Baseado no filme “As Aventuras de Tintim”, que estreou por aqui no final do mês de janeiro, The Adventures of TinTin: The Game aproveita ideias originais de um enredo clássico e as utiliza em um completo e fascinante game à la Indiana Jones. Prepare-se para uma jornada de aventuras e mistérios em busca de tesouros com seus amigos viajantes, a bordo de uma das melhores adaptações de games baseados em filmes dos últimos tempos!
Uma história e muitas novidades
O Segredo do Unicórnio (Licorne no original), subtítulo pelo qual o jogo se baseia, conta a história de TinTim (como é conhecido no Brasil), um jovem repórter de Bruxelas que após comprar uma bela réplica de um navio, o Licorne, se vê envolto em muitas perseguições e mistérios acerca de sua história. Estas situações o motivam a solucionar e encontrar o tal segredo do tesouro escondido, e que futuramente possa ser usado como uma de suas matérias jornalísticas.
O conto é baseado na famosa história do escritor belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé – uma síntese com as iniciais de seu nome profissional, Remi Georges. Fora escrito numa época de ocupação da Bélgica, em que o autor estava sendo acusado de colaborar com o regime nazista por escrever para um jornal alemão. Assim, portanto, trata-se de uma história mais clássica e politicamente neutra do que de suas passadas críticas ao sistema rígido existente.
Por ter sido produzido na companhia dos diretores do filme, o game segue o roteiro principal, mas também possui muitos extras ao apresentar fatos que se desenrolam com peculiaridades bem distintas ao que é visto nas telas dos cinemas. Alguns momentos, de certa forma, servem para ajudar na progressão de uma aventura interativa, além de trazerem diversão a mais por propiciar um novo modo de contar a trama.
Beleza Incidental
É de se notar que o game, assim como o filme, utiliza sonoridades orquestradas, resgatando as características do longa, e que portanto estas se configuram antes como música incidental do que trilha sonora de games, dando todo aquele climão de filme épico e de descobertas e mistérios.
Aqui o som dá o “tom” da aventura. Alguns aspectos sonoros possuem características de momentos tensos, e outros mantêm um clima aventureiro e imponente, sempre se referindo aos diferentes momentos do jogo. Muitas vezes a predominância de sirenes e alguns sinos remontam à época antiga na qual se passava o desenho, mas sem perder sua originalidade e concordância com o título desta aventura sobre mares e navios. Ainda falando sobre os aspectos técnicos, foi realizado um ótimo trabalho de dublagem, que, aliado às inúmeras CGs, fazem com que o jogador se sinta no telão assistindo a um filme caracterizado por momentos aventureiros, que lembram “Indiana Jones” em junção com a série Professor Layton e seus enigmas.
A beleza gráfica também é um ponto a ser observado. Mesmo não possuindo todos os recursos exuberantes de Motion Capture e de realidade gráfica vistos no cinema, o jogo cumpre bem seu papel ao transmitir de maneira muito satisfatória conteúdos emocionantes e qualitativos de cada ambiente vivo do jogo. Você visitará localidades tais como o Mercado de Pulgas, o Castelo de Moulinsart, a cidade no meio do deserto de Bagghar, entre outros por onde a aventura irá se passar.
“Grumetezinho dos Diabos!”
Uma das adições mais interessantes e bem vindas ao game, pelo menos para nós brasileiros, é a opção de legendas em português do Brasil. As conversas são elementos primordiais na aventura e estão presentes na maior parte dela. Para melhor entendimento – tanto das frases proferidas pelo capitão Haddock nos seus surtos de loucura quanto pelo bate-papo ouvido ao adentrar um local - não tem como não rir de palavras gritantes ao atacar inimigos, como “Bandidos!”, “Brontossauro!”, “Filusteiro!”, ”Pudim Estragado!”, entre outras tantas. Muitas conversas reais entre empregados, e suas confissões antes dos momentos de ação, também estão presentes, e revelam a personalidade dos inúmeros inimigos que você irá enfrentar.
Jogabilidade Impecável
The Adventures of TinTin se destaca pela sua ótima jogabilidade. Construída de maneira bem dinâmica, permite ao jogador realizar todas as manobras mais comuns utilizadas nos games de plataforma e ação, tais como saltos longos que lembram Donkey Kong Country Returns, botões em contexto, coleta e mira de itens, ataques, passagem por localidades estreitas, etc.
Você controlará TinTim na aventura principal, e também seus amigos Milu e Haddock. Em certas partes serão requisitadas as habilidades explorativas de seu fiel cão, além de outras que ficam a cargo do alcoólico Capitão Haddock - quando de seus momentos de surto ao sentir falta da bebida - e que propiciarão lutas com espadas muito agitadas, auxiliadas pelo uso do Motion Plus (opcional ao game).
As cenas de fase do game cumprem bem o papel do estilo 2.5D, que mistura jogabilidade lateral com momentos mais livres de exploração e de batalhas. O jogo se divide em 3 partes, a saber, o modo principal que segue a história do filme; o multiplayer para até dois jogadores, revivendo as viagens loucas por dentro da mente do Capitão Haddock, em que prevalecem disputas pela coleta de moedas e na resolução em conjunto de enigmas; e nos famosos Desafios, onde momentos de luta com espadas, voos em mini aviões e corridas a bordo de um SideCar, vistas na aventura principal, podem ser revividas à parte, com o objetivo de bater recordes e vencer progressivos níveis de dificuldade.
Personagens
Os personagens de The Adventures of TinTin: The Game contam com uma carismática magia, capaz de envolver o jogador por muito tempo. Vejamos alguns aspectos dos mais famosos membros desta emocionante aventura:
TinTim – Por ser um jornalista viajante, está sempre envolvido nas mais variadas histórias e confusões. Tem espírito aventureiro e coragem de sobra para embarcar em perigosas situações e aventuras, sempre ao lado dos seus amigos.
Milu – Cãozinho da raça Fox Terrier, é também o principal amigo e confidente de TinTim. Nos desenhos é tido como a mente racional de toda a história por apresentar sempre os seus pontos de vista e narrações por meio de pensamento.
Capitão Haddock – É visto como um descendente direto do grande cavaleiro real Sir Francis Haddock, pela sua linha cronológica e também por possuir lembranças deste em certos momentos. Vive aprisionado em seu próprio navio até a chegada de TinTim e Milu.
Dupond e Dupont – Dois hilários detetives de Scotland Yard que estão sempre se confundindo e se enrolando com as mais simples situações de investigação. Aparentam serem irmãos, mas guardam entre si uma diferença básica: o contorno de seus bigodes!
Bianca Castafiore – Cantora lírica internacionalmente famosa, adora cantar para o público e é o principal motivo de afastamento do Capitão Haddock, que não suporta sua voz. É capaz de quebrar todos os tipos de vidros que estiverem próximos ao atingir as notas mais agudas, nos momentos ápices dos concertos.
Omar Ben Salaad – O inimigo principal de TinTim. Conhecido por ser um grande colecionador de réplicas e amante da música clássica, em especial do canto operístico, possui um enorme respeito pelas pessoas na cidade, e também um grande palácio na cidade de Bagghar, encontrada no meio de um grande deserto visto no game.
The Adventures of TinTin: The Game abre um espaço ao servir de exemplo para muitos dos jogos que são adaptações de filmes. O jogo baseado na aventura, assim como no passado, com seus quadrinhos, desenhos e filmes, volta com toda a sua personalidade carismática e se mostra instigante e desafiador ao atravessar a barreira dos games de sucesso, tão difícil de alcançar hoje em dia.
Prós
- Enredo muito bem humorado e cativante com capacidade de “prender” o jogador do início ao fim;
- Ótima roupagem visual e sonora;
- Elementos extras muito bem vindos complementam o pacote.
Contras
- A aventura principal poderia durar um pouco mais;
- Pouca variação na estrutura de inimigos e chefões.
The Adventures of TinTin: The Game – Nintendo Wii – Nota Final: 8,0
Gráficos: 8,0 | Som: 9,0 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 8,5
Revisão: Bruna Lima