Top 10: Jogos mais subestimados de GameCube

em 21/09/2012

A indústria dos videogames é dura. Graças à enorme quantidade de lançamentos anuais, é impossível apreciar devidamente todos os jogos dispon... (por Thomas Schulze em 21/09/2012, via Nintendo Blast)

capaA indústria dos videogames é dura. Graças à enorme quantidade de lançamentos anuais, é impossível apreciar devidamente todos os jogos disponíveis. Seja por recepção fria da crítica, por expectativas altas demais, ou pelo baixo número de vendas, o fato é que alguns jogos azarados acabam não recebendo tanto reconhecimento quanto deveriam. Neste Top 10, eu, Thomas Schulze, e meu parceiro Gabriel Vlatkovic (cujos textos aparecerão como citações) votamos e elegemos os games mais subestimados do GameCube.

10. Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Ocean

102Lançado em 2004, o game criado pela Monolith Software (hoje second party da Nintendo) era uma das promessas para a deficiente biblioteca de RPGs do GameCube. No entanto, boa parte dos fãs do gênero se decepcionou quando o sistema de batalhas, baseado em cartas, foi anunciado, alegando que era esperado um RPG com batalhas por turnos mais tradicionais. Mesmo assim, o resultado foi um game espetacular no qual poucos tiveram a chance (ou vontade) de jogar.


Baten Kaitos não contava apenas com um sistema de batalha muito inteligente como 101também com um enredo dos mais criativos (e ousados) da geração passada. Artisticamente, o jogo era um primor, contando com cenários pré-renderizados extremamente detalhados e encantadores. O sucesso do game foi relativo, já que outros RPGs de qualidade como Tales of Symphonia e Paper Mario: The Thousand Year Door foram lançados no mesmo ano. De qualquer forma, a Nintendo viu o grande potencial da empresa e a comprou, o que foi uma decisão muito acertada quando nos vemos diante de um jogo como Xenoblade Chronicles sendo lançado exclusivamente para o Wii.

9. Freedom Fighters

91Freedom Fighters foi desenvolvido pela IO Interactive que, para montar a base deste jogo, adaptou a engine do igualmente excelente e subestimado Hitman 2: Silent Assassin. O game se passa numa realidade alternativa na qual o exército russo invade Nova Iorque, e cabe a você lutar pela liberdade americana na mais pura ação eletrizante em terceira pessoa. A grande novidade aqui é o medidor de carisma de Christopher Stone, o herói que comanda o movimento de resistência. A cada grande ato de valentia, como capturar uma base inimiga, por exemplo, mais carisma é conquistado. Com bastante carisma, é possível recrutar mais soldados para sua equipe e comandá-los em batalha.

92Com um dos esquemas de controle mais legais e viciantes da geração, Freedom Fighters é um verdadeiro primor técnico. O visual envelheceu muito bem graças à grande direção artística, a trilha sonora de Jesper Kyd é raramente lembrada pelos jogadores, apesar de ter recebido diversos prêmios na época, e o multiplayer garante que o jogador ainda vai poder curtir bastante o game depois de encerrar a incrivelmente gratificante campanha solo. Ir para a guerra poucas vezes foi tão gratificante.

8. Time Splitters 2

601Um dos primeiros FPSs lançados para o GameCube provavelmente também é o seu melhor. Time Splitters 2, jogo multiplataforma publicado pela Eidos Interactive, foi produzido pela Free Radical Design, hoje comprada pela CryTek. O que poucos sabem, é que a empresa era formada por boa parte dos desenvolvedores de GoldenEye 007. Sim, Time Splitters 2 foi desenvolvido por boa parte da equipe de GoldenEye! O feeling do clássico já pode ser sentido logo na primeira fase do game, uma represa na Sibéria.

 

602Entretanto, o jogo não é excelente apenas pelo seu fator nostalgia. Time Splitters 2 possui brilho próprio, seja pela sua história maluca sobre viagens no tempo, seus personagens caricatos ou até mesmo pelo robusto modo multiplayer splitscreen. Com tantas qualidades é muito difícil não pensar no título com carinho. Uma pena, no entanto, que poucos puderam aproveitá-lo, já que foi lançado no início da vida do console e ofuscado por uma boa dose de títulos desenvolvidos pela própria Nintendo.

7. The Lord of the Rings: The Return of the King

701Quem não gosta de Senhor dos Anéis? A épica saga literária do gênio J. R. R. Tolkien serviu de inspiração para uma das maiores trilogias da história do cinema. E como todo filme que gera muito dinheiro, uma adaptação para os videogames era inevitável. O surpreendente aqui é que, ao contrário da maioria das transições da telona para os consoles, os jogos da franquia The Lord of the Rings são excelentes.

Embora tanto The Two Towers como The Return of the King tenham recebido o selo Player’s Choice (já que na época todo mundo com702prava qualquer coisa com a marca da saga), a crítica não se comoveu. Os dois jogos são ótimas aventuras beat ‘em up, mas o destaque vai mesmo para The Return of the King. Com seus gráficos soberbos, trilha sonora magistral tirada diretamente do filme, e um modo cooperativo que faz você e um amigo sentirem-se como verdadeiros integrantes da Sociedade do Anel, este game é facilmente um dos melhores do console, e até hoje o modo mais divertido de explorar a Terra Média.

6. Harvest Moon: A Wonderful Life

HM1Ah, a vida no campo... Quem não gostaria de passar o resto da sua existência curtindo a paz e a serenidade da natureza? Não é de se espantar portanto que a série Harvest Moon seja uma das mais queridas franquias dos videogames e tenha tantos fãs pelo mundo. Só que no meio de dezenas de jogos da série, às vezes acabamos nos esquecendo de apreciar alguns deles. O primeiro Harvest Moon, para Super Nintendo, e sua sequência, para Nintendo 64, são frequentemente lembrados como os melhores e mais inovadores da série, mas A Wonderful Life é tão ou mais relevante e divertido que seus antecessores.

HM2Além de manter todas as qualidades que amamos nos simuladores de fazenda anteriores, o game investe numa âncora emocional fortíssima, fazendo o jogador experimentar as diversas fases da vida humana. Começando como um adolescente cheio de garra e vontade de trabalhar, passando por um adulto em busca do amor, e culminando num idoso que tenta transmitir ensinamentos a seu filho para que este possa gerir a fazenda no futuro, Harvest Moon: A Wonderful Life é um daqueles raros jogos que aquecem o coração até mesmo dos mais duros jogadores. Mais do que um simulador de fazenda, este jogo é um bonito retrato da nossa existência.

5. SSX Tricky

ssx2Geralmente jogos de snowboard não são muito populares. Num console da Big N, qualquer game multiplataforma do gênero é ainda mais ignorado graças à existência da franquia 1080, de propriedade da empresa. Entretanto, a série SSX criou novos paradigmas para o gênero com seu divertidíssimo sistema de especiais (It’s tricky! Tri-tricky!) e seu gameplay descompromissado e, ao mesmo tempo, profundo. Lançado em 2001, sendo um dos primeiros títulos do console, Tricky foi muito bem avaliado em diversos sites especializados, mas mesmo assim foi ignorado pelo publico da Nintendo.

 

ssxO game recebeu duas sequências para o GameCube (SSX 3 e SSX on Tour), e a franquia já havia se estabelecido como referência no gênero, obtendo melhores resultados comerciais. Porém, sinto-me na obrigação de inserir Tricky nesta lista, já que este é o precursor de uma série de grande sucesso e qualidade comprovada que foi ignorado pelos jogadores da Nintendo, seja por seu lançamento em 2001 e a competição com títulos first party de estilos semelhantes como Wave Race: Blue Storm ou pelo simples fato de que games de snowboard não são apreciados por muitos.

4. Metal Gear Solid: The Twin Snakes

MGS1O ano de 1998 foi um dos melhores da história dos videogames, e a disputa por jogo do ano foi realmente acirrada. A maior parte da crítica especializada elegeu The Legend of Zelda: Ocarina of Time como o grande jogo do ano. Mas quem não se deixou seduzir pelo reino mágico de Miyamoto inevitavelmente votou em Metal Gear Solid, para PlayStation, o resgate de outra franquia lendária dos videogames por outro grande mago da indústria, Hideo Kojima.

Por vários anos os nintendistas tiveram que babar à distância, até que a galera gente fina da Konami brindou os donos de GameCube com uma releitura do jogo em 2004, nomeada como MGS2Metal Gear Solid: The Twin Snakes. Com um visual lindo e um grande refinamento do sistema de controles, esta é inquestionavelmente a melhor forma de experimentar a odisseia de Solid Snake. Embora tenha tido um sucesso moderado em vendas e críticas, não foi o suficiente para convencer a Konami a lançar as aventuras seguintes da saga simultaneamente aos consoles da concorrência, e a Nintendo segue até hoje recebendo releituras tardias da série Metal Gear. Isto quando elas são lançadas. Konami, ainda estamos esperando Peace Walker e Sons of Liberty!

3. The Legend of Zelda: Four Swords Adventures

zelda2Recebido pelos fãs com muito preconceito, The Legend of Zelda: Four Swords Adventures pode sim ser considerado um título de peso. Após o lançamento de Wind Waker, e o gigantesco owned recebido pelos céticos quanto ao novo estilo gráfico da série, a Nintendo não se conteve e resolveu trollar mais uma vez seus queridos fãs, lançando um Zelda 2D (hein?), multiplayer (hãn?) e com a necessidade da utilização do Game Boy Advance como controle. Reconheço que a terceira característica não é das mais animadoras, já que forçava cada jogador a possuir um portátil e um cabo de conexão com o console, mas o resto era tão genial que fica difícil não curtir um título como esse.

 

zelda1Dividido por fases (sim, as mudanças não param), o título podia ser jogado tanto em single player, no qual o jogador comandava os quatro Links simultaneamente, ou em multiplayer, o principal aspecto do jogo. Four Swords Adventures abusava de momentos de cooperação entre os jogadores, com puzzles extremamente inovadores e divertidos. Além disso, o game faz referência a outros títulos da franquia, com o retorno de Dark Link, o Dark World e Epona! Uma pena que um título tão genial foi atrapalhado pela obsessão da Nintendo com a conectividade entre o Game Cube e o GameBoy Advance.

2. 007 Everything or Nothing

bond2Quando você pensa em Nintendo e em James Bond, a primeira coisa que deve vir à sua cabeça é Goldeneye 007 para Nintendo 64. E quem pode lhe culpar? O clássico da Rare não é apenas o melhor jogo do agente, mas também um dos melhores já feitos para qualquer sistema. O problema é que isto gera uma pressão enorme sobre todos os jogos protagonizados pelo espião mais famoso do mundo. Inevitavelmente os jogos são comparados à obra prima da Rare, e muitos jogadores acabam desistindo dos jogos sem sequer experimentá-los direito.

bond1É uma pena que muitos tenham feito vista grossa a 007 Everything or Nothing. Embora realmente não supere o jogo da Rare, não seria absurdo dizer que este é o game que mais faz o jogador se sentir dentro de um filme do James Bond. Desde a excelente trilha sonora, com direito a vídeo de abertura no melhor estilo da série cinematográfica, passando pelas invenções mirabolantes do Q, até os momentos de ação de tirar o fôlego, como a inesquecível sequência de tiroteio em queda livre, esta aventura é um prato cheio para os fãs. Quanto tirar sua licença para jogar, não deixe de experimentar também 007 From Russia With Love, que é virtualmente um pacote de expansão de 007 Everything or Nothing.

1. Super Mario Sunshine

bbb2Você deve estar se perguntando porque raios o principal título do maior mascote da Nintendo está no topo desse ranking. A resposta é simples: o game nunca foi apreciado da forma que merecia. Sunshine sempre viveu às sombras de seu antecessor, Super Mario 64, para o Nintendo 64, e isso porque as comparações nunca deixaram de existir. Seja pela sua “falta de variedade” nos ambientes, pela “falta de criatividade” da Nintendo com a utilização do F.L.U.D.D., equipamento muito parecido com o aspirador de fantasmas utilizado em Luigi’s Mansion (curiosamente criados pelo mesmo cientista) ou pela dublagem (sim, a dublagem) dos personagens ter descaracterizado a série.

 

No entanto, Super Mario Sunshine é um título de qualidade tão ímpar que é injusto que tenha sido tão rejeitado. As fases são bastante diversificadas, apesar de o universo ser o mesmo em todas elas. Elas vão desde um hotel mal assombrado até uma estação petrolífera, tudo dentro da temática litorânea da aventura. Outro ponto é que o equipamento utilizado por Mario é extremamente divertido, adicionando diversos elementos à já robusta jogabilidade do título. Quanto à dublagem,bbb3 não é um elemento tão simples, que veio no intuito de aperfeiçoar a experiência, que vai estragar algo tão bem produzido. Além disso, o título marcou o retorno de Yoshi como personagem jogável, algo que os fãs de Super Mario World sentiram muita falta no game lançado para o Nintendo 64.

 

Sendo assim, Sunshine merece a primeira posição por ter sido subestimado e desmerecido o tempo todo, sem que todas as suas infinitas qualidades fossem devidamente reconhecidas pela comunidade nintendista, o que é uma pena, pois o jogo foi um salto imenso em relação a seu antecessor.

Revisão: José Carlos Alves

Colaboração: Gabriel Colon Vlatkovic


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