Desde seu lançamento em 2006, o jogo Rhythm Tengoku (GBA) serviu basicamente de incentivo para a produção de games de ritmo. Em 2009, enquanto os japoneses já pareciam estar cansados de Rhythm Heaven (DS), a Alphanut lançou um jogo bem esquisito para o Nintendo DS no mercado japonês. Em diversos minigames, você teria que correr e se esquivar de obstáculos seguindo o ritmo da música. É estranho? Claro, mas com certeza também muito divertido.
Corram para as montanhas
A proposta de Rhythm de Run Run Run é muito simples, você vai participar de diversos jogos envolvendo corrida e desviar dos obstáculos no ritmo da música. A ideia é simples, mas os jogos podem ser extremamente bizarros (no bom sentido, lógico). A primeira missão, por exemplo, envolve um garoto que precisa ir até o banheiro. Seria algo muito simples, se este banheiro não saísse correndo do menino, e ele não precisasse pular sobre latas de lixo, cachorros e senhoras idosas para enfim fazer suas necessidades fisiológicas.
Ainda seguindo esse estilo de humor bem japonês, os minigames envolvem pessoas enfrentando um tufão, uma paródia dos RPGs de consoles 8bits, uma noiva que tenta chegar ao altar sendo atrapalhada por seis cunhadas possessivas, um gordinho tentando andar por um festival japonês sem comer nenhuma guloseima etc. Só pelos exemplos já dá pra ver que o jogo é hilário, em um nível de non-sense maior que o do próprio Rhythm Heaven (DS).
Ao contrário das composições inéditas do game de ritmo da Nintendo, Rhythm de Run Run Run traz músicas clássicas e versões instrumentais de canções japonesas. Confesso que não sou um grande conhecedor de nenhum desses gêneros, então a única melodia que identifiquei foi a Marcha Nupcial do último minigame. Felizmente, não conhecer as músicas não atrapalha em nada, pois de qualquer maneira você logo pega o ritmo.
Rhythm de Run Run Run usa gráficos em 2D bem simples, com personagens caricaturais e animações razoavelmente bem desenvolvidas. Visualmente não há nenhum elemento que impediria o lançamento de uma versão para o Game Boy Advance, por exemplo. Só visualmente, porque em questão de jogabilidade esse game mostra características que só o Nintendo DS consegue proporcionar.
Apertar, bater ou fazer barulho?
Enquanto corre, na frente do seu personagem aparece um obstáculo transparente apontado por setas verdes ou vermelhas. Quando o empecilho aparecer de verdade e for sobreposto pela imagem transparente, o jogador precisa realizar o comando de desvio. Se a seta for verde, o comando é curto, já a vermelha corresponde a um comando longo. O comando de desvio pode ser operado de diversas maneiras, e é aí que entra a variedade que só o Nintendo DS consegue oferecer. Você pode apertar o botão “A” (ou segurar por uns instantes, para o comando longo) e o desvio do obstáculo será feito, ou então usar a tela de toque, pressionando no tempo necessário. A cada esbarrão, você perde um pouco de porcentagem, e se esta chegar a zero você perde a missão. Sua avaliação depende de quanta porcentagem tem ao chegar no fim do trajeto.
A jogabilidade mais inusitada disponível é a que usa o microfone do DS. Para executar os comandos, você também tem a opção de fazer algum barulho ao microfone, seja dando um gritinho, batendo palma ou estalando os dedos. Nos comerciais do game eles até mostravam outras maneiras de produzir ruídos, como apertar o seu gato, bater com uma colher numa xícara ou usar aqueles cones explosivos de confete.
Talvez a opção mais inusitada e criativa seja a de gravação. Clicando no ícone do microfone antes de iniciar uma partida, você pode gravar sua voz ou qualquer outro ruído. Quando começar o minigame, o instrumento principal da melodia será a sua gravação. O vídeo a seguir feito pela equipe que produziu o jogo explica este modo de maneira bem clara:
Como nem tudo que é divertido é também perfeito, a jogabilidade com o microfone não tem a precisão do botão ou da tela de toque, então seu uso é recomendável mais para brincar que para jogar a sério.
Com vinte minigames criativos, três níveis de dificuldade diferentes e muita diversão, Rhythm de Run Run Run é um jogo bem japonês que, infelizmente, não foi trazido para este lado do mundo. Como quase não há texto, o game é bem fácil de compreender mesmo que o seu conhecimento do idioma se resuma a pedir um temaki em algum restaurante japonês. Você já teve a oportunidade de jogá-lo? Compartilhe conosco nos comentários qual foi o minigame que você mais gostou.
Revisão: Bruna Lima