Espaço: a fronteira final. Essas são as viagens da nave Normandy, prosseguindo em sua missão de explorar novos mundos, procurar novas formas de vida e novas civilizações, para audaciosamente ir onde nenhuma outra franquia de videogames jamais esteve. Com uma leve adaptação, o discurso da série Jornada nas Estrelas situa perfeitamente os jogadores no mundo de Mass Effect. Revelado na E3 2012 como um dos títulos de lançamento do Wii U, pegando a todos de surpresa, o final da saga de ficção científica da BioWare chega finalmente ao universo nintendista! Você já está pronto para embarcar nessa aventura?
Um novo conceito para RPG de ação
Se você esteve congelado em carbonita pelos últimos anos e nunca ouviu falar de Mass Effect, deixe-me ter o prazer de explicar nesta prévia o que fez os jogadores de todo o mundo babarem por esta franquia que é uma das maiores obras de ficção científica dos últimos tempos, e um dos RPGs de ação mais amados da geração: o poder de escolha. Simples assim. Para você ter noção, se juntarmos dois jogadores de Mass Effect, é virtualmente impossível que eles narrem a mesma experiência de jogo. É quase como se eles tivessem jogado aventuras diferentes, protagonizadas pelos mesmos personagens. Vamos a um exemplo prático para que você possa entender melhor. Numa missão você reencontra uma mulher que pode ou não ter tido um envolvimento amoroso com seu personagem, dependendo de suas escolhas nos jogos anteriores (falaremos mais sobre isso adiante). Você pode optar por torná-la membro da tripulação da nave Normandy, pode engatar – novamente - um romance com ela, ou pode deixá-la abandonada em paz num planeta, e terminar a aventura sem sequer ver seu rosto de novo. Agora pense o seguinte: cada jogo da série Mass Effect apresenta dezenas de personagens e situações assim, e obriga o jogador o tempo inteiro a decidir que rumo a história vai tomar. Consegue ter noção da quantidade de variáveis que são abertas com essas dezenas de escolhas diferentes que são tomadas a cada minuto? Eu não! (e se você consegue, encaminhe seu currículo para Harvard!) Então é seguro dizer que ninguém joga Mass Effect exatamente do mesmo jeito que outra pessoa.
A única constante é que ao longo da trilogia o jogador sempre controla o comandante Shepard (que pode ser um homem ou uma mulher dependendo da sua preferência) e parte numa jornada contra uma ameaça alienígena que pode destruir a vida no universo. Uma trama bem padrão, certo? Até seria, não fosse pela complexidade do universo e, principalmente, dos personagens, inclusive o próprio Shepard. Afinal, o protagonista será sempre um espelho do caráter do jogador, já que o tempo inteiro Mass Effect atira sem piedade uma tonelada de questões éticas na sua cara, e apenas observa enquanto você toma suas decisões. O legal aqui é que não há como errar. Afinal, como no mundo real, o campo da moral dificilmente se divide em preto e branco, mas sim em tons de cinza. Então você nunca vai ser punido no jogo por suas escolhas, não há como esbarrar com um game over simplesmente porque você preferiu salvar uma raça a outra da extinção. O que há é um indicador de moral, divido em Paragon e Renegade. Atitudes heroicas como desviar do seu objetivo e entrar numa fábrica em chamas para salvar seus funcionários rende pontos para a barra de Paragon, enquanto a filosofia “atire primeiro e pergunte depois” ou matar alguém para seu próprio benefício vai encher rapidinho sua barra de Renegade. É importante ser honesto e manter escolhas coerentes para o personagem, porque a quantidade de pontos que você possui em cada barra vai ditar as escolhas morais que você poderá tomar no futuro. (nota do redator amigo: já deu pra perceber que Mass Effect é um daqueles jogos que você curte várias vezes para descobrir tudo que poderia ter feito de diferente, não é?)
Tirando o atraso
Tantas escolhas e a importância enorme que elas adquirem acaba gerando um dos maiores méritos e um dos maiores problemas de Mass Effect. O mérito é que todas as escolhas que você faz num jogo são importadas para o seguinte, bastando conservar a sua gravação do final do jogo. Cada pequena decisão é guardada e impacta diretamente o jogo seguinte. Um personagem morreu? Sinto muito, você não o verá de novo. Foi pra cama com um membro da tripulação? Aguente o constrangimento do relacionamento casual pelo resto da vida. O problema aqui deve ser óbvio: como dar aos jogadores de Wii U a chance de importar as decisões de jogos que eles nunca puderam experimentar?
Quando Mass Effect 2 chegou ao PlayStation 3, os sonystas enfrentaram um problema similar ao que os nintendistas enfrentam agora: como fazer para que as escolhas efetuadas no jogo anterior, não disponível para o console, reflitam na aventura atual? E, mais importante: como fazer com que um novato não se sinta deslocado ao entrar numa história já pela metade? A solução, simples e elegante, foi incluir uma história em quadrinhos digital e interativa, na qual o jogador pode acompanhar os eventos passados e decidir o rumo da narrativa. Deu certo na concorrência, agora dará certo no Wii U também. A HQ digital inédita resumirá os eventos de Mass Effect 1 e 2, e em poucos minutos você saberá tanto quanto alguém que realmente terminou esses jogos por inteiro. (nota do redator amigo: se você tiver como jogar as aventuras anteriores em qualquer plataforma ou no PC, faça um favor a você mesmo e jogue, pois são jogos fantásticos!)
De causar inveja no George Lucas
O universo de Mass Effect é riquíssimo e é fácil ficar deslumbrado rapidamente. São muitos planetas para visitar, todos muito diferentes entre si. A variedade do universo é tão grande que faria inveja a Star Wars: há planetas que são basicamente enormes cidades que em nada devem a Coruscant; terras congeladas no melhor estilo da gélida Hoth; grandes campos verdes que remetem a Naboo; há até mesmo missões na nossa boa e velha Terra, quem diria! E já que estamos fazendo comparações no mundo da ficção científica, que tal as dezenas de espécies diferentes que cruzam seu caminho? Algumas você vai amar, outras você vai odiar, outras tantas vai amar odiar, mas o que importa mesmo é que rapidamente todo jogador se sente imerso em Mass Effect e logo se vê genuinamente interessado no desenrolar da história e no desenvolvimento das raças e de seus personagens. Imersão é tudo, e nesse departamento poucos jogos chegam aos pés de Mass Effect.
Com tanta grandiloquência e elementos dignos de um super blockbuster hollywoodiano, não é de se estranhar que várias vozes famosas deem vida aos personagens da saga espacial da BioWare. Martin Sheen, o Tio Ben do novo filme do Homem-Aranha e pai de Charlie Sheen na vida real, dá voz ao Illusive Man, um homem de motivação misteriosa que acaba servindo de antagonista para Shepard neste jogo. Seth Green, o autor de frango robô do Adult Swim no Cartoon Network e filho do Dr. Evil na série Austin Powers, dubla Joker, o bem-humorado piloto da nave Normandy. Yvonne Strahovski, musa do seriado Chuck, personifica Miranda, antiga membro da tripulação que infelizmente acaba só fazendo uma ponta neste terceiro jogo. Até Carrie-Anne Moss, a eterna Trinity de Matrix dá as caras! (nota do redator amigo: se eu fosse listar todos os talentos famosos envolvidos na série provavelmente ocuparia todo o espaço desta prévia, então espero que você tenha sacado que Mass Effect é o paraíso das referências nerds!)
Com direito a polêmica grátis!
A edição para Wii U de Mass Effect 3 ostenta o subtítulo “Special Edition”, e não é para menos. Como você deve imaginar, o gamepad irá alterar drasticamente o esquema de controle e vai tornar tudo mais divertido e imersivo. O controle que já era bom agora deve alcançar a perfeição. Por si só, o novo esquema de controle já seria um belo incentivo para tornar esta a versão definitiva do jogo. Mas como o que está bom sempre pode ficar melhor, já está incluso gratuitamente no disco o DLC “From Ashes”, que em seu lançamento custava dez dólares. Esse pacote de expansão acrescenta uma nova fase, novas roupas, novas armas e um novo personagem para a equipe de Shepard: Javik, o Prothean. Ainda não se sabe se Leviathan, o mais recente (e melhor) DLC vai estar no disco também, ou se vai estar disponível para compra online, mas eu não me surpreenderia se ele acabasse surgindo gratuitamente também.
Obviamente, esta prévia não vai trazer nenhum spoiler sobre o jogo para não estragar a experiência daqueles que estiverem navegando pelo universo de Mass Effect pela primeira vez, mas vamos ser honestos: você provavelmente acabou lendo sobre os milhares de jogadores que lotaram a caixa de e-mails da BioWare reclamando do final do jogo, tão ridicularizado que acabou até virando meme. Numa atitude sem precedentes, os desenvolvedores do jogo ouviram os fãs irritados e lançaram gratuitamente um DLC que expandia o final original e trazia mais detalhes sobre o desfecho da aventura. Então, se você é do tipo que se irrita fácil, vai gostar de saber que o novo final já vem incluso no disco do Wii U, também gratuitamente. (nota do redator amigo: o final de Mass Effect 3 é um dos melhores que vi nos meus vinte e seis anos de videogame. Jogadores mais esquentadinhos confundiram complexidade e licença poética com buracos de roteiro. Se você é fã da boa ficção científica e curte as grandes obras do gênero, pode jogar sem [muito] medo do final, pois ele é muito bom ainda na versão original.)
A fronteira final… de novo.
Você deve estar se perguntando: “com tantas boas opções no mercado, para que comprar logo no lançamento do Wii U um jogo que já está disponível na concorrência há meses?” Neste sentido, o drama de Mass Effect 3 é o mesmo de Batman: Arkham City. Até que ponto é válido revisitar um jogo ou experimentar pela primeira vez algo que já não é mais novidade no universo dos videogames? A resposta, tanto para Batman como para Mass Effect, é uma só: clássicos são eternos. Clichê, mas verdadeiro. E clássicos com toneladas de extras já inclusos no disco e um novo sistema de controle que altera e incrementa drasticamente a experiência de jogo soam aos meus ouvidos como um belo convite para a jogatina.
Eu já zerei Mass Effect 3 e ainda assim estou com mais vontade de jogar essa edição especial do Wii U que alguns de seus lançamentos exclusivos como Pikmin 3 ou New Super Mario Bros. U! Porque é muito raro encontrar jogos grandiosos como Mass Effect 3 por aí. Jogos cuja pretensão só não é maior que suas próprias qualidades. Na minha opinião, Mass Effect 3 é o mais forte título de lançamento do Wii U, potencialmente o melhor desta primeira leva, e obrigatório para qualquer um que se considera fã de videogames. (nota do redator amigo: vida longa e próspera a todos os fãs de ficção científica por aí!)
Mass Effect 3 – Nintendo Wii U
Desenvolvimento: BioWare
Gênero: RPG/Aventura
Lançamento: 18 de novembro de 2012
Expectativa: 5/5
Revisão: Catarine Aurora