Nesse momento entram os heróis da história, Cortez e Hart. Dois soldados barra pesada que devem viajar no tempo, se meter em várias encrencas para salvar o mundo dos malignos TimeSplitters! Soou muito “Sessão da Tarde”? Então estamos no caminho certo! O game conta com o clima bobo e inocente de comédias de ação dos anos 1980 e 1990, dando todo um charme para a história, que apesar de simplória, é bastante divertida. Os personagens são caricatos e estereotipados, assim como os cenários, que vão desde uma Chicago nos anos 1930, cheia de mafiosos, até a Catedral de Notre Dame, onde Cortez deve se livrar de um ataque de zumbis. O mais legal é que os personagens assumem a forma de estereótipos do período em que estão realizando a missão. Por exemplo, em uma missão que se passa no Velho Oeste, os heróis assumem o papel de caçadores de recompensas, enquanto em outra missão que se passa em uma fábrica de robôs, os personagens se transformam também em robôs. Tudo com o humor tipicamente britânico da Rare, o qual todos adoramos.
Mantendo os acertos
TimeSplitters contava com controles precisos e muita fluidez. O game rodava a 60fps e dificilmente apresentava alguma lentidão. Os controles eram de fácil adaptação e o gameplay era bastante variado, contando com um arsenal extremamente criativo. TimeSplitters 2 foi pelo mesmo caminho. O game pegou tudo que havia em seu predecessor e adicionou ainda mais conteúdo, mas mantendo a boa qualidade. E se o game já é excelente em seu modo para um jogador, é nos modos para dois ou mais jogadores que o título realmente brilha! Em primeiro lugar, a campanha pode ser jogada inteiramente em modo cooperativo para dois jogadores em tela dividida. O modo é extremamente divertido, e garante momentos épicos para os jogadores. É o jogo ideal para passar tardes e mais tardes dos finais de semana curtindo com os amigos.Os modos competitivos são ainda melhores! O game conta com mais de cem personagens controláveis, em diversas e extensas fases extremamente bem construídas. Os modos vão do clássico Death Match até outros como Capture the Bag, a versão do título para o tradicional Capture the Flag. Caso você não tenha amigos, também é possível lotar o cenário de bots, e se divertir (quase) da mesma forma. Como se não bastasse, o título ainda conta com um editor de fases para o multiplayer que possibilita a criação de níveis extremamente complexos com bastante facilidade. Provavelmente essa robustez de conteúdo é o ponto mais interessante não só do título, como de toda a franquia. Seu fator replay é praticamente infinito.
A nostalgia “Rareana”
Como já dito, a Free Radical contava com uma equipe de peso vinda da Rare. Entre as pessoas que vieram a fundar a empresa estão o genial compositor Graeme Norgate, responsável por nada menos que as trilhas sonoras de Killer Instinct (SNES), GoldenEye, Perfect Dark, entre outras pérolas, e David Doak, uma das melhores cabeças por trás da desenvolvedora britânica durante seu período de ouro. Doak é até um easter egg de GoldenEye, ou quem não se lembra do Dr. Doak na segunda fase do game? Quem se diz nintendista (ou gamer) e nunca matou este infeliz, precisa urgentemente de uma aula de história dos videogames!A nostalgia já começa na primeira fase, que se passa em uma represa na Sibéria. A trilha sonora é espetacular a remete diretamente ao clássico de Nintendo 64. Além disso, a própria jogabilidade é bastante similar à do game do agente secreto. Já as outras fases possuem identidade própria, mas o estilo dos cenários, e até mesmo dos próprios objetivos das missões são facilmente identificáveis como algo que passou pelas mãos dos produtores de GoldenEye e Perfect Dark.
Futuro imperfeito
Após TimeSplitters 2, a Free Radical ainda lançou uma sequência para o título: Future Perfect é tão bom quanto seu antecessor, e expandia ainda mais tudo que a franquia trouxe de bom. Infelizmente, a Free Radical passou por sérios problemas financeiros, e foi comprada pela Crytek, produtora do excelente Crysis. Mesmo não falindo, a empresa não tem mais a força que possuía anteriormente, e a franquia TimeSplitters ficou para escanteio. Recentemente, a Crytek perguntou a seus fãs se eles gostariam de mais um game da franquia e o retorno não foi “satisfatório o bastante”. Uma pena, já que TimeSplitters poderia evoluir muito mais, estando lado a lado com franquias benchmark do gênero como Call of Duty.Revisão: Lucas Oliveira