Um dos elementos mais clássicos dos videogames são os chefes. Geralmente, ao fim de cada fase ou conjunto de fases, esses inimigos são mais fortes que o normal e costumam dar trabalho aos jogadores desavisados. The Legend of Zelda também herda esse elemento e o aprimora, fazendo de cada um deles uma experiência diferenciada no contexto do jogo, seja pelo método inusitado de derrotá-lo ou mesmo pelo seu design e falas marcantes. Aviso: este texto contém informações que podem ser consideradas spoiler.
Já imaginou se no fim daquela dungeon quase impossível só houvesse um item e nada ou ninguém o protegendo? Seria completamente sem graça, não é mesmo? É sobre esse elemento importantíssimo na maioria dos jogos, e principalmente na série The Legend of Zelda, que o Top 10 de hoje tratará. Mas não se esqueça: “It’s a secret to everybody!”.
10. Phantom Ganon (Ocarina of Time)
Uma das batalhas mais surpreendentes e épicas de Ocarina of Time. Os jogadores mais desatentos poderiam até acreditar que era realmente o poderoso Ganondorf quem estava pulando de quadro em quadro e atacando Link.
Phantom Ganon é encontrado ao fim do Forest Temple, um dos melhores e mais complexos templos de Ocarina of Time, e é uma versão fantasmagórica de Ganondorf. Ele surgirá de um dos vários quadros espalhados pela sala e deverá ser atingido por uma flecha de Link, o desafio inicial é descobrir de qual quadro ele virá, o que por si só já garante uma expectativa enorme e uma percepção a mais do jogador. Após ser acertado três vezes, ele sairá dos quadros e passará a sobrevoar a sala onde começará a batalha no melhor esquema “partida de tênis”. O jogador deverá então, rebater suas bolas de energia com a espada ou uma garrafa vazia e, após acertá-lo com seu próprio ataque, desferir golpes de espada nele.
O que torna a batalha contra Phantom Ganon ainda mais especial é o clima sombrio do cenário, a sua semelhança com o próprio Ganondorf e a trilha sonora simplesmente incrível. Quem não morreu de medo ao encontrar com Phantom Ganon pela primeira vez?
9. Goht (Majora’s Mask)
Majora’s Mask é um dos jogos mais sombrios e cultuados da série, e é um dos que possui menos chefes. Porém, o fato de estarem em menor quantidade pode ter dado a chance aos produtores de trabalhem melhor cada um deles, criando cinco inimigos incríveis em cinco batalhas criativas e inesquecíveis. Um destes inimigos marcantes atende pelo nome de Goht e possui uma das mecânicas mais inovadoras e até então inéditas na série.
Encontrado no Snowhead Temple, Goht deverá ser derrotado com a ajuda da Goron Mask. Inicialmente, o jovem Link o encontrará congelado e deverá usar sua flecha de fogo para tirá-lo dessa fria. Após ser descongelado, Goth fará seu movimento no estilo Miltank usando Rollout e a batalha iniciará em uma sala em forma de anel. O esquema de luta contra ele é muito divertido, mas nunca mais voltou a ser usado na série, provavelmente pela dificuldade de se desenvolver uma mecânica tão distinta nos jogos atuais.
Goht foi um dos primeiros inimigos inorgânicos a aparecerem na série e o primeiro chefe desse tipo. Considerado um touro mecânico, seu design lembra bastante uma pinhata, a decoração da sala onde a luta ocorre também expõe essa inspiração no design dele.
8. Aghanim (A Link to the Past)
Quem já lutou contra Phantom Ganon ou Puppet Zelda deve (ou pelo menos deveria) saber que a técnica “Dead Man’s Volley” (ou “partida de tênis”, se você preferir) surgiu com esse cara.
Agahnim é um daqueles caras misteriosos que parecem ser o principal inimigo do jogo, mas acabam não passando de um simples subordinado de Ganondorf. Mas como um personagem assim pode gerar uma batalha tão clássica ao ponto de ele ser considerado um dos melhores chefes de Zelda? Bem, Aghanim não pode ser atingido diretamente por causa de sua magia, o que força Link a se manter apenas na defensiva, rebatendo os ataques mágicos dele com a espada fazendo com que ele seja atingido pela própria magia, muito parecido com uma partida de tênis. Isto por si só é algo completamente inovador para a época e foi tão bem aceito pelos fãs que se tornou padrão para os jogos futuros. Dos jogos posteriores ao A Link to the Past, apenas Majora’s Mask não tem nenhuma batalha no estilo vôlei.
Lutar contra Agahnim não é só sair rebatendo a torto e a direito, ele varia seus ataques mágicos constantemente fazendo com que o jogador tenha que se manter sempre ativo e deixando a batalha mais dinâmica.
Um fato curioso é que Link pode rebater os ataques de Agahnim utilizando sua Rede de Pegar Insetos. O que pode parecer um bug, na verdade foi utilizado pela Nintendo posteriormente em batalhas do mesmo tipo em Ocarina of Time, Wind Waker e Twilight Princess, com a diferença da rede ter sido substituída por uma garrafa vazia.
7. Demon Lord Ghirahim (Skyward Sword)
Quando Ghirahim foi anunciado como principal vilão de Skyward Sword os fãs ficaram divididos. Enquanto muitos aguardavam algo envolvendo Ganondorf, alguns ficaram satisfeitos com o novo vilão e outros já o condenaram por sua aparência um tanto quanto andrógina. O fato é que Ghirahim se mostrou um oponente e tanto para Link em três grandes batalhas, sendo a última delas na Sealed Grounds a mais épica.
Ghirahim já está em sua última forma e o objetivo é derrubá-lo de uma plataforma para outra e então acertá-lo com a espada. Após alguns golpes contra ele a plataforma onde ambos estão cai ao chão e Ghirahim passará a usar sua espada em forma de duelo variando os ataques ao utilizando alguns raios e espadas maiores na tentativa de acabar com a sua vida. Por fim, Link deverá acertar a espada dele com a sua própria espada afim de quebrá-la e poder, enfim, derrotá-lo.
A última luta contra Ghirahim é a melhor de todas por possuir um clima épico e uma sensação de “fim de jogo” ou “missão cumprida”. Diferente de outras lutas em Zelda, a última que Link trava com Ghirahim pode ser considerada longa, mas mesmo assim deixa um gostinho de “quero mais”, por ser diversificada, dinâmica e tudo aquilo e que uma luta contra um grande chefe deve ser.
6. Koloktos (Skyward Sword)
Koloktos é o segundo chefe inorgânico a aparecer no nosso top 10, e o segundo oriundo de Skyward Sword. É quase unanimidade a preferência dos jogadores por ele. Também pudera, Koloktos une ao mesmo tempo um sistema de combate inovador e consistente com uma boa aparência capaz de demonstrar tanto imponência quanto capricho por parte da equipe de desenvolvimento, lembrando bastante as divindades Hindu.
Encontrado na Ancient Cistern e descrito como “arma metálica massiva criada para punir intrusos”, possui um ponto fraco em seu torso e, por isso mesmo, passa grande parte da luta cobrindo essa região com suas mãos. Um dos grandes atrativos da batalha é usar as armas do próprio Koloktos contra ele mesmo e um dos momentos mais tensos é quando Koloktos revela ter pernas e passa a perseguir Link pela sala.
Para derrotá-lo, Link deverá usar o chicote, acertar os braços de Koloktos em determinados pontos e arrancar quatro deles, quando finalmente o ponto vermelho no torso dele poderá ser acertado com golpes de espada.
5. Stallord (Twilight Princess)
Curte beyblade? E fósseis gigantes? Se a resposta for sim pra ambas as perguntas, provavelmente Stallord é um de seus chefes preferidos em Zelda. A luta contra Stallord é, sem dúvidas, um dos momentos mais divertidos em todos os jogos da série, e um dos mais criativos também. Esse esqueleto inanimado é o quarto chefe do jogo, encontrado no Arbiter's Grounds. O fóssil de Stallord é revivido por Zant e fica preso em uma montanha de areia onde aparecerão também alguns zumbis, Staltroops, que o protegerão dos ataques de Link, que deverá atacá-lo com o Spinner, aquele item que parece com uma beyblade. O objetivo de Link é atacar a coluna de Stallord três vezes até que ele caia e morra, numa sequencia frenética e super divertida. Quando tudo parece ter chegado ao fim, Stallord, agora apenas uma caveira, volta a atacar Link que, munido de seu Spinner, deverá tentar atingi-lo mais algumas vezes enquanto pula de parede em parede, finalizando-o com a sua espada.
Apesar de fácil, Stallord é um daqueles chefes gigantes com ação em alta escala e diversão sem precedentes, o que o torna um dos melhores de todos os tempos.
4. Twinrova (Ocarina of Time)
Não há como citar os melhores chefes de Zelda sem citar a bruxa Twinrova, ou melhor dizendo, as irmãs gerudo Kotake e Koume. Essas duas bruxas são encontradas no Spirit Temple e possuem, cada uma, um poder elemental que é o ponto fraco da outra e isso é utilizado por Link durante a batalha. Por mais estranho que isso possa parecer, as duas irmãs são na verdade as mães de aluguel de Ganondorf, ou a mãe, se você considera-las uma só gerudo.
Ao encontrá-las ao fim do Spirit Temple em Ocarina of Time, elas passarão a sobrevoar o cenário atirando bolas de fogo e de gelo e Link deverá absorver a magia de uma e refleti-la na outra utilizando seu Mirror Shield, variando bastante do esquema “Dead Man’s Volley”. Após receberem alguns golpes, elas decidem deixar as coisas mais sérias e mais difíceis para Link se unindo e formando a poderosa Twinrova. Para dificultar as coisas, Link deverá absorver três ataques consecutivos do mesmo elemento para assim poder refleti-lo, qualquer ataque diferente absorvido tornará o trabalho feito até então em vão, o que força o jogador a sempre antecipar o próximo ataque. Para derrotá-las, rebatemos a magia para depois golpear com a espada, algo bem típico da série. Por fim, as duas irmãs acabando morrendo e se separando novamente. Revoltadas com a morte, elas ficam procurando culpados para o acontecimento iniciando uma série de acusações uma com a outra gerando um dos diálogos mais hilários da série.
3. Majora’s Mask (Majora’s Mask)
Majora’s Mask é o primeiro “final boss” a aparecer na nossa lista. Depois de uma sequência chocante onde Link e os quatro gigantes conseguem impedir que a Lua caia sobre Termina, a própria Majora’s Mask se separa de Skull Kid e em um acesso de fúria vai até a Lua na intenção de continuar com o seu plano de destruição. É raro encontrar um jogador que tenha chegado nesse ponto do jogo e não tenha ficado completamente satisfeito e entusiasmado com a batalha que viria a seguir. Depois de encontrar algumas crianças estranhas ao redor de uma árvore e de falar com o garoto usando a Majora’s Mask a batalha se iniciará.
A luta contra a Majora’s Mask é uma das mais incomuns. Apesar de seguir o esquema ‘final boss com n formas’ esta luta parece mais com uma brincadeira, assumindo um tom diferente de outros chefes. A segunda forma, Majora’s Incarnation, por exemplo, até dançará enquanto Link estiver a atacando, algo completamente fora do normal e que a levou a sérias comparações com Michael Jackson, principalmente graças a performance do moonwalker, muito bem executada por sinal. Apenas na última forma, Majora’s Wrath, que Majora’s Mask se torna realmente desafiante, podendo ser um empecilho e tanto para os jovens desafiantes despreparados.
Apesar de não ser tão difícil, a batalha contra a Majora’s Mask pode se tornar mais fácil ainda se o Link estiver usando a Fierce Deity’s Mask, que pode ser obtida na própria Lua. Infelizmente isso tem um preço muito caro, que é o de tornar a batalha completamente sem graça, já que nem sequer será necessária alguma estratégia, tamanha a facilidade.
2. Dark Link (Adventure of Link)
Duvido muito que alguém que tenha jogado Zelda II pela primeira vez, sem conhecimento prévio dos chefes do jogo tenha sequer imaginado uma batalha final desse nível. Por mais que a série já tenha apresentado chefes incríveis até ali, lutar contra você mesmo era algo simplesmente inimaginável.
O que pode ser considerado clichê hoje em dia foi algo espantosamente incrível na época e gerou uma das batalhas mais épicas e mais difíceis de todos os tempos. Dark Link, que mais tarde reapareceria em Ocarina of Time, é na verdade a sombra do herói hyruliano personificada e derrotá-la pode se tornar uma daquelas experiências mais difíceis e incríveis que um jogador pode encarar. Fora a dificuldade insana, normal para o padrão Adventure of Link, e a sensação de “lutar contra você mesmo”, Dark Link definiu uma série de conceitos que futuramente seriam explorados por diversos títulos. É por esses motivos que não há duvidas de que a sombra de Link é bem mais que a sombra de Link, os poucos que chegaram a ela sabem do que eu estou falando. Nunca desferir 8 golpes em um inimigo foi algo tão difícil.
Apesar de chegar até Dark Link em Adventure of Link ser mais do que prova da capacidade do jogador de derrotá-lo, sempre há aqueles que preferem um jogo mais mastigado, pronto pra ser engolido e para isso há um glitch nesse chefe que permite que a batalha se torne bem fácil. Esse glitch é conhecido como “The Left Corner” e consiste em se agachar no canto esquerdo da tela e atacar Dark Link sem que ele se defenda. Apesar de ele poder acertar Link enquanto isso, a batalha fica incrivelmente mais fácil.
1. Ganon (Wind Waker)
Muitos fãs consideram Majora’s Mask o jogo com maior carga emocional da série. Já eu, considero Wind Waker. Se por um lado temos um visual cartunesco e momentos hilários, por outro temos passagens realmente emocionantes e que nos fazem refletir sobre diversos acontecimentos e aspectos da série, principalmente referentes a inundação que deu fim a Hyrule.
Um dos momentos mais emocionantes, sem dúvida, é a batalha final contra Ganon (ou Ganondorf se você preferir). O líder dos Gerudos aparece aqui depois de muito tempo aprisionado e retorna a Hyrule, a terra que ele um dia causara muito mal e que ainda era o seu grande desejo de conquista. Uma sequência de diálogos chocantes, a jovem Tetra desmaiada no chão, um oceano em volta do cenário, simplesmente tudo foi pensado para tornar essa batalha a mais épica de todos os tempos. Fugindo completamente do esquema ‘final boss com mil formas’, a batalha contra Ganon é bem simples e funcional, se resumindo a um duelo, dos mais dignos inclusive. Depois de muito duelarem, Zelda usa sua flecha de luz num dos momentos mais marcantes da série e abre espaço para Link desferir o golpe final, cravando sua espada na cabeça de Ganon e transformando-o em pedra. A partir daí, o clima emocionante só aumenta com a terra de Hyrule, Daphnes Nohansen Hyrule e Ganon finalmente descansando para sempre no fundo do oceano e toda a água caindo sobre eles, fora o diálogo envolvendo o futuro de Link e Zelda, e o adeus a Hyrule. Não tem como não considerar esse momento um dos melhores já feitos em toda a série.
Infelizmente, a batalha final de Wind Waker nem de longe pode ser considerada a mais difícil da série, mas se analisarmos de modo artístico a rapidez e facilidade como tudo ocorre são ofuscadas pela bela cena que certamente deixou marcas.
Revisão: Ricardo Bach