Blast from the Past: Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Ocean (GC)

em 03/05/2012

Um mundo de ilhas flutuantes no céu, no qual as pessoas exteriorizam suas almas através de asas. É nesse cenário único que se passa a his... (por Farley Santos em 03/05/2012, via Nintendo Blast)

nintendo_blast_baten_kaitos Um mundo de ilhas flutuantes no céu, no qual as pessoas exteriorizam suas almas através de asas. É nesse cenário único que se passa a história de Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Ocean, RPG exclusivo para GameCube. Lançado no final de 2004, o jogo, que foi desenvolvido pela tri-Crescendo e Monolith Soft, é lembrado pela bela direção de arte e os complicados sistemas de jogo, peculiares para um RPG. Por ser meio desconhecido, o game ganhou o status de cult pelos fãs e até hoje figura como um dos melhores jogos do console. 

Mundo dilacerado e a sede de vingança

nintendo_blast_baten_kaitos_01 Nem sempre as pessoas viveram em ilhas no céu. Muitas eras atrás houve uma guerra entre os deuses e o mundo foi drasticamente alterado. O oceano secou e grandes massas de terra se desprenderam, flutuando até o céu, enquanto um gás tóxico se formou logo abaixo destas ilhas. A humanidade se adaptou facilmente à nova realidade por conta de vários fatores como a mágica e a tecnologia mecânica. E as Wings of the Heart (Asas do Coração), manifestação da alma humana em forma de asas completamente funcionais, tornou a vida nas ilhas flutuantes algo não muito difícil.

O jogador, na forma de um espírito guardião, acompanha Kalas. Este jovem é diferente da maioria das pessoas: ele só tem uma das asas do coração, sendo a asa faltante substituída por uma prótese mecânica. Kalas busca vingança pelo assassinato de sua família e em busca dos responsáveis ele acaba encontrando Xelha, misteriosa garota que está em uma missão secreta. Os dois passam a viajar juntos e descobrem que o império de Alfard, a mais poderosa nação dos céus, está tentando reviver Malpercio, um dos deuses que quase destruiu o mundo. Kalas descobre também que o assassino de sua família é um dos generais deste império. Em suas viagens, a dupla encontra mais aliados e juntos vão tentar impedir a ressurreição do deus maligno.

nintendo_blast_baten_kaitos_02

Uma curiosidade: “Baten Kaitos” vem do árabe “barriga do monstro do mar” (بتن قيتوس) e é também o nome da estrela Zeta Ceti, da constelação Cetus. O nome é bem apropriado e faz referência a vários pontos-chave da trama.

A essência nas cartas

No mundo de Baten Kaitos é possível guardar a essência das coisas em cartas chamadas Magnus e toda a mecânica de jogo é baseada nesse conceito. Equipamentos, comida, itens e feitiços podem ser armazenados em Magnus e podem ser utilizadas em missões paralelas e nos combates. Um ponto interessante é que a essência se altera conforme o tempo passa. Por exemplo, um cacho de bananas recupera a energia dos personagens, mas caso não seja consumido ele apodrece e pode ser utilizado para envenenar inimigos.

nintendo_blast_baten_kaitos_03nintendo_blast_baten_kaitos_04 

Na batalha, as cartas definem as ações feitas pelos personagens. Antes de cada combate é necessário montar um baralho para cada personagem, tomando cuidado em equilibrar a quantidade de cartas de ataque, defesa e suporte por conta do tamanho limitado. A progressão das lutas é em turnos, mas ao invés de um menu para selecionar as ações é mostrada uma pequena seleção de cartas. Use uma espada e o personagem atacará com a espada, por exemplo. É possível fazer combos selecionando cartas similares, finalizando com um ataque especial. Cada carta tem um número e os ataques se tornam mais efetivos caso algumas sequências sejam utilizadas. Alguns exemplos: 1 1 1 1, 1 2 3 4, 2 2 4 4 3 3. É um sistema que é até simples, mas exige dedicação do jogador para dominar as nuances, algo muito necessário já que os combates contra chefes são bem difíceis.

nintendo_blast_baten_kaitos_05 nintendo_blast_baten_kaitos_06

Outra peculiaridade fica por conta da evolução dos personagens. Eles não sobem de nível automaticamente ao adquirir a quantidade necessária de experiência, é necessário ir a uma igreja e oferecer uma prece. Lá também é possível subir de classe, aumentando o tamanho do baralho e a quantidade de cartas disponíveis por turno. E a única maneira de se conseguir dinheiro é tirando fotos dos inimigos durante as batalhas e vendendo-as depois.

nintendo_blast_baten_kaitos_08 nintendo_blast_baten_kaitos_07

Uma suave aquarela

nintendo_blast_baten_kaitos_09 Esse mundo fantástico é acompanhado de uma ótima direção de arte. As localidades têm um ar meio surreal, complementada com belas ilustrações. Cada uma das ilhas é única e a ambientação “terra flutuante” é muito bem explorada. Já os modelos dos personagens e inimigos nas batalhas e cutscenes são medianos, mas os efeitos de luz e animações ajudam a mascarar estes problemas.

nintendo_blast_baten_kaitos_10 A trilha sonora, assinada pelo prolífico Motoi Sakuraba (Golden Sun: Dark Dawn, Tales of the Abyss, Kid Icarus: Uprising), é composta de canções suaves e etéreas, repleta de instrumentos de corda, bem compatível com o tema “civilização nas nuvens”. Até os temas de batalha contam com ambientação parecida, salvo os temas de chefes, por mais que sejam canções bem mais agitadas. Um exemplo claro é The True Mirror, o tema de batalha. Alguns exemplos:

Between the Winds:


Bellflower:


Dust Dancing in the Wind:


The True Mirror:


Vitriolic a Stroke:

Pérola desconhecida

nintendo_blast_baten_kaitos_11 Baten Kaitos foi sucesso de crítica, mas não foi muito bem nas vendas. O principal motivo foi a falta de uma boa divulgação. Nem o fato de ser um dos poucos RPGs exclusivos para o console conseguiu ajudar. Mesmo com sucesso limitado, um novo jogo da série foi lançado para GameCube, melhorando aspectos que foram motivos de reclamação por parte dos jogadores, como por exemplo as complicações do sistema de batalha. Uma versão para DS chegou a ser anunciada, mas nunca foi lançada. Boatos apontavam um novo capítulo para 3DS, mas até o momento nada foi confirmado.

De qualquer maneira, Baten Kaitos é um excelente motivo para tirar a poeira do seu controle de GameCube e aproveitar um RPG único e interessante.

 

Jogabilidade:

Revisão: Leandro Freire


é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.