Pessoas, sotaques e gostos diferentes se reuniram no último final de semana no Rio de Janeiro. Toda essa gente, cada um com seu estilo próprio, tinha uma coisa em comum: a paixão pelos games. Esse é o público que esteve presente na Brasil Game Show, a maior feira de games da América Latina. A edição de 2011 teve um público estimado de 50 mil espectadores nos três dias.
Farley Santos, morador da cidade-satélite do Gama (DF), saiu da capital do país especificamente para ver a feira. “Eu nunca tinha participado de uma feira de games antes. Decidi ir para ver de perto como é esse tipo de evento no Brasil”. Farley afirmou ter ficado animado com os títulos inéditos que estavam jogáveis na feira, como Street Fighter x Tekken, Batman Arkham City, Just Dance 3, etc. “Pena que algumas palestras foram fechadas para a imprensa. Seria bom se, no próximo ano, todos pudessem ver os produtores dos jogos”, disse. O brasiliense só lamentou uma grande ausência: “A Nintendo, que é a minha preferida”.
Nintendo, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!
Preferida da maioria, diga-se de passagem. Nos três dias de evento o que mais se viu eram fãs com bonés do Mario ou Luigi, gorros do Link, chapéus do Kirby, Gomba, entre vários outros personagens da Nintendo. É incrível a popularidade da Big N em terras tupiniquins. Basta lembrarmos do momento em que as trilhas de Mario Bros. e The Legend of Zelda foram executadas pela Orquestra Sinfônica Villa-Lobos durante o Game Music Brasil: êxtase total do público.
Infelizmente, a Nintendo somente foi representada no estande da NC Games. Apenas dois Wiis (um com Golden Eye 007 e outro com Ben 10: Galactic Racing) e cinco 3DS. O portátil, inclusive, ficou lotado o tempo todo. Quem passou por lá, jogou Resident Evil: The Mercenaries, The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, Frogger, e outros títulos já lançados.
Yoshi verde, azul ou vermelho?
Um momento de ápice do evento foi a entrevista de Yoshinori Ono, o produtor de Street Fighter x Tekken. Com muita simpatia, o japonês conquistou a imprensa e o público. Ono, que carrega consigo o personagem brasileiro Blanka para todo canto, afirmou ter adorado o povo brasileiro, especialmente as “beautifull ladys”. Após 18 partidas invictas no meu Street Pass do Super Street Fighter 4, eu perdi para ele. Perdi não, tomei uma lavada: 4x1. Tá, mas o cara é produtor do jogo, quem sou eu para desafiá-lo, né?
Yoshinori ainda distribuiu sorrisos e posters autografados de Street Fighter x Tekken para os fãs pacientes que aguardaram horas na fila.
PS3 de bolso
Porém, quem dominou a BGS foi a Sony. Sim, amigos nintendistas, a nossa maior rival foi o centro das atenções na feira. A empresa não tinha o maior estande, mas foi o que mais concentrou gamers. Em todos os dias da feira, conseguir um espacinho para se testar os jogos era tarefa difícil. O público pôde testar o aguardadíssimo Uncharted 3: Drake's Deception – que teve até uma área exclusiva dedicada –, jogos do PS Move, Ico and Shadow of the Colossus Collection, inFAMOUS 2 e o tão comentado PlayStation Vita.
Inicialmente, a Sony divulgou que apenas um único jogador (sortudo) brasileiro – além da imprensa, é claro – poderia testar o pequeno notável. Mas, percebendo a injustiça que cometeria, a empresa abriu o teste ao público. No domingo, todos que quiseram tiveram a chance de experimentar o portátil (que nem é tão portátil assim) da Sony, ainda que por apenas 2 minutos rigorosamente cronometrados.
Quer saber o que nós achamos do PS Vita? Clique aqui e veja a opinião da nossa equipe. O que posso dizer é que ele realmente cumpre o que foi prometido: um touch screen frontal e um touch pad traseiro, dois analógicos e gráficos belíssimos, muito próximos aos do PS3.
A era dos movimentos já acabou
A Microsoft também marcou presença na BGS 2011. Exceto o aclamado Gears of Wars 3, cujo multiplayer estava disponível para os jogadores, todos os games faziam uso do Kinect. Games que ainda não foram lançados marcaram presença no estande do Xbox 360: Dance Central 2, Kinect Sports Season Two, Forza Motorsport 4. Nenhum deles conseguiu realmente empolgar ou prender a atenção da maioria dos jogadores. Parece que jogar com movimentos já não é mais tão divertido quanto antes.
Testei a jogabilidade de Forza 4 com Kinect e posso dizer que é bem ruim. Não que ela não funcione, pelo contrário. Mas é que não tem graça: tudo se resume a virar o braço de um lado para o outro como se fosse um volante. Não é preciso acelerar nem freiar, o game faz tudo automaticamente. Dois carros de corrida (de verdade!) completavam a decoração do estande.
O retorno do Homem-Morcego
Outro grande destaque da feira foi o espaço da Eletronic Arts (EA) e Warner. Os participantes puderam jogar o ainda não lançado Batman Arkham City. Quem jogou o outro game do homem-morcego sabe o quanto ele era bom. Arkham City parece ter melhorado ainda mais. Batman agora tem novos movimentos especiais e realiza uma série acrobacias inéditas. Pelo que estava disponível na demo, o homem-morcego interage com cenários de uma forma mais realista, além de poder usar diversos apetrechos durante as batalhas.
Battlefield 3 também estava presente e chamou atenção. São nessas horas que eu queria ter um Wii U rodando na capacidade máxima. Os gráficos são de deixar qualquer um de queixo caído. A versão disponível era a de PC, que é superior em termos visuais ao PS3 e Xbox 360. A jogabilidade flui bem e os mapas são amplos e exigem trabalho em equipe. Se você é igual ao Rambo, que enfrenta sozinho um exercíto inteiro, deve repensar suas atitudes antes de jogar BF3. Com certeza, um jogo indispensável para quem é amante dos shooters.
Bola na rede e rebolado na cintura
Amantes do futebol também tiveram muita diversão: FIFA 12 e PES 2012 estavam disponíveis para se jogar. Nem é preciso mencionar o tamanho das filas para se disputar aquela partidinha, não é mesmo?
Just Dance 3 também fez a festa dos dançarinos de plantão. Localizado bem no centro da feira, no estande da NC Games, não ficou vazio nenhum minuto. Todo o tempo tinha gente sacudindo o corpo ao som das novas canções do game que, pela primeira vez, usa o Kinect.
Considerações finais
Do ponto de vista da organização a feira teve seus pequenos probleminhas. Quem entrava com ingresso não podia sair para almoçar ou lanchar. Faltam espaços para os gamers relaxarem – a maioria era obrigado a se sentar no chão. As conferências e palestras foram fechadas ao público, o que é decepcionante para gamers que vieram de outros estados. Alguns estandes, como o da Sony, ficaram muito apertados para tamanha procura. Vamos ver se a feira do ano que vem, que será realizada em São Paulo, terá um espaço maior.
Contudo, nenhuma dessas pequenas falhas tirou o brilho da principal feira de games brasileira. Poderiam ter tido mais jogos inéditos, é verdade, mas os que deram as caras cumpriram bem o seu papel. É uma pena que a Nintendo não tenha dado as caras por lá. Quem sabe ano que vem nós consigamos jogar o Wii U em primeira mão? Não custa nada sonhar. Vem, Nintendo, só falta você para abrilhantar ainda mais a Brasil Game Show.
Revisão: Alberto Canen