SoulCalibur, a consagrada série de luta tridimensional com armas brancas da Namco Bandai nasceu no PSX. Ainda chamado SoulEdge, o game possuía um enredo surpreendentemente bem elaborado para jogos do gênero, padrões de produção altíssimos e um gameplay refinado, que prezava pela técnica e habilidade do jogador. Atualmente, a série principal ainda possui as mesmas qualidades de seu primeiro título, e o lançamento de games novos da franquia ainda mobilizam toda a comunidade gamer. Em 2007, a Namco resolveu lançar um spin off da série para o ainda recém nascido Nintendo Wii.
SoulCalibur Legends é um game de ação que tenta contar a história que precede o primeiro game da franquia, ou seja, a descoberta da Soul Edge, espada que move o enredo do jogo. Seria Legends um legítimo AAA ou apenas mais um game caça níquel que tenta se aproveitar de uma base considerável de fãs? Descubra agora em nosso review!
A primeira impressão não é a que fica
Legends começa com uma cena computadorizada (CG) extremamente épica e bem produzida e uma sequência de tutoriais que revelam o funcional gameplay do título. Somada a isso, vem a ideia de que o enredo promete, e muito! Diante de tantas promessas, o que pode dar errado? Sem delongas, eis a resposta: absolutamente tudo!
Com no máximo duas horas de jogo, após atravessar uma série de ambientes genéricos e repetitivos, o jogador nota que o único ponto super produzido do game é de fato a CG inicial. Além disso, o gameplay, que no início parecia espetacular, é na verdade algo maçante e enjoativo, mesmo funcionando muito bem. Por fim, o enredo. Ah! O épico enredo da franquia. O enorme potencial é jogado por água abaixo graças a diálogos mal escritos e sem sentido, e a opção da produtora em utilizar-se de caixas de texto e animações pífias no lugar de cutscenes (que existem, mas em volume e qualidade deploráveis). Em resumo, a execução de “Legends” é tão ruim, que nem a boa primeira impressão deixada pelo game consegue durar por mais de duas horas de jogo.
Gameplay repetitivo
SoulCalibur Legends tem um gameplay bastante agradável nos primeiros momentos de jogatina. A ideia é que o Wiimote seja a arma de um dos sete personagens selecionáveis do game, de forma que o jogador deve movimentar o controle para desferir seus golpes. A mecânica funciona bem, e executar golpes é bastante empolgante e imersivo. O problema, como já dito, é a repetição, já que depois de pouco tempo de jogo, o jogador se vê atravessando os mesmos ambientes genéricos e derrotando inimigos mais genéricos ainda (no game inteiro existem em torno de quatro inimigos, que variam apenas na cor). Dessa forma, o que no inicio era divertido, perde a graça, e jogar “Legends” se torna algo lento e arrastado. Como se não bastasse, o trabalho feito pela Namco com a câmera é muito ruim e desleixado. Em muitos momentos ela deixa o jogador na mão, pois fica presa em paredes e/ou não mostra elementos que deveriam ser vistos.
Os chefes de fase quase chegam a ser um ponto alto do game: cada um necessita de uma estratégia específica para ser derrotado, e o clima das batalhas é épico, mas logo isso vai por água abaixo, pois até eles são reaproveitados e retornam apenas em cores diferentes durante a jornada, não deixando dúvidas que tudo no game foi feito às pressas e sem o menor capricho por parte da Namco.
Produção na média
O visual de “Legends” não é ruim, mas também não pode ser considerado bom. Mesmo para os padrões do Wii, o jogo fica apenas na média. Artisticamente, o jogo não apresenta nada de fantástico, e os cenários são todos repetitivos, sem qualquer brilho ou identidade. Por outro lado, a modelagem dos personagens é decente, seguindo de perto os altos padrões estabelecidos pela série principal da franquia.
Quanto às músicas e à dublagem, não há nada que faça muita diferença: elas possuem certa qualidade, mas não chegam a ser marcantes a ponto de o jogador notá-las no calor (e repetição) das batalhas. É triste ver um nível de produção tão inferior ao da série principal, mas, infelizmente, o game claramente só foi produzido para que a produtora conseguisse dinheiro fácil em cima de uma de suas franquias mais consagradas.
Convidado especial
Um ponto interessante do game (finalmente!), é a homenagem que a produtora resolveu fazer ao cultuado RPG Tales Of Symphonia, lançado para GameCube e que possui até hoje uma base cativa de fãs, dada sua imensa qualidade. O herói do game, Lloyd, é um personagem selecionável para a jornada, o que chama bastante a atenção dos jogadores mais saudosistas e fãs da franquia Tales of. A pergunta que não quer calar é: será que Lloyd se sentiu empolgado ao sair de um título excepcional para fazer uma ponta em uma game tão genérico? Brincadeiras à parte, sua presença no game não é das que mais fazem sentido.
Potencial desperdiçado
Legends poderia ter sido um bom game. A ideia é muito boa, assim como todo o legado da série, que poderia ter sido mais bem explorada em todos os pontos possíveis desta aventura completamente desnecessária. Infelizmente, o resultado final é um game extremamente genérico que a todo momento se mostra algo feito às pressas e sem o menor cuidado ou respeito da Namco pela sua própria franquia. Minha recomendação é: sendo ou não fã de SoulCalibur, passe longe desse game, pois ele não fará nenhuma falta em sua estante.
Prós
- Gameplay funcional
Contras
- Genérico e repetitivo
- Baixos padrões de produção
- Enredo mal aproveitado
SoulCalibur Legends – Nintendo Wii – Nota Final 4,0
Gráficos: 5,0 | Som: 6,0 | Jogabilidade: 3,0 | Diversão: 4,0
Revisão: Vitor Tibério