Análise: Kirby’s Return to Dream Land (Wii)

em 05/11/2011

Fãs de Kirby não tem mesmo do que reclamar. No período de praticamente um ano, não apenas um, mas três jogos inéditos, estrelados pela bo... (por Daniel Moisés em 05/11/2011, via Nintendo Blast)

Análise: Kirby’s Return to Dream Land Fãs de Kirby não tem mesmo do que reclamar. No período de praticamente um ano, não apenas um, mas três jogos inéditos, estrelados pela bolota cor de rosa, foram lançados. Isso é mais do que qualquer outro mascote da Nintendo! Em outubro do ano passado, Kirby foi transportado para um mundo de lã que surpreendeu a todos com lindos visuais em Epic Yarn, para o Wii. Em setembro deste mesmo ano, vimos o herói ser multiplicado por 10 e trazer uma jogabilidade inovadora em Mass Attack, para o DS. Agora, depois de muitas mudanças de estilo, Kirby volta para mais uma aventura no Wii em um jogo que finalmente devolve o herói às suas raízes. Kirby’s Return to Dream Land tem tudo aquilo que um jogo tradicional de Kirby deve ter: gráficos pra lá de simpáticos, muita ação do gênero plataforma e, é claro, o herói sugando inimigos para roubar seus poderes. Será que Kirby se deu tão bem com o seu retorno quanto Mario e Donkey Kong? Continue lendo para descobrir!

Kirby não tem folga... mas é feliz do mesmo jeitoO histórico dos jogos de Kirby é algo curioso. Enquanto outras séries como Mario Bros., Zelda e Metroid sofreram grandes modificações visuais com o decorrer da evolução dos consoles, a série dos jogos de Kirby nunca se afastou muito do estilo original, visto pela primeira vez no Game Boy. Isto não quer dizer, entretanto, que a série ficou sempre na mesmice. Pelo contrário, os jogos estrelados pela bolinha rosa geralmente são sinônimos de jogabilidades originais e criativas. Desde o Dream Course, do SNES, com sua mistura de aventura e golfe, passando pelo Tilt ‘n’ Tumble, do Game Boy Color, que foi um dos primeiros jogos da Big N a usar sensor de movimentos, até o Canvas Curse e o já mencionado Mass Attack, ambos para o DS e que fizeram excelente uso da tela touchscreen do portátil. E isso apenas para mencionar alguns. Portanto, quando a HAL Laboratory decidiu levar Kirby de volta para um estilo totalmente tradicional, um grande risco foi tomado. No fim das contas, isso acabou se tornando tanto o ponto forte como o ponto fraco de Kirby’s Return to Dream Land.

Ficou confuso? Vamos a uma explicação mais aprofundada.

Hora de voltar, Kirby!Vou começar dizendo que não há como negar que Return to Dream Land é um excelente jogo do nosso querido herói. Os gráficos são muito agradáveis, os controles são precisos, há um bom conteúdo extra, copiar as habilidades dos inimigos é tão divertido quanto sempre foi e é ótimo poder matar a saudade deste poder de Kirby, que, apesar de ser sua marca registrada, por muito tempo ficou esquecida. O problema é que Kirby nos deixou mal acostumados. Como já foi dito, a série ficou caracterizada por constantemente inovar com estilos diferentes e criativos e, nesse sentido, Return to Dream Land decepciona um pouco já que, fora o fator multiplayer, o jogo traz poucas novidades.

Ah, mas e o multiplayer, não quer dizer nada?

Amigos? Inimigos? No mundo de Kirby, não há diferença...De fato, é injusto dizer que Return to Dream Land não traz nada de novo, porque a possibilidade de até quatro pessoas participarem simultaneamente da aventura é uma excelente adição. Ainda mais porque os outros jogadores podem entrar no jogo a qualquer momento e ainda optar por escolher outros personagens icônicos da série, como o Waddle Dee, o Rei DeDeDe e – o favorito de muitos – Meta Knight (a heroína Adelaine, que participou em Kirby 64: The Crystal Shards, pelo visto foi esquecida). É possível também montar uma equipe apenas de Kirbys, mas é bom aproveitar o modo multiplayer para experimentar com os outros personagens, já que essa é a única forma de usá-los no modo principal. É isso mesmo, se você estava doido pra botar pra quebrar com a espada do Meta Knight, você terá que chamar um amigo para ser o Kirby, pois não há forma do primeiro jogador escolher outro personagem, o que é uma pena.

O pobre Wispy Woods está em uma terrível desvantagemJogar com os amigos certamente aumenta em muito a diversão, mas é algo bem menos caótico e competitivo do que em New Super Mario Bros. Wii. Isto se deve, principalmente, a uma forma inusitada de contagem de vidas. Ao invés de cada jogador ter o seu estoque próprio de vidas, que seria o mais normal e como é em New Super Mario Bros. Wii, todos os jogadores compartilham um único estoque. Quando qualquer jogador morre, o estoque diminui, mas é quando ele chega ao zero que a coisa fica estranha mesmo: a partir deste momento, os personagens controlados por todos os jogadores exceto o primeiro podem morrer infinitamente. O contador de vidas continua no zero, os personagens reaparecem e o jogo continua normalmente. Se o personagem do primeiro jogador morre, entretanto, aí sim é game over e é necessário começar a fase desde o início. A grande desvantagem deste sistema é que, quando o estoque de vidas está no zero, o primeiro jogador pode simplesmente se manter longe do perigo, enquanto os outros fazem o trabalho sujo, sem nada a perder.

4 Kirbys são melhor que 1! Não é um dos momentos dos quais Meta Knight sente mais orgulho...

Um pouco mais de dificuldade, por favor!

Isto nos leva a outro ponto que, infelizmente, também está associado aos jogos tradicionais da série Kirby: a baixa dificuldade. Pelo que descrevi até agora, poder-se-ia argumentar que Return to Dream Land segue a mesma onda “volta às origens” de New Super Mario Bros. e Donkey Kong Country Returns. Ambos os jogos foram grandes sucessos e, portanto, a nova aventura de Kirby teria tudo para ser também. Entretanto, enquanto nos casos de Mario e Donkey Kong o estilo tradicional é acompanhado por desafios cada vez maiores e de fazer sofrer até o jogador mais experiente, em Return to Dream Land a dificuldade é constantemente baixa e isso acaba deixando o jogo um pouco monótono para os mais veteranos.

Kirby limpa o caminho com facilidadeEpic Yarn também é extremamente fácil, mas isso é compensado com seus visuais e mecânicas extremamente criativos e que instigam o jogador a querer ver mais. Já Return to Deam Land, embora tenha um visual bonito, não apresenta nada que não tenha sido visto antes, o que contribui para que o jogo possa acabar se tornar um tanto quanto repetitivo. Com exceção de alguns poderes especiais e chefões, os gráficos não abusam do poder do Wii e poderiam muito bem pertencer a um jogo de GameCube (o que não é estranho, já que este jogo começou a ser desenvolvido na época do cubo).

Voar demais é trapaça!Em defesa de Return to Dream Land, é preciso admitir que ele, pelo menos, não é tão fácil quanto Epic Yarn. Enquanto que na aventura do mundo de lã Kirby era imortal, no seu novo jogo há sim uma barra de energia e contagem de vidas. Não que isso signifique lá muita coisa, já que a bolinha rosa aguenta uma boa surra sem morrer e cair em precipícios é muito difícil quando se sabe voar. Por sinal, a habilidade de voar, como já é típico da série, é um dos fatores que reduzem a dificuldade do jogo, já que muitos obstáculos podem ser evitados simplesmente flutuando-se tranquilamente por cima. Entretanto, os que realmente não admitem que a vida seja assim tão fácil ficarão felizes em saber que há um modo “difícil”, no qual a energia de Kirby é reduzida quase que pela metade. O único problema é que este modo só é desbloqueado depois de terminar o jogo uma vez no modo normal. Uma escolha não muito sábia, já que muitos provavelmente gostariam de encarar logo de cara uma dificuldade um pouco maior e não serão todos que terão paciência de jogar o jogo por uma segunda vez só para isso.

Shurikens e Super Scope

Uma competição de ninjasFelizmente, há outros modos de jogo para divertir o jogador e testar suas habilidades. Nos Challenges, Kirby recebe um poder específico e deve percorrer uma fase, correndo contra o tempo, juntando moedas e derrotando inimigos na tentativa de juntar o maior número de pontos possível. De acordo com a pontuação final, o jogador é premiado com uma medalha de bronze, prata ou ouro. O modo principal de Return to Dream Land pode ser fácil, mas obter todas as medalhas de ouro nos Challenges é satisfatoriamente desafiante e obriga o jogador a dominar ao máximo cada habilidade de Kirby. Há também dois minigames que utilizam o sensor de movimentos do controle do Wii e são bem divertidos. Em Ninja Dojo, deve-se impulsionar o controle para frente a fim de jogar shurikens (estrelas ninja) e tentar acertar o centro de alvos que se movimentam de formas cada vez mais imprevisíveis (perfeito para uma sensação de “feel like a ninja”). Já Scope Shot é um jogo de tiro, com direito ao Kirby portando um Super Scope... isso mesmo, a arma do SNES!

Os Challenges e minigames são disponibilizados ao se juntar certo número de esferas de energia. Cada fase esconde três ou quatro destas esferas e, como de praxe, encontrar todos os itens escondidos nas fases é um desafio extra para aqueles que estejam dispostos a dedicar seu tempo para isso. Para quem arrancou os cabelos encontrando todos os itens de Donkey Kong Country Returns, entretanto, encontrar as esferas em Return to Dream Land é brincadeira de criança.

Há também o modo Arena, que é característico da série e é desbloqueado ao se terminar o jogo uma vez. Nele, o jogador deve enfrentar todos os chefes do jogo consecutivamente. O True Arena oferece um desafio maior ainda, com versões mais fortes dos chefões. A boa notícia é que, na Arena, é possível jogar individualmente e escolher qualquer um dos personagens.

O bom e velho Kirby

Kirby se oferece rapidamente para ajudar desconhecidosQuanto à história, não é de se surpreender que ela seja simples e apenas uma desculpa para colocar os protagonistas em uma jornada por diversos mundos (se estes mundos incluem florestas, cenários aquáticos e desertos?... ora essa, como você adivinhou?). Na introdução, vemos os quatro personagens principais, Kirby, o Rei DeDeDe, Meta Knight e um Waddle Dee de bandana correndo por aí, sem nenhuma preocupação maior do que a de por as mãos em um delicioso bolo. Então, uma gigantesca nave em formato de navio surge no céu e cai não muito longe de onde Kirby e os demais se encontram. Os quatro vão logo investigar e descobrem, dentro da nave, uma criatura alienígena chamada Magolor (que, para surpresa de ninguém, é uma bolinha simpática). Este explica que cinco partes da nave e diversas esferas de energia se soltaram e, convenientemente, se espalharam pelos cinco cantos do planeta Popstar. Como era de se esperar, Kirby e seus três “amigos” logo se prontificam a ajudar a pequena criatura, dando início à aventura.

A super sucção de Kirby não perdoa nem os blocos maioresA jogabilidade, como já foi dito, é extremamente tradicional: deve-se passar por oito mundos, divididos em várias fases e um chefe. Para controlar Kirby, existe apenas a opção do estilo clássico (usando unicamente o Wiimote, virado de lado). Durante as fases, o herói pode usar seu poder de sucção para abocanhar inimigos e depois engoli-los ou atirá-los contra outros oponentes. Alguns inimigos, quando engolidos, dão a Kirby habilidades especiais, cada qual com uma grande variedade de ataques diferentes. Algumas habilidades são clássicas, como a espada (com uma aparência e ataques que são uma clara referência a Link, de The Legend of Zelda) e o martelo. Outras são novas, como o poder da folha e o chicote (que deixam o herói com um excelente visual Indiana Jones). Destaque também para a habilidade Ninja, cuja aparência foi modificada e agora dá a Kirby um protetor de testa... uma clara homenagem a um certo anime protagonizado por ninjas.

Link, é você? Naruto, é você?Dr. Jones, é você?

Infelizmente, a divertida técnica de misturar poderes, usada em Kirby 64, não existe em Return to Dream Land. Entretanto, alguns novos elementos foram introduzidos, como o poder de sucção aumentado (executado ao se sacudir o controle, permite que Kirby sugue objetos bem maiores) e as super habilidades. Estas são versões bem mais poderosas de algumas habilidades específicas como a espada, o fogo e o martelo e que são obtidas através de inimigos especiais. Ao contrário das comuns, as super habilidades tem uso limitado. Não é para menos, pois elas são realmente bem poderosas e causam um bom estrago. Super habilidades são diversão garantida, pois os enormes poderes destrutivos são acompanhados por belos efeitos visuais. O destaque vai para a Ultra Sword, no qual Kirby usa uma espada gigantesca que muda de aparência randomicamente, incluindo um peixe, um leque e até a Galaxia, a espada de Meta Knight.

Cloud Strife, morra de inveja Aveeee Fênix!!!

Chegando ao fim desta análise, espero que tenha sido possível entender por que eu disse que o fato de Return to Dream Land ser tradicional ao extremo é tanto o ponto forte como o ponto fraco do jogo. É ótimo poder controlar Kirby em uma aventura no estilo clássico depois de tanto tempo, mas com poucas inovações e sem grandes desafios, o jogo pode acabar ficando cansativo para jogadores mais experientes. A opção para quatro jogadores, os modos extras e minigames garantem um pouco mais de diversão e variedade e o resultado é um bom jogo, mas tenho certeza que é Epic Yarn que realmente deixará marcada a participação de Kirby no Wii.

Prós

  • Uma aventura de Kirby no seu estilo mais clássico;
  • Possibilidade até para quatro jogadores simultâneos que podem entrar a qualquer momento e escolher entre diferentes personagens;
  • Muitas habilidades divertidas de serem usadas, incluindo clássicas e novas;
  • Bom conteúdo extra, incluindo modos especiais e minigames;

Contras

  • Poucas inovações;
  • Modo principal muito fácil;
  • Não é possível jogar o modo principal individualmente com outro personagem além do Kirby;

Kirby’s Return to Dream Land - Nintendo Wii – Nota Final: 8.0
Gráficos: 8.0 | Som: 7.0 | Jogabilidade: 9.0 | Diversão: 8.0

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