Quando nos apaixonamos por algo é impossível não ficarmos um pouco cegos. Nossa paixão faz com que a grande maioria dos defeitos possa ser simplesmente ignorada e/ou superada por uma ou outra qualidade. Relacionamentos, trabalho, estudo, todos são exemplos de pontos em nossas vidas que podemos acabar passando por essa questão de repentina “cegueira”. É engraçado como isso também ocorre no mundo dos games, onde passamos a gostar tanto desta ou daquela empresa que passamos a não notar os erros cometidos pela mesma. Isso é tão palpável que muitas delas nem se esforçam mais para serem originais. Que pena.
Este game de novo?
A indústria do entretenimento eletrônico faz, hoje em dia, mais dinheiro do que a indústria cinematográfica. Isso é muito, muito mesmo. Infelizmente, com toda essa grana veio uma certa saturação de ideias. O motivo é de que “está funcionando”, quer dizer, do jeito que a indústria está hoje ela está lucrando como jamais lucrou antes. Para a maioria dos empresários, lançar todo ano aquele game FPS (first person shooter) é o certo a se fazer para deixar seus cofres gordos, mesmo que este gênero já não ofereça mais muitas novidades aos jogadores. Desta forma podemos notar que aos poucos a originalidade no mundo dos games vai diminuindo. Devo ressaltar que uma grande parcela de culpa é dos jogadores. A nossa querida Nintendo é um ótimo exemplo disso. Os seguidores da casa de Mario tendem a sempre clamar por um novo título do encanador ou um novo Zelda e só. Nunca vemos alguém pedindo a criação de uma nova franquia com novos conceitos. Assim fica difícil exigir uma verdadeira novidade.
A esperança tem 99 vidas
É verdade que a Nintendo revolucionou o mundo com seus controles de movimento e seus games casuais, mas isso é passado. Após a surpresa bacana que o Wii nos trouxe, o próprio console se viu em um universo onde a maioria de seus títulos acabava se tornando “normais” em sua biblioteca. Isso ocorreu igualmente nos consoles concorrentes com seus “games de matar” como God Of War e Gears Of War (nomes similares, não?!). Acredito que esta geração já está completa com seus games estabelecidos e que não mais veremos nada original neste momento. Ainda bem que a esperança sempre consegue “continues” infinitos e o anúncio do Wii U deverá trazer bons frutos. Há poucos dias foi anunciado o título Rayman Legends, que traz o herói da Ubisoft em uma aventura similar à de Rayman Origins, mas desta vez, por causa da tecnologia do tablet do futuro console da Nintendo, a originalidade está na forma como jogamos e não unicamente nos gráficos. É sensacional quando vemos no trailer que poderemos usar brinquedos específicos para afetar todo o gameplay, além da possibilidade de um “game social” no maior estilo “joguinhos de facebook”, algo que é extremamente inteligente vide a popularização do minigênero. Talvez o ponto correto não seja apenas trazer novos personagens, mas sim trazer novas formas de interação.
O bom jogador é aquele que não apenas consome, mas também exige. Como somos clientes, devemos ordenar por algo mais além do “mais do mesmo”, pois nunca podemos nos saciar completamente. A cada edição da E3 peço em demasia por Pikmin 3 e novos títulos, novos personagens. De vez em quando até penso comigo mesmo que seria bom se não houvesse um novo Mario ou Zelda neste ano, mas sim um novo F-Zero ou quem sabe um Chibi-Robo. O mais importante é que sempre quero novidades de verdade e não apenas um game com um número 2 ou 3 ou 4 após seu título.
Quero originalidade, e quero muito.
Revisão: Vitor Tibério