A conferência da Nintendo na E3 em 2011 foi marcada pelo anúncio do novo console de mesa da empresa: o Wii U, console com gráficos em alta definição com um inovador controle em formato de tablet. Satoru Iwata fez questão de afirmar que, com o console, a empresa não abandonaria os gamers hardcore. Na última semana, a empresa apresentou mais detalhes do Wii U em sua coletiva na E3. O console parece promissor, mas ainda existem detalhes muito vagos. Com Nintendo Land, uma coletânea de minigames que será lançada junto com o videogame, restam dúvidas se o console se voltará para o público hardcore. Será que devemos nos preocupar?
Atraindo um novo público
A filosofia da Nintendo se modificou muito desde o lançamento do Nintendo DS, no já distante ano de 2004. Com o DS, a empresa passou a se empenhar mais em oferecer experiências com jogabilidade inovadora, sem se importar apenas com a evolução gráfica entre as gerações. Tal filosofia se mostrou vencedora e se consolidou com o lançamento do Nintendo Wii em 2006, console com o qual a Nintendo conseguiu retomar a liderança do mercado, perdida para a Sony com seu Playstation. A partir deste momento, a Nintendo conseguiu lucros exagerados, parcerias de sucesso e bater recordes e mais recordes de vendas. Mas um grupo de jogadores não estava satisfeito com os rumos que a indústria vinha tomando: gamers hardcore que buscam experiências mais imersivas e gostam de passar horas e mais horas jogando games mais sérios e que exigem dedicação, sejam single-player ou multiplayer.
O Wii recebeu um imenso apoio de diversas empresas renomadas, como Ubisoft, Capcom e Eletronic Arts, mas todas estas preferiam lançar games simples e focados em partidas rápidas, como coletâneas de minigames e jogos infantis e simples. Não dá para considerar que o console da Nintendo não tenha recebido games hardcore: Super Mario Galaxy, Metroid Prime 3, No More Heroes, Little King Story e The Legend of Zelda: Skyward Sword são apenas alguns exemplos dos excelentes títulos voltados a esse público que o videogame recebeu. Porém também é inegável que a quantidade de títulos casuais lançados para o Wii é muito maior que os games hardcore. A nova estratégia da Nintendo foi tão bem sucedida que tanto a Sony quanto a Microsoft passaram a se dedicar a esse tipo de público, buscando expandir a base instalada de seus consoles através dos jogadores casuais.
Volta às origens
Com o lançamento do Nintendo 3DS no ano passado, foi possível notar mais uma mudança no direcionamento da empresa quanto aos seus clientes. O console parece tentar conciliar o público hardcore ao público casual conquistado com o Nintendo DS e o Wii e a quantidade de títulos de imensa qualidade, sejam estes já lançados ou ainda em produção, é espetacular. É muito fácil notar que a Nintendo está fazendo tudo que pode para mostrar ao seu público que ela continua fiel a seus fãs e que os games hardcore ainda são extremamente importantes para sua estratégia. Sem muito esforço, é possível pensar em vários títulos já lançados voltados ao público hardcore como The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Super Mario 3D Land, StarFox 64 3D, Resident Evil: Revelations, Kid Icarus Uprising e Super Street Fighter IV 3D Edition. Estes são apenas alguns exemplos de um console que foi lançado há apenas um pouco mais de um ano.
A apresentação da empresa na E3 do ano passado revelou que o foco do Nintendo Wii U é conciliar os desejos dos gamers hardcore enquanto mantém cativo o publico casual recém conquistado, mas não havia nenhum exemplo palpável de como a Nintendo planejava ser bem sucedida em seu novo desafio. Com a conferência deste ano já é possível perceber o que a Nintendo deseja com seu novo console: forte interação social, um forte senso de comunidade, experiências inovadoras e imersivas e versatilidade, o que pode ser a característica fundamental do console para que a empresa consiga manter a liderança no setor enquanto agrada a todos os públicos. O console é compatível com todos os controles lançados para o Wii, conta com o Wii U Gamepad e ainda terá a opção de um controle clássico, voltado para experiências mais tradicionais. Aparentemente isto é apenas uma continuidade do que o Wii já fazia, mas é fácil perceber que dessa vez a Nintendo não deseja forçar as desenvolvedoras a adotar suas tendências, ao contrário, está permitindo-as utilizarem o console como bem entenderem, desde que tragam títulos de qualidade que satisfaçam o público do console.
A própria Nintendo se mostrou muito versátil com sua line-up inicial: temos Nintendo Land, mas também temos Pikmin 3. Temos Wii Fit U, e, por outro lado, New Super Mario Bros. U. Mesmo que essa não seja a line-up que todos sonhavam para o console, é inegável o esforço da empresa em conciliar games casuais e hardcore no lançamento do Wii U. Isso sem contar o excelente apoio de empresas third parties que a Nintendo está recebendo. Com a Ubisoft liderando a lista de principais parceiras da empresa com 8 títulos bastante promissores, como o assustador Zombi U e o lindíssimo Rayman Legends, a Nintendo está conseguindo o apoio de empresas muito relevantes, como a Eletronic Arts (Mass Effect 3), Tecmo (Ninja Gaiden 3) e a Warner Bros. Games (Batman: Arkham City Armored Edition).
Futuro incerto, mas promissor
Ainda é cedo para afirmar que o Wii U cumprirá sua difícil missão de reconquistar os gamers hardcore, mas aparentemente a empresa está jogando todas as suas cartas em busca do sucesso. Com a potência de seu novo console, que é um pouco superior à de seus concorrentes atuais, será possível o lançamento dos excelentes games multiplataforma que o Wii não recebia devido às suas limitações tecnicas. Além disso, as empresas poderão se dedicar mais no sentido de criar experiências únicas e imersivas, pois o hardware da Nintendo possibilita que as desenvolvedoras sejam livres para definir como querem lançar seus jogos e que tipo de jogabilidade é ideal para que o game tenha qualidade.
Além disso, a empresa ainda tem diversas cartas na manga: há boatos de que a Retro Studios esteja criando um novo StarFox, Miyamoto está envolvido em diversos projetos que ainda serão anunciados e as franquias consagradas da Nintendo ainda não deram as caras no console, o que nos faz imaginar como serão estes títulos quando eles finalmente forem anunciados. The Legend of Zelda Wii U com um mundo imenso como o de Elder Scrolls: Skyrim? É possível. Um novo Metroid totalmente focado em exploração em que o Wii U Gamepad é o visor de Samus? Também é possível! O Wii U ainda nem nasceu e já promete experiências fantásticas! Isso sem contar com o forte apoio de third parties que o console receberá caso os games iniciais do console façam sucesso. A Ubisoft parece acreditar muito no potencial do console, e o sucesso de seus 8 títulos de lançamento para o console será fundamental para que a nova estratégia da Nintendo se consolide.
Espera difícil
Agora falta pouco! Até o final do ano o console já terá sido lançado e a tendência é de que cada vez mais surjam novas informações animadoras sobre seu lançamento. Mesmo com uma line-up aparentemente morna, é fácil perceber que a Nintendo está fazendo o que pode para conciliar os dois públicos distintos que ela mesma criou com o Nintendo DS e o Wii e dar espaço para que as desenvolvedoras tenham a liberdade de criar o que bem desejarem para o console.
Será que a Nintendo conseguirá resolver o difícil problema que ela mesma criou? A resposta só começará a surgir no final do ano!
E você? Acha que o Wii U será capaz de satisfazer o público hardcore ao contrário do que aconteceu com o Wii? Deixe seu comentário!
Revisão: Thyago Coimbra Cabral