Quando se pensa em jogos de luta da década de noventa, muitos se lembram dos clássicos da SNK para arcades e Neo Geo. Títulos como The King of Fighters e Samurai Shodown eram bem populares, e com motivo, os lançamentos da companhia transbordavam qualidade. Devido ao alto custo do console e à seleção limitada de máquinas de arcade, vários jogos interessantes dessa era passaram despercebidos pelos jogadores, sendo um destes The Last Blade, considerado um dos melhores jogos de luta da SNK. Felizmente agora é possível jogar alguns destes títulos através da distribuição virtual.
O fim da era dos samurais
Lançado no final de 1997, The Last Blade é um game de luta de armas brancas, similar à Samurai Shodown. A história se passa na era Bakumatsu, momento em que o Japão terminava sua política de isolamento, abraçando enfim características da cultura ocidental. Samurais não podiam mais carregar suas espadas, tendo que fazer trabalhos sujos como assassinatos para sobreviver, enquanto o ocidente aos poucos mudava todo o Japão. É nesse cenário que o jogador acompanha as aventuras de vários personagens.
A trama é bem trabalhada e revolve sobre quatro deuses cardeais chineses e sua obrigação de proteger o mundo. Suzaku, o fênix flamejante e deus do sul, era originalmente a divindade que protegia a humanidade. Cansado de tanta insolência por parte dos homens, ele reencarna em Kagami Shinnosuke e decide abrir os portais do inferno e destruir o mundo. Por todo o Japão várias pessoas percebem que o selo dos portais está enfraquecido e partem em uma jornada a fim de impedir isso, cada um com um motivo particular.
Confrontos precisos e decisivos
O sistema de luta de The Last Blade é simples, mas exige um pouco de técnica para ser dominado completamente. São utilizados quatro botões: um para ataque fraco, outro para ataque forte, um terceiro para chutes e por fim um dedicado ao movimento de repelir investidas de inimigos. As lutas são rápidas e dinâmicas, com combos e ataques especiais. A característica mais marcante é o fato do jogador poder repelir os ataques inimigos, deixando o oponente completamente vulnerável caso executado corretamente.
Ao selecionar um personagem, o jogador tem a disposição dois estilos de luta diferentes: Speed e Power. No modo Speed o personagem se torna bem mais ágil, sendo possível fazer grandes sequências de ataques ao custo do poder de ataque reduzido. Já no Power o foco são ataques lentos e poderosos, com um especial devastador à disposição. Existem mais diferenças entre os modos, mas eles são equilibrados. Basta escolher o estilo de luta preferido e partir para os combates.
Um belo duelo ao entardecer
Comparações com Samurai Shodown são inevitáveis, mas The Last Blade tem várias características específicas que o torna bem único. O primeiro detalhe é o visual, bem mais sério e detalhado que a outra série de espadas. Os cenários são mais realistas e quando observados com cuidado é possível perceber a transição cultural japonesa sendo retratada. Os personagens apresentam animações fluídas, uma das melhores nos jogos de luta da época. O tom da direção de arte também é mais sombrio, continuando consistente mesmo com certos personagens meio caricatos.
Outra característica marcante é a trilha sonora: ao invés de canções tipicamente japonesas, os combates são embalados por composições de influência europeia, utilizando uma orquestra sintetizada. A música é belíssima e ajuda a compor uma atmosfera nas batalhas que consegue ser tranquila e urgente simultaneamente. Em algumas lutas não existe música, sendo o farfalhar das árvores e os barulhos naturais os únicos sons.
Uma curiosidade: este foi o primeiro jogo em que Daisuke Ishiwatari trabalhou. O desenvolvedor é conhecido pela série Guilty Gear.
Uma lâmina rara
The Last Blade é um excelente jogo. Com uma parte técnica belíssima, personagens memoráveis e um sistema de jogo interessante, o game sempre é lembrado pelos jogadores da época. Felizmente é possível experimentar este clássico através do Virtual Console do Wii por módicos 900 pontos. E vocês, já tiveram a oportunidade de jogá-lo?
Jogabilidade:
Revisão: Jaime Ninice