Plug and Blast: Power Glove (NES)

em 17/05/2012

Em algumas semanas ocorrerá, em Los Angeles, a E3 2012 , o maior evento da indústria de computadores e videogames. Um dos grandes baratos da... (por Jardeson Barbosa em 17/05/2012, via Nintendo Blast)

Power GloveEm algumas semanas ocorrerá, em Los Angeles, a E3 2012, o maior evento da indústria de computadores e videogames. Um dos grandes baratos da E3 é que todo ano são apresentadas, além de jogos, diversas novas tecnologias que poderão reger o modo como iremos jogar no futuro. E falando em novas tecnologias e inovações, não é difícil lembrar-se da Nintendo, que desde o Game & Watch sempre foi a pioneira em diversas tecnologias bem sucedidas (e outras nem tão bem sucedidas assim). Hoje conheceremos outra ideia mirabolante, que foi moda no NES: a Power Glove. Será que esse acessório, que tem nome que mais parece ter saído de The Legend of Zelda, funciona de verdade? E o que ele faz? Veremos agora!

O que é (ou deveria ser)?

Power GloveEm poucas palavras, a Power Glove seria uma alternativa ao bom e velho controle de NES, possibilitando a jogatina através dos movimentos da mão, algo que só veríamos funcionar de verdade com o Wii Remote, com a diferença crucial de não (necessariamente) utilizar botões.

Ela foi desenvolvida pela Abrams Gentile Entertainment (AGE) e fabricada pela Matel, nos Estados Unidos, e pela PAX, no Japão. Aparentemente, apesar de ser um produto oficial e licenciado pela Nintendo, não houve nenhuma participação da Big N na produção do acessório.

A primeira tarefa difícil era colocar esse trambolho sobre a TV.A Power Glove vinha acompanhada de três sensores, que deveriam ser colocados sobre a TV e conectados na entrada do controle de NES. Antes de cada jogo é necessário que o jogador insira um código específico através do teclado numérico, localizado no antebraço da luva. Ela ainda possui todos os botões originais do controle de NES, que podem ser usadas caso o jogador canse de fazer movimentos ou simplesmente resolva utilizar botões.

Assim como o R.O.B., a Power Glove foi lançada com apenas dois jogos específicos, mas podia, em tese, ser utilizada com os demais jogos da biblioteca do NES. Outros dois jogos foram anunciados, porém eles nunca foram lançados.

Por que não deu certo?

A Power Glove não funciona. Controlar um simples menu com ela pode ser uma tarefa árdua, jogar algo mais complexo, então, eleva a dificuldade a um patamar tão alto que o esforço não vale a pena.

Polêmica!A quantidade de jogos criados especificamente para o acessório (apenas dois) também pesou na hora do fracasso. Produzido pela Rare, Super Glove Ball (o primeiro deles) era um puzzle, no estilo Breakout, que acompanhava o acessório e trazia em si um conceito de inovação muito grande para a época. Além de ser totalmente controlado pelos movimentos da mão, ele também era um jogo em três dimensões, algo que só se tornaria comum na geração 32 bits. O segundo jogo, Bad Street Brawler da Beam Software, era um beat’em up em side scroller precário, tanto em gráficos, quanto em jogabilidade, que possui golpes de gosto duvidoso, como um em que o personagem controlável atinge os inimigos no rosto com seus peitos musculosos. Nem preciso dizer que os dois jogos não se tornaram populares, não é? A parte mais curiosa sobre esses jogos é que eles funcionavam normalmente com o controle de NES, tornando desnecessário o uso da Power Glove para quem, por ventura, quisesse jogá-los.

Propaganda enganosa?Jogar os demais games de NES era uma tarefa difícil. Era necessário inserir um código específico, como já foi falado, e descobrir sozinho como realizar cada ação do controle tradicional com a mão, já que nenhum outro jogo foi produzido com o acessório em mente.

As campanhas publicitárias da época ainda davam a entender que a luva seria o novo conceito de jogabilidade, e o pior, que funcionava, mostrando jogadores medianos se tornando super jogadores por simplesmente colocarem a luva do poder, o que nem de longe é verdade.

I love the Power Glove… it’s so bad!

Apesar de ter sido um fracasso comercial, vendendo cerca de 100 mil unidades nos Estados Unidos, a Power Glove se tornou um ícone da cultura pop e uma piada constante entre a comunidade gamer.

Like a bossUma das aparições mais lembradas é, sem dúvidas, no filme-propaganda “The Wizard”, feito para divulgar o NES, Super Mario Bros. 3 e claro, a nossa querida luva. No filme, o riquinho Lucas mostra o quanto a luva é poderosa e solta a frase, que virou meme, “I love the Power Glove... it’s so bad!”, passando uma imagem radical para a Power Glove e a ideia de que garotos (ou garotas) descolados jogam com o acessório, enquanto fracassados jogam com o controle tradicional.

 

Freddy Krueger também usou uma dessas luvas no filme “Freddy’s Dead: The Final Nightmare”. No longa, ele usa a luva no lugar do controle, que foi brutalmente desplugado do NES, na tentativa de matar o personagem Spencer... Através de um jogo!

Além disso, ainda existe uma banda com o nome Power Glove e muitas outras referências ao acessório foram feitas, como vídeos, fotos e memes, possivelmente por fãs nostálgicos ou pessoas revoltadas com o mau funcionamento da luva.

Ter uma Power Glove era sinônimo máximo de status, mesmo que só fosse para mostrar para os amigos e depois substituí-la pelo bom e velho controle na hora de jogar.

I looooooove the Power Glove!

A ideia não deixa de ser boa, mas estava muito a frente de seu tempo. Era uma época em que muitas das tecnologias que temos hoje, e que facilitaram bastante o surgimento e sucesso de outros acessórios com a mesma proposta, não existiam. Criar um acessório para substituir o ótimo controle de NES pode, também, não ter sido uma boa ideia, pois soa como criar uma solução para um problema que não existe. A luva ainda deixou uma lição importante para a Nintendo, e para toda indústria, além de poder ter servido de inspiração para a criação dos controles de movimento do Wii, lançado quase 20 anos depois e, esse sim, foi um verdadeiro sucesso.

Revisão: Leandro Freire


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