Após Ocarina of Time (N64), cada novo game da série Zelda trouxe uma mudança visual, alguns itens novos e um enredo diferente. Eram motivos de sobra para comprar o game, mas não chegava perto da sensação de completa novidade que tivemos quando presenciamos Zelda pela primeira vez no NES, quando desbravamos Hyrule em A Link to the Past (SNES) ou quando derrotamos Ganondorf em Ocarina of Time. Após tantos incríveis games, a Nintendo nos apresenta o que promete ser o próximo divisor de águas da renomada franquia que comemora em 2011 seus 25 anos. The Legend of Zelda: Skyward Sword, primeiro Zelda feito exclusivamente para o Wii, será mesmo o melhor de todos?
Uma grande espera
“Zelda Wii”, como os fãs popularmente o chamavam, era um rumor que surgiu logo após as primeiras vendas do Wii em 2006. Não seria uma surpresa, visto que a franquia Zelda sempre ancora nos consoles da Nintendo pelo menos uma vez – com raras exceções - mas foi em 2007, na E3, que Eiji Aonuma deu um dica de que gostaria de ver um Zelda no console, com foco nas lutas com espadas. Já em 2008, Shigeru Miyamoto confirmou o planejamento do próximo Zelda, mas foi apenas em 2009 que “Zelda Wii” receberia sua primeira imagem. A ilustração (vista ao lado) revela um Link realista, com um fundo abstrato (depois descobriríamos a inspiração no impressionismo) e uma personagem estranha… além do fato do herói não carregar sua espada, como normalmente o faz!
Especulações e rumores rondaram a internet a cada mínimo depoimento feito por alguém envolvido na produção de “Zelda Wii”, planejado para ser lançado em 2010. Bem, o último ano da primeira década do segundo milênio não recebeu este esperado game, mas nos presentou com detalhes, vídeos e imagens do que agora era The Legend of Zelda: Skyward Sword! A E3 de 2010 (apesar dos problemas com o Wiimotion Plus de Miyamoto) nos mostrou que o novo Zelda elevaria os controles por movimento do Wii ao limite e nos apresentava um estilo visual que mais parecia a estrutura de Twilight Princess (GC, Wii) com o cel-shading de Wind Waker (GC). Estava florescendo em nossas mentes a expectativa colossal pelo mais novo Zelda!
Talvez você não tenha percebido, mas, desde que foi anunciado oficialmente em 2010 até os dias atuais, o logotipo de Skyward Sword sofreu uma alteração. A nova logomarca trocou os antigos detalhes em dourado (veja ao lado) por um estilo que parece algo antigo, consumido pelas trepadeiras. Além disso, os últimos comerciais do game mostram um logotipo cujas asas se movem antes de congelar na tela, ao invés da usual entrada da espada no meio da logomarca, revelando o nome do game.
Um presente dos céus
Link vivia acima das nuvens, em Skyloft, quando um terrível acidente mudaria sua pacata vida de estudante para um jornada épica para resgatar sua amiga (ou quem sabe mais do que isso) Zelda, o que também envolverá salvar o mundo todo. Para resgatar a donzela (não, Zelda não é uma princesa dessa vez), Link recebe as icónicas roupas verdes de sempre e a Goddess Sword, uma espada que também serve de lar do espírito chamado Fi. Fi, como você deve imaginar, funcionará como Navi em Ocarina of Time… Nós só esperamos que ela (ou ele) seja um pouco menos tagarela!
E quem mantém Zelda em cárcere do início ao fim do jogo? Ganondorf com seus nefastos planos, talvez? Não! O vilão principal da franquia Zelda não terá vez em Skyward Sword, mas, sim, o enigmático Ghirahim. Além de ser um antagonista pra lá de estranho, há quem note uma semelhança com o vilão Vaati (de Minish Cap e Four Swords, para o GBA). Por sinal, você já notou que enquanto uma orelha de Ghirahim é pontuda, a outra é comum? Muitas especulações rondam o enredo e os personagens de Skyward Sword, afinal, como é dito que este é um dos primeiros Zelda da cronologia (100 anos antes de Ocarina of Time) é possível que a origem de Ganondorf, da Master Sword e de muitos outros elementos da franquia sejam revelados.
Ambos tem uma franja de seus cabelos acinzentados cobrindo um de seus olhos. Os dois têm uma longa capa por cima de seus ombros e, além disso, trazem um cinto amarelo com um cristal vermelho. A cor da pele também é bem semelhante. Já conseguiu ligar os pontos? Trata-se de Vaati (Minish Cap) e Ghirahim (Skyward Sword), dois vilões bem visualmente semelhantes. Apesar de haver diferenças, é possível que haja uma relação, visto que as teorias mais bem fundamentadas da cronologia de Zelda apontam Minish Cap (GBA) como gênese das aventuras de Link e Skyward Sword também é um dos primeiros da história de Zelda… E onde entra Ganon ai?
Um pouco mais de ação
Para resgatar Zelda, obviamente que Link não irá bater na porta de Ghirahim pagar milhões de Rupees pela liberdade da amiga, mas, sim, viajar por diversos cenários atrás de algum item colecionável que permita ao herói confrontar o vilão. Bom, talvez não seja exatamente assim. Desde os primeiros depoimentos a cerca de Skyward Sword, ficou bem claro que o novo game quebraria o ciclo comum de progressão dos jogos da série: viaje até uma vila, resolva algum problema local, entre na dungeon, derrote o chefe, volte ao mapa principal e repita a sequência. Não há muitos detalhes de como isso efetivamente funcionará, mas já sabemos que Link viajará até os diversos cenários do game não a cavalo, nem em um barco, mas pelos céus.
Montado em um Loftwing, Link poderá viajar pelos lindos céus de Skyward Sword até chegar ao seu destino. Um detalhe interessante é que a ave de Link é vermelha, uma raridade (talvez existe uma relação entre a Loftwing vermelha e ave vermelha presente nos escudos de Link). Nas dungeons e nos combates, a equipe de produção deu uma boa apimentada no quesito “ação”. Não ache que Zelda virará um Kingdom Hearts, mas dar uma repaginada nas dinâmicas da aventura é uma excelente pedida, visto que as coisas não mudaram muito nos games em 3D da série desde Ocarina of Time. Basicamente, ao invés de apenas defender-se dos inimigos e esperar a hora para saltar para cortá-los ao meio, agora você terá de fatiar os adversários no ângulo certo e no momento certo – isso sem falar em todas as outras variáveis.
Para isso, não deixe de preparar um Wiimote Plus (ou acoplar um Wiimotion Plus ao seu Wiimote comum) para a jogatina – se procura um pouco mais de luxo, use a versão dourada do controle, vendido com algumas cópias do título. Se o inimigo defender-se na horizontal, basta cortá-lo pela vertical e vice-versa, da mesma forma que fizemos no mini-game de espadas de Wii Sports Resort. No entanto, Skyward Sword explorará muito mais essa tecnologia. Há muitos diferentes tipos de inimigos e cada um exigirá um movimento diferente da espada. A promessa é de que a sincronia entre os movimentos do jogador e as ações de Link sejam bem precisas. Uma coisa é certa: enfrentar um Stalfos nunca mais será a mesma coisa.
Mas a “ação” de Skyward Sword não se resume a espada e escudo, mas à experiência de jogo como um todo. Link se move mais rapidamente, seus movimentos são mais versáteis, o que exigiu implementar uma barra de stamina. Escalar paredes, nadar (há algumas manobras bem interessantes para serem feitas debaixo d’água) e correr (nada de ficar rolando a cada segundo), tudo exigirá stamina. Se você extravasar, Link ficará vulnerável até recuperar as forças.
O desenvolvimento de Skyward Sword não foi tão repleto de reviravoltas quanto o de Ocarina of Time (leia a matéria completa sobre O Desenvolvimento de Ocarina of Time), mas contou com uma grande mudança de planos: o game não tinha sido planejado para utilizar o Wiimotion Plus. Sim, a ideia de incluir o acessório ao game só veio depois que Aonuma pode ver sua precisão nos jogos de espada e arco e flecha de Wii Sports Resort. Pra um jogo que parece abusar do Wiimotion Plus, é estranho ver que por pouco o acessório não foi utilizado!
Um jogo novo, mecânicas novas
Skyward Sword possibilitará a nós, jogadores, fazer coisas bem divertidas com o Wiimote Plus. Primeiramente, temos as batalhas com espadas, mas não se esqueça dos novos itens. Vai ser difícil encontrar uma bugiganga deste game que não utilize a precisão do controle. Para se ter uma ideia, o bumerangue (tradicional item da franquia Zelda) não ganhará vida em Skyward Sword justamente por que a equipe não conseguiu adaptá-lo ao Motion Plus. Em seu lugar, teremos o Beetle, uma espécie de besouro controlado pelos movimentos do jogador para acertar inimigos ou conseguir itens. Além dele, outro item novo está confirmado: Whip (a estréia foi em Spirit Tracks, DS). Com este chicote, até mesmo o efeito de um Hookshot estará integrado. Além disso, Link usará uma harpa para tocar músicas, provavelmente funcionará da mesma forma que a Ocarina. Será esta a mesma harpa que Sheik usa em Ocarina of Time?
Outro interessante item é o Gust Bellow, jarro que sopra ar semelhante ao Gust Jar de Minish Cap (GBA). Mas ferramentas clássicas também estarão no pacote. Link poderá lançar bombas como bolas de boliche e atirar com o arco ou o estilingue – tudo com a destreza do Motion Plus. Para organizar tanta bugiganga, um menu circular será acionado ao pressionar o botão B – semelhante ao visto em Twilight Princess. Para selecionar um item, pequenos movimentos com o controle serão necessários. O melhor é que escolher os itens não irá pausar a aventura, assim como beber poções no meio das batalhas. Falando em menus, se você achar que os atalhos na tela estão impedindo que você curta toda a beleza de Skward Sword, é possível retirar suas representações visuais.
Como você deve ter percebido, o estilo gráfico de Skyward Sword é bem original e, acima de tudo, estupendo! O visual deste belíssimo game é inspirado no Impressionismo, o que não só garante uma beleza única, como também impede que o jogo fique cheio de “serrilhados” comuns em games de Wi (Para saber tudo sobre a arte de Skyward Sword, confira a matéria especial na 25ª Edição da Revista Nintendo Blast). Além disso, o game contará com músicas orquestradas! Sabe o tema principal do game (ouvido nos trailers)? Ele é uma versão tocada ao contrário da canção Zelda’s Lullaby!
Surpresas do início ao fim
Segundo os próprios desenvolvedores, Skyward Sword não vai se focar em seu enredo ou nas dungeons, mas, sim, na diversão. Pelos vídeos que constantemente aparecem, dá para notar que há sempre uma novidade. Tanto em mecânicas novas quanto em visuais muito inspirados, Skyward Sword parece seguir o mesmo caminho de Super Mario Galaxy: surpreender do início ao fim. As pessoas (muito sortudas) que jogaram Skyward Sword reiteram: há momentos que não parecem ser de um Zelda. É claro que nem todas as novidades foram divulgadas, mas o que já sabemos é muito inspirador.
Enfrente inimigos contra os quais é preciso cortar suas três cabeças ao mesmo tempo, que rolam violentamente em sua direção ou que só são derrotados se acertados nas costas. Navegue em um pequeno barco, lute em cima de uma corda bamba, equilibre-se em cima de uma bola de pedra ou então viaje em um pequeno carrinho por entre trilhos da mesma forma que fizemos em Donkey Kong Country (SNES). Você ainda pode usar a habilidade Dowsing, presente na espada de Link, que permitirá ao herói rastrear itens escondidos nos cenário. Isso nos leva a perceber que, ao invés de estratificar o jogo entre templos e seus arredores, Skyward Sword tira a nitidez dessa divisão ao misturar elementos de ambos. Tudo isso fazendo uso da precisão do Motion Plus, então prepare-se para suar bastante a camiseta.
Além de dar vida nova aos itens tradicionais, Skyward Sword permitirá que o jogador os customize. Em Skyloft, Link pode falar com o ferreiro da cidade flutuante para que ele dê um upgrade em seus acessórios, sua espada e até mesmo o escudo. Para tal, você terá de procurar por materiais para que o ferreiro os utilize na forja – o mesmo vale para as poções, será possível criá-las e melhorá-las usando ingredientes coletados. Sim, são aspectos de RPG que estão sendo incorporados à fórmula de Zelda. Mas será que a melhoria dos equipamentos será linear ou haverá diferentes escolhas, cada uma com suas vantagens e desvantagens? Um coisa é certa: pense bem no escudo que você levará em cada dungeon, pois ele pode ser destruído!
Novos personagens farão suas primeiras aparições em Skyward Sword, se beneficiando do estilo artístico exagerado. Alguns são meros coadjuvantes, mas outros parecem ser muito importantes na trama. Temos Gaepora, cuja semelhança com a coruja Kaepora Gaebora não parece ser mera coincidência: ele ri como uma coruja. Também conheceremos mais um personagem da enigmática raça Sheikah, cuja semelhança com Impa e Sheik é bem grande. Por último temos Groose, o rival de Link que inveja a relação próxima do herói com Zelda. Que outras figuras este grande game nos esconde?
O que definitivamente faltava no Wii
Donkey Kong recebeu um merecido retorno, Kirby inovou e voltou às suas raízes, Metroid emplacou de vez com novas e híbridas aventuras, Mario viajou por entre galáxias (2 vezes) e juntou mais 3 amigos em sua aventura tradicional… Enfim, quase todas as franquias principais da Nintendo ganharam uma nova vida no Wii. Uma das exceções era Zelda (Twilight Princess e Crossbow Training não contam, o primeiro é um game feito para o GC e o segundo um spin-off)! Para comemorar os 25 anos da série Zelda, tivemos concertos, remakes em 3D, jogos gratuitos no eShop e DSiShop, mas não podia faltar um game totalmente exclusivo para preencher o espaço (literalmente) em branco do Wii!
Novos personagens, puzzles originais, novas raças e espécies e inimigos inéditos farão a festa no Wii no dia 20 de Novembro! Nossa expectativa por The Legend of Zelda: Skyward Sword começou desde que Twilight Princess chegou às lojas e está prestes a tornar-se realidade. Será este o verdadeiro sucessor de Ocarina of Time, ou simplesmente passará a bandeira para o próximo título? Empunhe seu Wiimote Plus dourado e descubra! O jogo mais esperado de 2011 está a alguns dias de chegar às nossas mãos, que já não aguentam mais esperar!
The Legend of Zelda: Skyward Sword (Wii)
Nintendo
Gênero: Aventura/Ação
Lançamento: 20 de Novembro
Expectativa: 5/5