Três anos após o lançamento de GoldenEye, o clássico supremo da Rare para o Nintendo 64, uma empresa também britânica e não muito conhecida chamada Eurocom assumiu os direitos da franquia do agente secreto mais famoso dos cinemas. 007: The World is Not Enough é o primeiro game da empresa baseado na franquia e foi lançado no final do ano 2000. A qualidade do título surpreendeu até os mais céticos, que afirmavam que nenhum game de Bond chegaria aos pés de GoldenEye. Entretanto, obviamente o game sempre ficou às sombras do título da Rare, e ainda de Perfect Dark, que foi lançado na mesma época. Por isso, neste texto resolvemos dar o valor que este título merece, relembrando os bons momentos que ele proporcionou (ou poderia ter proporcionado) a todos!
Seu nome é Bond, James Bond
The World is Not Enough é um game criado com atenção aos mínimos detalhes, para agradar a todos os fãs da franquia e de títulos em primeira pessoa. Para começar, o jogo é dublado pelos atores do filme, contém cenas do longa para explicar a história e é fiel a cada momento vivido pelo agente nas telonas. O filme narra uma missão em que o agente deve deter Renard, um terrorista que deseja destruir diversos oleodutos espalhados pelo mundo para que o império de sua amante, Elektra King, obtenha lucros extraordinários. Renard é, provavelmente, um dos vilões mais perturbados que Bond já enfrentou. Isso porque o infeliz levou um tiro na cabeça e a maldita bala ficou presa em seu cérebro, tornando-o imune a qualquer tipo de dor. O preço que o vilão paga pela sua força é que sua vida vai se acabando lentamente, já que a bala está afetando todo seu sistema nervoso. Completamente insano! Já sua amante se faz de boazinha durante grande parte da trama, quando finalmente revela que matou o próprio pai só para colocar seu plano em prática. Para deter o casal 20, Bond deverá atravessar o mundo, matar uma horda de pessoas que surgem do nada de todos os lugares e utilizar exaustivamente os geniais gadgets criados por Q.
O game conta com 14 fases que acompanham de perto toda a ação do filme. O ponto mais legal aqui é que as fases são muito variadas e possuem mecânicas diferentes entre si. Enquanto alguns estágios exigem que o jogador pense em cada movimento que irá realizar para não chamar a atenção de ninguém, outros forçam o jogador a assumir o papel de um exterminador que deve destruir tudo que passa pela sua frente. Além disso, há uma missão em que o agente deve fugir de seus inimigos esquiando montanha abaixo. Nessa fase, o gameplay é em trilhos e o jogador fica responsável apenas por mirar e atirar. Não é tão divertido quanto o restante do título, mas adiciona uma variedade necessária ao game.
Novos horizontes
É exatamente com esta variedade que The World is Not Enough se distancia de GoldenEye. O game possui tantos equipamentos e variações no gameplay que fará você sentir na pele o quão tensas são as situações que Bond deve enfrentar para completar sua missão. Dentre as parafernálias que o agente pode utilizar estão uma caneta granada, um falsificador de impressões digitais, óculos de visão noturna, entre outros muitos equipamentos. E o melhor: nenhum deles é inútil ou subaproveitado! Na dificuldade 00, todos os itens devem ser utilizados cuidadosamente para que Bond complete sua missão.
Além da extensa e intensa aventura single-player, o título ainda conta com um modo multiplayer split screen para até quatro jogadores. As fases, no entanto, são muito pequenas e nem de longe tão memoráveis quanto as de GoldenEye que, neste quesito, ganha de lavada de The World is Not Enough. Mesmo assim, o game apresenta um multiplayer sólido, capaz de agradar a todos que curtiram GoldenEye com seus amigos.
Super produção!
Outro fator de destaque do título é seu nível de produção. Os gráficos do título são lindos, e a engine criada pela Eurocom coloca o game muito à frente do título da Rare. Os visuais são coloridos, detalhados e a draw distance dos ambientes abertos é invejável. Tudo isso sem apresentar nenhuma lentidão, mesmo quando há diversos inimigos na tela. A história é contada com cenas do próprio filme e os diálogos in-game são dublados. Um feito e tanto para um título lançado para Nintendo 64. O único problema quanto à performance do game é que a inteligência artificial não é brilhante. Não chega a ser ruim, mas não chega nem perto do que é apresentado em Perfect Dark, por exemplo. A trilha sonora do título também é excelente, assim como a do filme, que conta com a excelente música tema lançada pela banda americana Garbage. Neste quesito, o game só peca muito por não tocar em nenhum momento a icônica música tema do agente, genialmente composta por Monty Norman. Uma pena. As dublagens estão impecáveis e a qualidade dos efeitos sonoros também é alta.
O mundo não é o bastante
Mesmo com tantas qualidades, é uma pena que o game não tenha sido tão reconhecido como deveria. Isso se deve principalmente pelo título ter sido lançado também para o PlayStation, criando um certo preconceito com o título por não ser exclusivo e criado pela principal parceira da Nintendo na época. Isto é, inclusive, um preconceito que os títulos do agente sofrem até hoje. Tudo bem, GoldenEye é um jogo excelente e certamente o melhor já criado na franquia, mas diversos outros títulos do agente possuem muita qualidade e merecem atenção. Quais são estes títulos? Isso é assunto para futuros Blasts from the Past!
Revisão: Vitor Tibério