Motivo 1: Proteção do mercado interno
Supomos que os consoles não tivessem trava de região e você pudesse comprar seus games onde o preço fosse mais baixo, seja aqui, seja na China. Na prática, isso parece algo excelente, mas se pensarmos a longo prazo, esse ato poderia causar um enfraquecimento ainda maior de mercados menores, impedindo que eles possam crescer com o passar dos anos. Isso sem contar que uma medida assim pode diminuir a arrecadação das publishers - e, como sabemos, menos dinheiro, menos investimentos.
Esse é o caso do Brasil: sabemos bem que o preço dos games por aqui são mais altos que em boa parte do mundo e que nosso país ainda é uma "promessa". Mas, sabemos também que precisamos privilegiar os lançamentos nacionais para que nosso mercado se torne, com o tempo, competitivo perante os demais. Alguns acreditam que comprar games no exterior é tão ruim para o mercado interno quanto adquirir games piratas, já que em ambos os casos estamos deixando de fazer o dinheiro circular por aqui. Quanto mais games forem vendidos, mais empresas virão para cá e mais títulos serão lançados – é mais simples do que parece
Motivo 2: Diferenças nas classificações indicativas
A Nintendo sempre foi conhecida pelo rigoroso controle de conteúdo dos seus games. Quem não se lembra da substituição de termos considerados inadequados nas traduções dos games na década de 90?
Hoje, cada país/continente tem o seu órgão responsável pela classificação indicativa dos seus games. Em alguns países, esse processo é mais rígido do que em outros. Por uma questão cultural, sabemos que povos diferentes lidam de maneira diferente com assuntos parecidos - diálogos picantes são mais tranquilos para japoneses do que para americanos, por exemplo. Para evitar problemas internos ou processos - e para garantir produtos adequados para as faixas etárias corretas de acordo com a cultura de cada local, a Nintendo prefere não incentivar que você compre games em um mercado que não seja o seu.
Motivo 3: Licenças
O mundo mágico das licenças é hoje um grande empecilho para a localização de alguns games. Por exemplo, no Japão determinada marca pode deter os direitos de uma franquia, mas aqui no ocidente os direitos podem estar vinculados a alguma outra empresa. Para evitar possíveis processos, é mais seguro não permitir a comercialização para outros mercados.
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Mas e aí?
Mas você deve estar se perguntando: se as travas de região são importantes assim, porque os games de PlayStation 3 e boa parte dos games de Xbox 360 são region free? A resposta é: estratégia. Nesse sentido, a Microsoft foi além: deixou na mão das produtoras decidirem em cada caso se travam ou não seus games. Talvez essa decisão pudesse também ser adotada pela Nintendo: em casos onde não há problemas com licenças ou conteúdo, as produtoras poderiam comercializar normalmente seus títulos em todo o mundo.
É fato que hoje existem vários esquemas para "burlar" essas determinações. No Wii, softwares permitem que o jogador rodem games de todas as regiões- e deve ser provável que esse tipo de função vá aparecer no Wii U mais cedo ou mais tarde.
De forma resumida, é preciso entender que há motivações por trás dos consoles bloqueados. Não é apenas uma decisão arbitrária criada para prejudicar os consumidores, como muitos dizem.
O que nós, enquanto consumidores órfãos de várias localizações na época do Wii, podemos fazer é torcer para que a Nintendo não deixe de trazer seus principais games do Wii U para cá. Assim, esse tipo de característica nem vai ser tão prejudicial para nós, jogadores. Vamos esperar e, como não podemos fazer nada diferente, confiar.