Estamos vivenciando um período de crise da indústria japonesa de games. A tendência de “ocidentalização” dos jogos nipônicos está cada vez mais forte e poucas desenvolvedoras ainda tentam criar experiências tipicamente orientais. Certamente, um dos gêneros mais prejudicados por esta tendência é o de JRPGs, os famosos RPGs japoneses, que têm como maiores expoentes as renomadas séries criadas pela Square e pela Enix (atualmente Square Enix): Final Fantasy e Dragon Quest. Entretanto, tal gênero já teve seu período de glória: os anos 90.
Naquela época, havia uma enxurrada de lançamentos do gênero e todas as plataformas (exceto pelo Nintendo 64, que possuía uma biblioteca fraquíssima de RPGs) possuíam diversas opções para os mais aficionados. Em meio a tantas opções, havia The Sword of Hope II, sequência do game homônimo lançado em 1991 para Game Boy. Lançada em 1992 no Japão e somente quatro anos depois nos EUA, a aventura em primeira pessoa possuía batalhas aleatórias, uma boa variedade de itens e um enredo interessante, mas acabou passando batido perante tantos games lançados no período. No mês passado, o título foi relançado para o Virtual Console do Nintendo 3DS, e com a ainda nascente biblioteca do console, esta pode ser uma boa opção.
Em busca da espada sagrada
A história do game se passa após os eventos do primeiro título, em que o príncipe Theo se viu diante da pior missão de sua vida: derrotar seu pai, o rei Hennessy, que havia se corrompido pelo poder para então restabelecer a paz em seu reino. Como de praxe em games do gênero, a paz durou por pouco tempo e foi abalada pela libertação de um espírito maligno de sua tumba. Para piorar as coisas, a situação de caos que ocorria no reino possibilitou que a Sword of Hope fosse roubada. Assim, o jovem tem a missão de recuperar a espada sagrada e de quebra derrotar Zakdos, o espírito demoníaco que deseja destruir de uma vez por todas o pacato reino de Theo. Claro que para cumprir sua missão, Theo contará com um grupo de aventureiros que, por diversas motivações, se unirão ao príncipe em sua jornada.
Dificuldade gratificante
The Sword of Hope II é um game linear em que o jogador explora os ambientes através de um menu em que seleciona o que deseja fazer (mais ou menos como na série Etrian Odyssey, de Nintendo DS). No caminho, Theo encontra diversos personagens para lhe ajudar em sua aventura, shops para comprar novos equipamentos e suprimentos e, é claro, batalhas por turnos. Nesses momentos, o jogador deve ser extremamente cauteloso, pois as lutas são desafiadoras e demandam a criação de estratégias. Caso a equipe seja derrotada, o jogador é enviado para a primeira sala do game e terá que conseguir chegar novamente onde foi derrotado.
Apesar de parecer frustrante, percorrer todo o caminho novamente é útil, pois o jogador chegará onde foi derrotado muito mais preparado e equipado, causando uma sensação de recompensa que poucos títulos atuais como o magnífico Demon’s Souls (PS3) conseguem. Entretanto, a falta de um mapa durante as partes de exploração torna as coisas um tanto complicadas, já que o mundo do jogo é composto por várias telas que, de vez em quando, são bastante parecidas. Mesmo assim, nota-se o esforço da Kemco, a produtora, em criar cenários distintos em grande parte do game, facilitando a criação de pontos de referência pelo jogador.
Agradável aos olhos e aos ouvidos
Mesmo sendo um título desenvolvido para Game Boy, The Sword of Hope II possui um visual bastante detalhado. Os personagens são carismáticos e criam um clima muito bom para toda a jornada. Aliado a isso, a trilha sonora também é muito agradável e passa uma forte sensação de nostalgia. O RPG é a prova de que não bastam milhões de polígonos e músicas orquestradas para tornar um jogo bonito artisticamente, deve haver estilo, personalidade e, principalmente, um bom conceito.
The Sword of Hope II vem como uma boa opção àqueles que desejam um JRPG de qualidade em seu 3DS. O preço do jogo ainda é bem atrativo (apenas R$ 4,99), e mesmo não sendo um game novo, agradará a todos que estiverem dispostos a encarar uma aventura desafiadora e gratificante.
Revisão: Alex Sandro