Mudança de ares
A primeira mudança de Mario Party 9 apareceu antes mesmo de o jogo ser lançado: a alteração da sua desenvolvedora. Até então, todos os jogos da série haviam sido criados pela Hudson Soft Company, desde o seu início, com Mario Party (N64, 1999), até o seu último game para consoles de mesa, Mario Party 8 (Wii, 2007), além de todas as versões para portáteis.Quem assume a franquia nesse último capítulo da série é a ND Cube, uma subsidiária first party da Nintendo, mais conhecida por ter criado o jogo Wii Party (Wii, 2010). Esse tipo de mudança pode deixar os fãs preocupados com o rumo da série, e outros até ansiosos justamente por uma perspectiva de algo novo em uma franquia estagnada, mas a verdade é que a empresa recebeu diversos membros da antiga equipe da própria Hudson e se manteve no mesmo caminho que a sua antecessora, sem grandes mudanças, portanto.
O roubo das Mini Stars
Como já é tradição da série Mario Party, a história serve tão somente como tema para as criações dos tabuleiros e, ocasionalmente, para que saibamos o que o malvado Bowser aprontou. No modo Story (single player), ficamos sabendo que ele roubou todas as Mini Stars, com a ajuda de uma máquina muito conveniente, que sugou cada uma delas. Portanto, o objetivo de cada tabuleiro é bem simples: coletar o maior número de Mini Stars que se encontram pelo caminho (esqueça das moedinhas de sempre).Para garantir que Mario e sua turma não vão resgatar as estrelinhas, Bowser envia os seus subordinados mais poderosos para impedi-los de ter sucesso na empreitada. Por isso, em cada tabuleiro, os jogadores deverão cooperar para enfrentar dois chefes, que aparecem separadamente. Mas não fique muito amigo dos seus adversários, pois aquele que acertar mais vezes ficará em primeiro lugar, lembrando que quem der o último golpe ganha um bônus de +3. E vale tudo para ganhar, até mesmo atrapalhar aqueles que estão lutando "do mesmo lado" que você - mas você já havia pensado nisso, certo?
Quem não tem tempo, ou paciência, de jogar o modo Story, poderá ir direto ao Minigame Mode, no qual existem várias formas divertidas e diretas de jogar os minigames, como o próprio Free to Play, em que qualquer joguinho já desbloqueado pode ser jogado livremente, inclusive as batalhas contras os chefes.
Oh Capitão! Meu Capitão!
Muitos fãs reclamavam, não sem razão, que os jogos da série eram muito lentos em alguns momentos. A ND Cube mudou a jogabilidade pensando em agilizar as coisas e também em mudar a estratégia do game. Agora, em vez de cada jogador explorar o tabuleiro pelo caminho que bem entender, todos devem embarcar juntos em um veículo, que pode ser, por exemplo, um carro, um tapete voador ou uma máquina com pernas.Aquele que estiver na vez será o capitão, pilotará o veículo e irá coletar todos os espólios, mas também será o único sujeito a qualquer revés que ocorra, como coletar Mini Ztars (estrelas de cor roxa), que servem para diminuir o número de Mini Stars coletadas. Ao fim da jogada, o jogador seguinte será o capitão.
Os dados são mais importantes do que nunca para a estratégia. Coletar os diversos tipos, disponíveis nos espaços do tabuleiro, irão aumentar as chances de vitória. Por exemplo, ao coletar um dado que roda lentamente, você pode utilizá-lo para escolher o número de casas desejadas, deixando o veículo na beira de uma situação complicada, como antes de Mini Ztars ou antes de espaços do Bowser, em que o próximo jogador certamente perderá estrelas.
Uma boa "recauchutada"
A ND Cube não fez grandes mudanças e procurou se ater a melhorar o que já tinha em mãos. Dessa forma, houve uma notável melhoria gráfica. Dê adeus aos serrilhados e fique com visual mais próximo de Super Mario Galaxy 2 (Wii, 2010) e Donkey Kong Country Returns (Wii, 2010).Apesar do visual ter recebido uma incrementada, o mesmo não pode ser dito dos sons. Além de músicas repetitivas (mesmo que nós gostemos delas) ainda temos os barulhos que os personagens produzem, que são os mesmos "woo hoos" de sempre. Mesmo quem adora essas falas iria gostar de ouvir algo diferente para variar.
Minigames
A cada novo jogo da série, esperamos por joguinhos mais divertidos e diferentes, tendo a franquia Mario como temática, contando com o sempre bem-vindo Donkey Kong. Pois por mais que as estratégias a serem seguidas pelos jogadores nas casas do tabuleiro sejam muito interessantes, os fãs de Mario Party querem mesmo é disputar os divertidos minigames, que são o coração da franquia.O game trouxe uma grande quantidade de minigames, um total de 80, que acontecem, praticamente, a cada lançar de dados, quando um jogador cair no espaço que possui um dos joguinhos, mas alguns fãs sentirão falta de sempre ter um minigame esperando na sua vez. Na sua grande maioria, os minigames são do tipo "cada um por si" (free-for-all), mas também existem aqueles em que o capitão deverá enfrentar os demais adversários da partida, que se juntam para derrotá-lo (1-Vs.-Rivals). Há, ainda, uma boa novidade, os minigames contra o Bowser Jr., nos quais será necessário que os adversários se unam para poder vencer o herdeiro de Bowser.
As formas de se usar o Wii Remote não poderiam ser mais simples, permitindo que todos possam participar sem precisar de prévia experiência com games. Nada além do básico, pelo menos. Usa-se o formato tradicional, apontando o Wii Remote para a tela e fazendo gestos; e a forma alternativa, segurando de lado, como se fosse um controle de NES.
Os jogos em si também são bem acessíveis a qualquer participante. Além de serem fáceis, têm uma explicação de como jogar e opção de testar para ver como funciona, antes de jogar para valer. Mas essa função não é novidade na série. Um exemplo de joguinho é apontar para a tela, para mirar com um canhão, de forma a acertar dois balões em distâncias diferentes, quem acertar os dois primeiro vence; também temos uma competição para ver quem sobe mais rápido até o topo, valendo-se de mini-trampolins, no qual perder um pulo pode significar a derrota.
Sorte ou revés
Mario Party 9 traz um sistema que busca equilibrar as coisas entre os jogadores mais habilidosos e aqueles bem mais novatos. Dessa forma, um jogador que vença todos os minigames poderá, ainda assim, perder a partida. Basta cair no local errado, no momento errado. Principalmente nos espaços do Bowser, que aparece para bagunçar com a vida do jogador, tirando, por exemplo, metade das suadas Mini Stars, coletadas com tanta dedicação e estratégia. Mas não precisa jogar o controle longe, faz parte da brincadeira, e na próxima, pode ser você a rir por último.Esse sistema traz outra compensação, que são os bônus ao final de cada partida, cujo intuito é ser um pouco mais justo com os menos afortunados e com os mais habilidosos. Os que acabaram pegando mais Mini Ztars recebem Mini Stars de presente - reparando um pouco da má-sorte -, e os que venceram mais minigames também serão contemplados com Mini Stars - compensando aqueles que foram realmente melhores na jogatina.
Festejando sozinho
Para poder jogar os seis tabuleiros no modo Party e com dois personagens extras (Shy Guy e Kanek), é necessário antes desbloqueá-los nos modo single player. Para um jogo em que o modo principal é o multiplayer, não há motivo plausível para forçar o jogador a "festejar" sozinho primeiro para só depois poder convidar os amigos para participar. Como diria a minha avó: "deixa os meninos brincarem aonde quiserem".Outro diferencial desse novo Mario Party é a linearidade do percurso dentro dos tabuleiros, no qual não existem bifurcações para o jogador ficar dando diversas voltas, indo de uma ponta a outra quase diretamente, para encarar os chefes do tabuleiro respectivo.
A sequência dos seis tabuleiros começa por Toad Road, depois segue: Bob-omb Factory, Boo’s Horror, Castle Blooper Beach, Magma Mine e Bowser Station. Há ainda um sétimo tabuleiro, que faz referência ao Donkey Kong Country, chamado DK’s Jungle Ruins, que pode ser comprado no museum por 500 Party Points, mas não é jogado no modo solo.
E a ausência de um modo online não pode ser justificada com a inocente ideia de que as pessoas devem jogar juntas, no mesmo local, quando a internet já ultrapassou esse tipo de barreira há muito tempo. Hoje em dia, temos amigos exclusivos da internet, que não devem ser menos valorizados. Agora, só no próximo Mario Party, provavelmente no Wii U.
Vai rolar a festa?
Mario Party 9 chegou para melhorar a aparência e tentar mudar apenas um pouco a nossa forma de jogar. Mesmo a estratégia tendo mudado consideravelmente, o ditado que nos ensina a "manter os amigos perto e os inimigos mais perto ainda" nunca teve tanto sentido como agora. Muitos fãs vão reclamar, outros vão lembrar do tempos do GameCube ou Nintendo 64 (cada um tem o seu favorito). Mas a máxima continua a mesma para essa série: jogue com os amigos e faça uma festa ou jogue sozinho e tenha horas de tédio.Prós
- Minigames variados e divertidos;
- Controles fáceis e acessíveis a todo tipo de jogador;
- Visual colorido e melhorado.
Contras
- Ausência de um modo online;
- Som repetitivo e as mesmas falas de sempre dos personagens;
- Modo single player tedioso e necessário para desbloquear minigames.
Mario Party 9 – Nintendo Wii – Nota Final: 7,5
Gráficos: 8,0 | Som: 6,0 | Jogabilidade: 7,0 | Diversão: 8,0
Revisão: Alveni Lisboa
*Essa matéria foi publicada originalmente na Revista Nintendo Blast #30.