O estereoscópio
O efeito 3D não é novidade para ninguém. Revistas, filmes no cinema, de uma forma ou outra todos já tivemos contato com alguma mídia que use o efeito. Porém, sempre com a necessidade de óculos especiais em nosso olhos para nosso cérebro produzir as imagens em três dimensões. O que muitos não sabem é que a tecnologia é quase tão antiga quanto a própria fotografia e que elas vieram evoluindo juntas.
O físico britânico Charles Wheatstone, criou, em 1836, um aparelho capaz de criar imagens tridimensionais a partir de fotografias, o estereoscópio. Na realidade, um aparelho simples, com misturas de lentes, espelhos e prismas. Pode-se dizer que foi o primeiro "óculos" criado para gerar imagens com aspecto tridimensional em nosso cérebro. Tratavam-se de duas fotografias posicionadas lado a lado com uma leve mudança entra elas. Uma fazia o papel de olho direito e outra de olho esquerdo, ou seja, cada uma era tirada de acordo com o que enxergaríamos caso a imagem fosse visualizada com apenas um dos olhos. Tente a seguinte experiência: coloque seu dedo indicador na frente do seu rosto, entre você e está tela que está lendo, bem no meio, em direção ao seu nariz. Agora feche um dos olhos e, ainda mirando em direção ao seu dedo, repare na nova imagem que será formada. Se dedo mexeu de lugar? Não. A tela do computador moveu? Claro que não! Então, que bruxaria é essa? Nada de mais. Apenas um efeito bastante conhecido da Óptica, a parallax (que pode ser compreendida observando o GIF abaixo). E estas duas imagens diferentes que você vê, são "arrumadas" pelo nosso cérebro e é por isso que enxergamos o mundo a nossa volta em três dimensões. É basicamente isto que o estereoscópio faz com as fotografias, que, uma vez que são imagens planas, não poderiam gerar imagens em 3D sem o uso do equipamento. Pelo menos, foi assim por alguns anos.
Movendo nossa cabeça, podemos ver os
objetos por trás dos blocos mais à frente.
Os óculos vermelhos e azuis
A tecnologia foi evoluindo e chegamos aos primeiros óculos para ver em 3D em 1915. Aqueles bem conhecidos, com duas lentes coloridas. Uma azul e outra vermelha. Foi um aprimoramento do estereoscópio de Charles. Não tínhamos mais duas imagens independentes deslocadas para cada olho. Mas sim, duas imagens deslocadas sobrepostas, formando uma única figura, porém, como na cor dos óculos, uma imagem vermelha e outra azul, sobrepostas. O que acontece quando colocamos os óculos é bem simples. A lente vermelha filtra as imagens vermelhas, permitindo que as imagens azuis passem para um dos olhos, enquanto que a lente azul faz a mesma coisa, filtrando as imagens azuis para o outro olho. O resultado é que cada olho enxerga uma imagem diferente e temos a impressão de algo tridimensional.
Cada lente filtra as imagens para um dos olhos.
O problema desse tipo de tecnologia é que a imagem final que chega ao nosso cérebro é algo praticamente sem cor, com uma mistura de vermelho e azul. Quem já foi ao cinema ver um filme 3D há uns 10 anos atrás sabe do que estou falando. Porém, hoje temos uma evolução destes óculos com o 3D digital. É fácil notar que os filmes em 3D mais recentes possuem uma qualidade monumental e o melhor, podemos ver em cores! Estamos esbarrando na tecnologia do 3DS.
A tecnologia por trás do 3DS
Agora que já compreendemos como foi evolução da tecnologia 3D, podemos entrar mais a fundo no que tem de tão especial na telinha do 3DS. A criação da tela do 3DS partiu daquela ideia antiga do estereoscópio: duas imagens ligeiramente deslocadas para cada olho, sendo transmitidas quase que ao mesmo tempo, e, o responsável pela magia, digo, física toda é o Parallax Barrier. Repare na imagem abaixo, como temos a impressão de tridimensionalidade quando duas imagens levemente descolocadas são postas para rodar em loop.
Impressão de tridimensionalidade.
Mas se é tão simples, por que apenas foi aplicado em um portátil? Por que os monitores 3D de hoje em dia ainda necessitam de óculos especiais? Simples: para conseguirmos o efeito de profundidade gerado pelo 3DS, precisamos que ele fique a quase que exatos 60 cm de distância dos nossos olhos. Experimente colocar o 3DS mais próximo ou mais distante. Ou desloque um pouco a cabeça para o lado. O efeito 3D é perdido, e a imagem fica distorcida. Em outras palavras, a distância média utilizada por cada jogador para jogar o portátil, torna a tecnologia a candidata perfeita para o console portátil, descartando as grandes telas e monitores que temos hoje em dia. E está ai o segredo de tudo por trás da misteriosa tela do 3DS.
Revisão:
Ricardo Bach